São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta no dia em que foi apresentado o arcabouço fiscal e os investidores debruçam sobre o documento para entender melhor o texto , que deve ser entregue ainda hoje ao Congresso. A repercussão deve vir com mais relevância amanhã no mercado.
Mais cedo, a informação que circulou no mercado de que o governo teria uma lista com mais de 10 itens que ficaria fora do limite de gasto gerou incerteza entre os investidores.
A notícia favorável do dia foram os dados positivos do PIB e de vendas no varejo chineses impulsionando as commodities. A Vale (VALE 3) avançou 0,86%. Outra ação de peso que subiu na sessão de hoje foi a Petrobras (PETR3 e PETR4), respectivamente 2,57% e 2,54%.
Do lado negativo, as varejistas caíram refletindo a mudança de posição do governo em relação à manutenção da isenção de até US$50 para pessoas físicas em encomendas para o exterior. Magazine Luiza (MGLU3) caiu 3,27%; Lojas Renner (LREN3) cedeu 4,12%.
O principal índice da B3 subiu 0,13%, aos 106.163,23 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho aumentou 0,09%, aos 108.075 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, disse que a Bolsa opera entre perdas e ganhos em dia de divulgação do texto do arcabouço fiscal. “O presidente Lula entregará o texto ao Congresso ainda hoje”.
Vinícius Steniski, analista de ações do TC, disse os investidores ainda estão analisando o texto do arcabouço fiscal divulgado agora à tarde pelo governo. “Para entender bem como vai fechar a Bolsa, precisamos ver como os analistas ver vão entender o texto e assim projetar novos cenários e fazer com que a Bolsa feche no verde ou no vermelho; amanhã, o mercado vai digerir de forma mais tranquila o documento”.
Lucca Ramos, assessor de renda variável da One Investimentos, disse que a Bolsa tem alta puxada por Vale e Petrobras em um dia “sem muitas movimentações, após subir muito na semana passada; os dados da China- PIB e vendas no varejo acima do esperado-foram muito bons para as nossas commodities, principalmente a Vale (VALE3), pelo peso relevante; mas vejo a Bolsa indo para o zero a zero ou com leves quedas até ter notícias mais otimistas; hoje também tem o relatório de produção da Vale e, se os dados vierem acima do esperado, podem puxar a Bolsa para cima; em relação ao arcabouço foi divulgado que o governo tem uma lista com 10 itens que ficariam fora do limite de gastos e isso seria negativo para a parte fiscal; vamos ver se esses pontos adicionais vão passar no Congresso”.
Armstrong Hashimoto, sócio e operado de renda variável da Venice Investimentos, disse que o que provocou um estresse na Bolsa “a informação de que o governo vai inserir uma lista de 10 itens [no teto do arcabouço] que ficarão fora do limite de gasto; até ontem tínhamos a sinalização do arcabouço, de ter ficado para hoje, justamente, porque tinha inserido uma nova medida de fixar a validade dos parâmetros em quatro anos, o mercado viu como positivo essa questão”.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o mercado ficou bem animado na abertura com os dados chineses, mas “conforme algumas falas sobre o texto do arcabouço foram saindo e sinalizando que algumas contas estão ficando fora do teto, o mercado não gostou disso e piorou o humor; o mercado está aguardando o texto real do arcabouço”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,81%, cotado a R$ 5,9760. A moeda refletiu algumas incertezas sobre o texto do arcabouço fiscal que será enviado ao Congresso, o que acabou ofuscando o bom desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) chinês.
Segundo o gerente de estratégia comercial do Braza Bank, Marcelo Cursino, “observamos uma leve valorização do dólar, no começo da tarde, que remete a um momento de estabilidade provisória e adaptação de mercado, após o movimento de queda visto na semana passada. Com dados chineses fortes, pressionando a economia americana por respostas condizentes (à altura), vale ficar de olho no ciclo de balanços do setor bancário por lá e na apuração de seus resultados, visto que podem sinalizar se a crise bancária é passado ou se o mercado ainda precisa de atenção em relação ao assunto. Caso os balanços liguem algum sinal de alerta mais forte, podemos ter como consequência uma instabilidade maior para a moeda, diferentemente do que vimos ontem e hoje”.
Para o economista da BlueLine Flávio Serrano, “o dia começou alinhado ao movimento externo, mas existe um pouco de apreensão com o novo arcabouço que será apresentado ao Congresso. Existe o temor que haja concessões de gastos”.
De acordo com o relatório da Ajax Asset, “lá fora, o crescimento acima do esperado do PIB chinês apoiado no consumo ajuda a impulsionar os preços dos ativos de risco nesta manhã. Bolsas sobem na Europa, assim como os índices futuros nos Estados Unidos. Commodities também são favorecidas”.
O PIB da China teve alta de 4,5% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2022 e +2,2% ante o trimestre imediatamente anterior. Ambos ficaram acima das projeções (+4,0% e +2,0%, respectivamente).
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) subiram, puxadas por uma correção e as notícias sobre o arcabouço fiscal, principalmente os itens que ficariam de fora.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,245 % de 13,220% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,975 % de 11,930%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,750 %, de 11,655%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,835 % de 11,725% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, perto da estabilidade, operando perto da estabilidade, em meio a outra movimentada leva de corporativos, como o Bank of America e Goldman Sachs.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,03%, 33.976,63 pontos
Nasdaq 100: -0,04%, 12.153,4 pontos
S&P 500: +0,08%, 4.154,87 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA