Bolsa fecha com alta mais tímida que Nova York e dólar cai com arrefecimento de inflação nos EUA

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta mais tímida que em Nova York com o arrefecimento da inflação ao consumidor (CPI, sigla em inglês) em junho e com a valorização das commodities.

O índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês) subiu 0,2% em junho na comparação com o mês anterior, já descontados os fatores sazonais, segundo dados do Departamento de Trabalho dos Estados. Os analistas previam alta de 0,3%.

O núcleo do CPI, exclui a variação dos preços de alimentos e energia, subiu 0,2% em junho, após a alta de 0,4% em maio.

A JBS(JBSS3) liderou a alta Ibovespa com o anúncio da dupla listagem das ações no Brasil e nos Estados Unidos. Os papéis subiram 9,04%. A Vale (VALE3) avançou 0,70%.

O principal índice da B3 subiu 0,38%, aos 117.666,49 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto caiu 0,26%, aos 118.875 pontos. O giro financeiro foi de R$ 55,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Na sessão de ontem (11), a B3 informou que houve uma falha operacional no encerramento do mercado por isso que chegamos a publicar o fechamento do Ibovespa com queda de 0,61%, aos 117.219,95, mas o correto foi recuo de 0,32%, aos 117.555,52 pontos.

Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, disse que a alta da Bolsa foi favorecida pelo dado da inflação nos Estados Unidos melhor que o esperado. “O indicador sinaliza ao mercado que o Fed pode começar a estabilizar a subida de juros por lá; a alta das commodities também colabora para a valorização do Ibovespa”.

Richetti comentou sobre a queda das ações do Pão de Açúcar (PCAR3), de 5,81%. “Tem um ruído no mercado sobre uma possível volta do empresário Abílio Diniz para o comando da organização; hoje a ação passa por uma realização após as altas dos últimos dias”.

Em relação à Azul (AZUL4), o especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, disse que a queda de 4,27% é devido a “um anúncio de títulos de dívida, bonds americanos para rolar a dívida; cada vez a empresa se alavanca mais e o mercado não vê isso de forma positiva”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que a inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos ajudou a impulsionar o mercado local e global. “O núcleo do CPI em desaceleração é bom para as commodities, a Vale sobe e o Brent [petróleo] está acima dos US$ 80, vamos acompanhar se a Petrobras continuaria a cortar os preços dos combustíveis; com esse arrefecimento em junho, o Fed não precisa subir os juros duas vezes, fica esvaziado”.

Um analista de uma gestora de investimento disse que “enfim uma boa notícia vinda do exterior com o CPI e a expectativa é o Fed dê mais dois aumentos de 0,25 pp, um em julho e outro em setembro e depois pare, as commodities também acabaram subindo com esse resultado mais positivo acompanhando as mineradoras em Londres; a nossa Bolsa é de alta e pode chegar aos 120 mil pontos”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,819, com desvalorização de 0,86%. refletindo a desaceleração da inflação ao consumidor de junho nos Estados Unidos e a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) adote uma postura branda.

A moeda norte-americana com vencimento em agosto tinha queda de 0,66%, a R$ 4,838,000.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o CPI foi muito bom, excepcional. Os núcleos de inflação mostraram uma trajetória de melhora, e provavelmente o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não irá subir os juros três vezes e pode fazer altas alternadas”.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,2% em junho ante projeções de +0,3%. Já no acumulado de 12 meses, até junho, a alta foi de 3,0%, em linha com as projeções de +3,1%.

“O mercado de moedas deu uma boa melhorada, e as ligadas a commodities de maneira geral. Tudo está muito alinhado para os ativos por aqui performarem melhor. O dólar ainda tem uma boa gordura”, avalia Borsoi.

Segundo o head de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, “o core também mostrou uma desaceleração, e faz com que o dólar fique mais enfraquecido globalmente. Isso mostra a possível tendência dos juros nos Estados Unidos”.

Moliterno ressaltou que o cenário doméstico é favorável para a nossa economia, e dólar tem espaço para seguir em queda.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “é positivo, reforça o otimismo do mercado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) promova apenas uma alta de 0,25 ponto percentual (pp) e pare por aí. Por ter sido em linha, o otimismo deve ser mais contido”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em alta, em dia de volatilidade das taxas. O otimismo com a divulgação do CPI nos Estados Unidos animou o mercado e fez os títulos do governo caírem, puxando as taxas DI por aqui, na expectativa de uma Fed menos duro.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,845% de 12,845% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,800 % de 10,800%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,130%, de 10,095%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,130% de 10,120% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo à medida que a inflação continuou sua desaceleração nos Estados Unidos, enfraquecendo o argumento para mais aumentos de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,25%, 34.347,43 pontos
Nasdaq 100: +1,15%, 13.919,0 pontos
S&P 500: +0,74%, 4.472,16 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA