São Paulo – A Bolsa fechou em alta de 1,71% impulsionada pelas commodities, especialmente petróleo e mineração, influenciadas por um possível corte das taxas dos Estados Unidos para os mercados asiáticos, alta do minério de ferro, além de pagamento de dividendos da Petrobras e Banco do Brasil.
O Ibovespa operou todo o pregão no positivo e, no final dos negócios, seguindo a elevação das bolsas norte-americanas, que fecharam em alta. O dólar em queda também motivou os investidores a apostar em investimentos de maior risco. Mas, apesar do pregão mais otimista, os investidores devem seguir monitorando os dados de inflação no Brasil e exterior e a tendência de queda nas Bolsas globais.
O principal índice da B3 subiu 1,71%, aos 110.345,82 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 1,77%, aos 111.340 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em forte alta.
No fechamento, ficaram entre as maiores altas as ações da resseguradora IRB Brasil (+9,23%), BRF (+4,86%), Banco do Brasil (+4,21) e Azul (+4,07%). As maiores quedas foram de Banco Inter (BIDI11, -5,15%, e BIDI4, -4,10%), Qualicorp (-5,15%), CVC (-3,05%) e Locaweb (-3,02%). As ações de maior peso no índice, como Vale, Petrobras e bancos fecharam em alta.
O analista da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, lembra que além do avanço dos setores de mineração e siderurgia por China e declarações do presidente norte-americano sobre uma eventual retirada das tarifas impostas pela gestão anterior de Donald Trump, nesta segunda-feira, 23 de maio, é data de corte de dividendos da Petrobras, com o pagamento de duas parcelas significativas aos acionistas e, com isso, as duas ações da petrolífera sobem perto de 4%. As exportadoras de alimentos também têm performance positiva.
“O doméstico é mais misto para positivo e, com os grandes bancos em performance bastante positiva, resultam num consolidado bastante favorável para a Bolsa. Lá fora, os três principais índices norte-americanos apresentam performance positiva e indicam que o investidor mais favorável a tomar risco”, comentou Rodrigo.
Para Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, depois da forte queda apresentada na semana passada, em que a Bolsa americana chegou a flertar o território de ‘bear market’, que é quando tem quedas de mais de 20% no ano, o mundo inteiro deu um respiro na sessão de hoje. ‘O S&P subiu forte e a maioria dos mercados globais opera em território positivo, com os investidores olhando muito para a política de juros a ser adotada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), em meio à inflação nos EUA. A volatilidade segue nas máximas históricas, com um leve alívio na sessão de hoje”, comentou.
A sessão de hoje foi impulsionada pelas commodities, com minério e petróleo subindo forte, com ações de peso no índice Ibovespa contribuindo para esse movimento. “Na sessão desta segunda-feira, o Ibovespa se recupera na faixa dos 110 mil pontos, o dólar mostra viés baixista, perto de R$ 4,80, favorecendo a tomada de riscos pelos investidores. Vamos acompanhar os desdobramentos da semana, que terá dados importantes de inflação a serem divulgados, como PCE (Indice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal), nos EUA, que é o principal indicador que o Fed olha para fazer política monetária e costuma mexer bastante nos preços, e por aqui, a prévia do IPCA, o IPCA-15, um importante indicador para acompanhar a dinâmica da inflação brasileira”, comentou p analista da Valor.
O analista Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed,avalia que a ausência de notícias negativas impulsionou o mercado nesta segunda-feira. “O S&P caiu por sete semanas seguidas, então é natural que exista um respiro e alívio da pressão vendedora que vinha tomando conta dos mercados. Além da possível retirada de tarifa da China pelos EUA, a notícia de que o Banco Central Europeu ter assumido que precisa subir juros e tirar dinheiro da economia para conter inflação também foi bem visto pelo mercado, pois mostra interesse em confrontar e resolver o problema da inflação.”
Ele acrescenta o hoje é o último dia de recebimento de dividendos do Banco do Brasil, o que ajudou o papel a subir.
O dólar comercial fechou em R$ 4,807 para venda, com desvalorização de 1,31%. O desempenho da moeda americana no exterior, recuando frente a maioria das moedas, com ênfase na comparação com as unidades dos países emergentes, determinou a forte queda no início de semana.
Uma combinação de notícias assegurou a baixa do dólar. O afrouxamento da política covid zero na China, favorecendo a demanda e o preços das commodities, e a perspectiva de aumento dos juros na Europa foram os fatores que lideraram o cenário de pressão sobre o dólar.
Segundo o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, as moedas emergentes performaram bem, em especial o real, que é beneficiado pelo preço das commodities. Na avaliação de Serrano, as taxas de juros convidativas e a melhora da percepção fiscal doméstica, com recordes de arrecadação tanto no âmbito estadual quanto no federal, completaram o quadro positivo.
Serrano acredita que o Brasil é beneficiado pela reabertura da China, que é um dos principais parceiros econômicos do país, e que o valor do dólar está dentro do esperado. “A partir de agora é mais difícil prever para onde ele vai”, ressalva.
Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “a Europa sinalizando o aumento dos juros retém euro e enfraquece o dólar”. Nagem também atribuiu este cenário favorável não apenas ao real, mas também às outras emergente, e entende que caso o quadro não se altere a moeda estadunidense pode atingir R$ 4,60.
O Banco Central Europeu (BCE) deve tirar sua taxa de depósito do território negativo atual até o final de setembro e poderá aumentá-la ainda mais se prever que a inflação vai se estabilizar próxima à meta de 2%, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, nesta segunda-feira (23).
“Com base na perspectiva atual, provavelmente estaremos em posição de sair das taxas de juros negativas até o final do terceiro trimestre”, disse Lagarde em um post no blog do BCE.
A taxa de depósito do BCE está atualmente em -0,5%, o que significa que os bancos são cobrados para deixar dinheiro na instituição. O BCE manteve esta taxa negativa desde junho de 2014, uma vez que o banco central lutou por anos contra uma inflação baixa demais.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve queda nesta segunda-feira, com nova rodada de estímulos na China e na expectativa por desaceleração do IPCA-15, a ser divulgado na terça-feira (24). O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,265% de 13,270% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,765%, de 12,790%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,030%, de 12,090% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,775% de 11,860%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,8100 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo positivo, à medida que os investidores buscaram os papéis que estavam em baixa,
como os de bancos, depois que a Dow Jones registrou oito semanas seguidas de perdas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:
Dow Jones: +1,98%, 31.880,24 pontos;
Nasdaq Composto: +1,59%, 11.535,3 pontos;
S&P 500: +1,85%, 3.973,75 pontos.