São paulo – O Ibovespa fechou em alta pelo segundo pregão seguido, com ganhos de 2,15%, aos 95.547,29 pontos, refletindo especulações sobre a possibilidade de mais cortes da Selic e a pressão de comprados, em dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e de vencimento de opções sobre o índice. As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, também trouxeram um viés positivo.
O volume total negociado hoje foi de R$ 69,4 bilhões, incluindo o exercício de opções.
A expectativa é que o Copom corte a taxa Selic em 0,75 ponto percentual na reunião que deve terminar em breve, com especulações crescentes de que pode deixar aberta a porta para mais cortes no futuro.
“Tivemos um indicador de serviços bem ruim hoje, que parece que ajuda a aumentar a expectativa de mais um corte da taxa de juros. A Selic baixa influencia a Bolsa, já que traz fluxo potencial de investimentos e reduz o custo de capital, o que influencia no valor de empresas”, disse o analista da Necton Corretora, Glauco Legat. O setor de serviços teve queda recorde de 11,7% em abril ante março, embora já fosse esperada uma queda.
Além das expectativas sobre a reunião do Copom, o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila destacou o discurso de Powell hoje, que viu como favorável, embora as Bolsas norte-americanas tenham mostrado um pouco de volatilidade e fechado sua maioria em queda. “As falas de Powell tiveram viés positivo, dizendo que o balanço de ativos não preocupa agora por conta da inflação”, avaliou.
Já para o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa, notícias pontuais locais ajudaram o Ibovespa. Caso de declarações do ministro da Economia, que prometeu acelerar reformas entre 60 e 90 dias, além de uma reportagem do jornal “O Globo” ter afirmado que Guedes também quer acelerar privatizações este ano. A intenção seria privatizar a Eletrobras, Correios, Porto de Santos e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), além de abrir o capital da Caixa Seguridade.
Os papéis da Eletrobras (ELET3 9,99%; ELET6 6,66%) fecharam entre as maiores altas do índice com a expectativa de privatização, ao lado das ações da Yduqs (YDUQ3 7,12%) e da Cyrela (CYRE3 6,73%). Já as maiores quedas do índice foram da Minerva (BEEF3 -3,66%), do IBR Brasil (IRBR3 -1,27%) e da Gol (GOLL4 -1,46%), que devolveram altas de ontem.
Amanhã, além de repercutirem a decisão do Copom, investidores devem ficar atentos aos dados do índice de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br. Já no exterior, serão observados os pedidos de seguro-desemprego e índice de indicadores antecedentes norte-americanos.
O dólar comercial fechou em alta de 0,36% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2580 para venda, engatando o sexto pregão seguido de valorização em dia de forte volatilidade com investidores acompanhando o movimento das moedas de países emergentes, mas limitados à espera da decisão e do comunicado do Copom, daqui a pouco.
O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca a forte oscilação da moeda na sessão após abrir em queda reagindo aos recentes sinais de recuperação da economia dos Estados Unidos pelos novos estímulos fiscais e monetários do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), porém, tensões geopolíticas entre a China e a India colocaram um viés de proteção no câmbio lá fora.
Aqui, o viés de cautela prevaleceu com investidores “ansiosos” pelo comunicado do Copom sobre a decisão de política monetária. A aposta majoritária do mercado é de corte de 0,75 ponto percentual, com a taxa Selic indo a 2,25% ao ano, mas investidores querem saber é se o Banco Central (BC) sinalizará o fim ou a continuidade do ajuste monetário.
“Em dia de volatilidade, na parte da tarde, o dólar operou perto da estabilidade e depois, menos de uma hora para o encerramento, voltou a subir com agentes locais buscando proteção no aguardo do comunicado que poderá indicar ou não mais cortes nos juros”, diz Esquelbek.
Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, o principal “driver” deverá ser a “digestão do comunicado da autoridade monetária, reforça o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti.
“Caso o BC seja um pouco mais dovish, não fechando as portas para novos cortes, deveremos ver um dólar mais forte, novamente. Caso contrário, a gente deve acompanhar a moeda ainda nesse patamar, mas com bastante oscilação nos próximos dias”, avalia.