Bolsa fecha em alta, acima dos 119 mil pts, após Fed e com elevação de perspectiva para Brasil

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta, na maior pontuação do ano 119 mil pontos, em dia de decisão de juros nos Estados Unidos em que a autoridade monetária manteve a taxa inalterada nos níveis entre 5,0% e 5,25%, após dez altas consecutivas. Em seguida, o presidente da instituição, Jerome Powell, indicou que mais dois aumentos de juros podem vir este ano de 0,25 ponto porcentual (pp) e a preocupação com o mercado de trabalho e inflação continuam no radar.

Somado a isso, o que também ajudou no final dos negócios a impulsionar a Bolsa foi revisão que a agência S&P Global Ratings fez da perspectiva para o Brasil de estável para positiva.

As commodities também tiveram uma sessão de boa performance. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 4,30% e 4,29%. Vale (VALE3) subiu1,75%.

O principal índice da B3 subiu 1,99%, aos 119.068,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,98%, aos 118.330 pontos. O giro financeiro foi de R$ 71,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a decisão do Fed veio em linha com o esperado e confirmou o que o mercado precificava nos últimos dias, que não atingiu o fim para o ciclo de alta. “A expectativa de juros aumentou em julho para elevação de 0,25 pp na bolsa de derivativos da CME, o Fed mostrou que existe possibilidade de queda na atividade americana, mercado de trabalho tem que desaquecer, decisão de juros tem de acontecer de reunião a reunião, e vê taxa terminal em 5,6%. Após dots plots Ibovespa desacelerou e depois voltou. A grande questão é como o mercado vai reagir próximas semanas. O S&P vem de alta nas últimas semanas. O mercado pode realizar um pouco. Agora vamos esmiuçar o discurso de Powell e ficar atento às falas dos dirigentes nos próximos dias. Parece que a inflação está ficando um pouco mais controlada. O core de inflação e mercado de trabalho são o mais preocupante”.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que a decisão do Fed “pode ser considerada hawkish na nossa avaliação, haja vista as alterações observadas nos dots [projeções que o colegiado faz], algo que considerávamos estratégico para afastar cenários de cortes precoces”. Sanchez disse que faltando quatro reuniões pra encerrar o ano, a mediano de projeções da Fed Funds Rate saltou de 5,0%-5,25% para 5,50%-5,75%, “o que sinaliza outros dois aumentos de 0,25 pp até o fim do ano, sendo que o mais dovish dos agentes avalia que o intervalo deve ser no mínimo mantido”.

Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, disse que o cenário é bem positivo para Brasil e as commodities ajudam a impulsionar o Ibovespa na sessão de hoje. “O movimento de commodities está forte e puxa a Bolsa, Petrobras sobe de forma inesperada depois do dividendo e está batendo a máxima histórica e proteína também tem um pouco de alta; a nossa bolsa é uma das melhores bolsas do mundo, China ainda não está crescendo como esperado, os Estados Unidos ainda estão subindo juros e aqui já tem expectativa para a queda de juros e a inflação voltou pra meta. O mundo todo olhando para Brasil. Diante desse panorama, a Bolsa sobe forte e em menos de um mês atingiu o patamar de 118 mil pontos”.

O operador de renda variável da B.Side Investimentos também ressaltou que o mercado está de olho no Fed. “A expectativa é de manutenção na taxa de juros, mas ainda tem muito rumor. Não faz sentido não subir os juros agora e subir na próxima [reunião de julho]. O Canadá fez isso. É bom olhar o mercado americano, o S&P está em bull market”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,814 para venda, com desvalorização de 0,96%. Às 17h15min, o dólar futuro para julho tinha baixa de 1,24% a R$ 4.820,000. Após operar a maior parte do dia em baixa moderada, aguardando e posteriormente avaliando a decisão sobre os juros americanos, o mercado acentuou a baixa quase no final da sessão, após a S&P Global Rating ter elevado para positiva a perspectiva para o Brasil.

A S&P Global Ratings revisou a perspectiva para o Brasil de estável para positiva e reafirmou ratings de crédito soberano ‘BB-/B’. O anúncio foi feito um pouco antes do fechamento do mercado financeiro nacional, mas foi suficiente para impulsionar o Ibovespa e acentuar a queda do dólar comercial.

Segundo o comunicado da agência de classificação, sinais de maior certeza sobre políticas fiscais e monetárias estáveis podem beneficiar as atuais perspectivas de baixo crescimento do PIB do Brasil. “Apesar dos déficits fiscais ainda grandes, o crescimento contínuo do PIB mais a estrutura emergente para a política fiscal podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo do que o originalmente esperado”, diz o relatório. A agência também reafirmou o rating na escala nacional ‘brAAA’, e a perspectiva permanece estável. A avaliação de transferência e conversibilidade permanece ‘BB+’.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidiu por manter inalterada a meta das taxas básicas de juros dos Estados Unidos na faixa entre 5,0% e 5,25%. A decisão foi unânime. De acordo com a publicação, manter o intervalo da meta estável permite ao Fomc avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária.

Ao mesmo tempo, a maioria dos membros do Fed está projetando uma taxa básica de juros do país na faixa-alvo entre 5,5% e 5,7% neste ano, o que sugere pelo menos mais dois aumentos em 2023, apesar da pausa no aperto monetário na reunião de junho. A mediana das projeções para os juros ficou na faixa entre 5,5% e 5,75% em 2023, entre 4,25% e 4,5% em 2024 e em 3,25% em 2025. No longo prazo, a mediana ficou em 2,5%, confirmando as projeções de março dos membros do Fomc.

Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, disse que com a decisão do Fed, as perspectivas econômicas de crescimento no Brasil positivas, juntamente com a desaceleração da inflação e a manutenção do diferencial de juros com a Selic a 13,75%, “o real continua atraente e mantendo patamar abaixo dos R$ 4,85 em meio ao aumento do apetite ao risco”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta quarta-feira, depois do pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell em que informou que as taxas de juros dos Estados Unidos devem ser mantidas, em linha com o que o mercado esperava.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,045% de 13,040 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,080 % de 11,165%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,485 %, de 10,610 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,555% de 10,750% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pausar sua campanha de alta de juros iniciado em março de 2022, porém ao mesmo tempo sinalizar que deve subir as taxas novamente ainda este ano.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,68%, 33.979,33 pontos
Nasdaq 100: +0,39%, 13.626,5 pontos
S&P 500: +0,08%, 4.372,59 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA