Bolsa e dólar sobem em dia de volatilidade e cautela

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São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 1,64%, aos 74.639,48 pontos, acompanhando as Bolsas norte-americanas e com investidores avaliando como positivas as medidas de estímulos já anunciadas para combater a pandemia de coronavírus. As ações tomadas por governos e bancos centrais seguem trazendo algum alívio, o que faz com que mercados busquem um equilíbrio, apesar da extensão de diretrizes de isolamento social nos Estados Unidos e em diversos países. O volume total negociado foi de R$ 19,8 bilhões.

“Os estímulos e medidas parece que estão aliviando a pressão de venda. A volatilidade vem caindo e isso é um bom sinal, apesar de o problema [a pandemia] continuar”, disse o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila.

Na semana passada, os Estados Unidos aprovaram o pacote de US$ 2 trilhões de ajuda à economia. Já neste fim de semana, o presidente norte-americano Donald Trump adiou para até pelo menos 30 de abril as diretrizes de isolamento social no País, voltando atrás no seu discurso anterior de que a quarentena deveria acabar na Páscoa.

Hoje, Trump ainda reiterou que sem o isolamento o número de mortos nos Estados Unidos poderia chegar da 2,2 milhões de pessoas.  O país já possui 143 mil casos confirmado de Covid-19 no país. Entre eles, 59,7 mil estão em Nova York. As mortes já somam 2.513, segundo informações da Johns Hopkins.

“Tivemos um movimento de pressão vendedora muito forte e que deu uma diminuída, quem estava muito alavancado saiu um pouco do cenário de risco e alguns papéis que ficaram muito sensíveis começam a se recuperar, disse ainda o CEO da Veedha Investimentos, Rodrigo Tonon. Analistas também ressaltaram uma redução no volume de negócios no pregão de hoje.

Entre as ações, alguns papéis se recuperaram, caso da Vale (VALE3 4,16%), que tem avançado na esteira da melhora da situação da pandemia na China, a principal consumidora de minério de ferro. Por outro lado, as ações da Petrobras (PETR3 2,83%; PETR4 0.82%), mostraram volatilidade hoje em função das perdas dos preços do petróleo, com o WTI chegando a cair abaixo dos US$ 20,00.

As maiores altas do Ibovespa foram das ações da Eletrobras (ELET3 11,48%; ELET6 6.40%), que divulgou o seu balanço do quarto trimestre de 2019, e do Magazine Luiza (MGLU3 6,89%). Na contramão, as maiores perdas foram da Localiza (RENT3 -8,26%), da Smiles (SMLS3 -6,75%) e da Cogna (COGN3 -4,88%).

Amanhã, além de continuar a acompanhar o noticiário em torno do coronavírus, investidores devem monitorar a agenda de indicadores, entre eles os índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade dos setores industrial e de serviços de março da China.

O dólar comercial fechou em alta de 1,52% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1810 para venda, na segunda maior cotação da história – o fechamento recorde é de 18 de março, a R$ 5,2010 – em meio à aversão ao risco que prevaleceu  no mercado global após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estender o distanciamento social no país até 30 de abril.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que o recuo nos preços do barril de petróleo aos menores níveis em 18 anos reforçou a busca por proteção no dólar. Ele acrescenta que o fluxo de saída de investidores estrangeiros do país também corroborou para a alta da moeda.

“O Banco Central entrou com leilão à vista na parte da manhã, com efeito pontual, e à tarde, o dólar voltou a acompanhar o exterior e bateu máximas consecutivas”, comenta. A moeda chegou às máximas de 5,1840 (+1,58%) perto do fim da sessão.

Amanhã, tem o último pregão do mês e tradicionalmente, a guerra pela formação da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês, o que deverá resultar em forte volatilidade na primeira parte dos negócios. Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, a moeda pode arrefecer pela manhã, mas ainda com viés de alta.

Em um mês marcado pelo avanço do coronavírus na Europa e nos Estados Unidos, a tensão do mercado também cresceu em meio à perspectiva de recessão global.  A equipe econômica do banco Fator ressalta que a taxa de câmbio “mudou novamente” de patamar, rompendo o nível de R$ 5,00.

“Trata-se de fenômeno global, ou seja, não há o que o BC possa fazer além de tentar reduzir a volatilidade com que o dólar se comporta. As moedas conversíveis dançam em torno da divisa norte-americana, desvalorizando as demais”, comentam os analistas.

Eles acrescentam que a autoridade monetária daqui acompanha a atuação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no mercado global via operações de swaps de liquidez em dólares. “A reação do Fed foi rápida e dentro do possível: brutal aumento na oferta de liquidez, com empréstimos diretos a empresas não financeiras”, ressaltam.