Bolsa fecha em alta após Fed sinalizar maior controle da inflação; dólar cai 2%

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São Paulo – A Bolsa encerrou o pregão em alta uma sequência de nove sessões em baixa, após o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciar a decisão de elevar as taxas básicas de juros em 0,75 ponto percentual, para faixa entre 1,50% e 1,75%, o maior aumento de juros do país em 28 anos, seguida por discurso mais duro do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, mostrando maior disposição para controlar a inflação no país.

Em coletiva de imprensa após a decisão do Fomc, Jerome Powell afirmou que o próximo aumento nas taxas básicas de juros dos Estados Unidos pode ficar entre 0,5 e 0,75 ponto percentual (pp).

O Ibovespa, principal índice da B3 fechou em alta de 0,72%, aos 102.806,82 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho subiu 0,84%, aos 103.005 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,3 bilhões. Em Nova York, os índices encerram os negócios em campo positivo.

Para Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, a decisão veio como o esperado com alta de 0,75% confirmando as expectativas que deixaram o mercado volátil desde segunda-feira. “O tom ‘hawkish’ se mostrou necessário para combater a inflação, em votação quase unânime, em que apenas um membro votou em aumento de 0,5%. Já deixaram 75 pontos contratado para próxima e para atingir o alvo até o final do ano, acredito que teríamos mais 50, 25 e 25 nas reuniões subsequentes. O Fed vê a taxa de juros só subindo em 2023 e caindo em 2024, pois acreditam que o desemprego ainda está muito baixo e estão muito preocupados com inflação. Mesmo o aumento do desemprego previsto para 2023 não será suficiente para parar o Fed. O mercado reage melhor do que o esperado, com dólar comportado e a bolsa positiva. Ainda estamos no stress poucos minutos após decisão”, comentou.

Ricardo Leite, estrategista-chefe da Diagrama Investimentos, a antecipação do aperto monetário pelo Fed já era uma aposta do mercado, que reagiu positivamente ao tom mais duro adotado pelo presidente do Fed para mostrar que vai conter a inflação. “O mercado oscilou negativamente quando ele falou de possíveis impactos da China e da Ucrânia, mas logo depois subiu quando ele falou que vão atuar como precisar conter esses efeitos. Outro ponto bem positivo é que ele não tem intenção de gerar recessão e que quer controlar a inflação ampla e não só no núcleo. Ele acha que vai ser um desafio controlar a inflação com emprego baixo. A atividade econômica parece ter se recuperado”, avalia.

O dólar fechou em queda de 2,06%, cotado a R$ 5,0290. A moeda norte-americana refletiu o aumento de 0,75% nos juros, anunciado hoje pelo Comitê Federal de Mercado Aberto, o que demonstra uma postura mais agressiva do órgão no combate à inflação nos Estados Unidos.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a decisão era precificada pelo mercado, mas os analistas projetavam 0,5%”. Ela entende que as projeções trimestrais divulgadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não estão tão ruins quanto o mercado esperava.

Abdelmalack considera o aumento um recado ao mercado: “Isso mostra o compromisso do Fed em controlar a inflação o mais rápido possível, e evitar uma recessão. Talvez fique o questionamento se ele (o Fed) não poderia ter começado a agir antes. Isso estanca um pouco as críticas de que ele está atrás da curva”, opina Abdelmalack.

De acordo com o sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, “os dados da inflação americana vieram muito acima do esperado, e o mercado já precificou um cenário extremo”.O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,0% em maio ante abril e acumulou alta de 8,6% nos últimos 12 meses.

Embora esteja caminhando para o final do ciclo de aperto monetário, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) também é relevante: “Espera-se um aumento de 0,5% na Selic (taxa básica de juros), mas alguns analistas já preveem 0,75%”, observa Izac.

Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “a estratégia do Fed é “dar as más notícias aos poucos” para não gerar impacto negativo no mercado. Por outro lado, Weigt entende que os resultados da indústria chinesa em maio dão fôlego para o real e outras moedas emergentes ligadas às commodities. A produção industrial chinesa cresceu 0,7% em maio na comparação mesmo período de 2021.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta quarta-feira (15), repercutindo a reunião de emergência do Banco Central Europeu. O BCE anunciou que terá um encontro para discutir as atuais condições no mercado.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,600% de 13,690% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,435%, de 13,665%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,750%, de 13,100% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,670% de 13,010%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,0380 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, depois que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sinalizou que poderia aumentar os juros numa magnitude semelhante em julho, dando aos investidores confiança de que o Fed está comprometido em reduzir a inflação.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos
após o fechamento:

Dow Jones: +1,00%, 30.668,53 pontos
Nasdaq 100: +2,50%, 11.099,2 pontos
S&P 500: +1,45%, 3.789,99 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.