São Paulo – A Bolsa fecha em alta de 0,44%, aos 117.164,69 pontos, na primeira sessão positiva da semana, em um dia com muita volatilidade oscilando entre mínimas e máximas. No final dos negócios, a melhora deveu-se à expectativa dos investidores de que os cenários político e fiscal possam melhorar.
Na primeira metade do pregão, a Bolsa chegou atingir a mínima desde março-114.801,00 pontos- com o mau humor no mercado externo refletindo a ata do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) da véspera e o tombo do minério de ferro na China fazendo as commodities despencarem.
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a melhora da Bolsa não teve nenhum motivo específico, mas os investidores estão “na expectativa de um acordo ou ajuste após as falas do Guedes [Paulo Guedes, ministro da Economia]”. Ele ressaltou que existem muitos papéis desconectados na B3.
Danilo Batara, sócio-fundador e head de mesa de operações da Delta Flow Investimentos, disse que a Bolsa tenta se recuperar e “não está melhor por conta das commodities, já vemos vários setores se recuperando”.
As ações da Vale (VALE3) caíram 5,70%, Petrobras (PETR3 e PETR4) perderam 0,94% e 0,55%. Os papéis das siderúrgicas também apresentaram forte queda, como Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) e encerraram com desvalorização de 5,88%; 3,51 e 5,78%, nessa ordem. A B3 (B3SA3), um dos países que vinham apresentando forte queda, na sessão de hoje aceleravam mais de 4%.
Segundo Leonardo Santana, analista da Top Gain, o mau humor no pregão de hoje reflete ainda a ata do Fed que demostrou a retirada dos estímulos à economia antes que o mercado esperava. “Já ficou insustentável a inflação nos Estados Unidos, embora Jerome Powell [presidente do banco central norte-americano] dizer ser momentânea”.
O analista da Top Gain também destacou a queda das commodities “que pesa muito na nossa Bolsa”.
Santana chamou atenção para o contexto político conturbado, com o conflito entre o presidente Bolsonaro e o Supremo Tribunal federal (STF), gerando desconfiança aos investidores estrangeiros. “Precisamos arrumar o ambiente político, continuar com aumento da taxa de juros, controlar a inflação para que fique atrativo investir no Brasil”.
O dólar comercial fechou a sessão em 5,4220, com alta de 0,87%. Esse movimento ainda é reflexo dos indícios que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) apontou, em relatório divulgado nesta quarta, que os estímulos à economia começarão a ser retirados ainda em 2021.
Para a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, “a inflação nos Estados Unidos ainda está mais persistente do que o previsto, por isso a ata do Fed, ontem, fez esse alerta”. Pasianotto acredita que os estímulos devem começar a ser retirados em dezembro.
“O temor sobre a variante com a variante delta também traz muitas incertezas ao mercado externo, com uma nova quarentena e com portos no sudeste asiático praticamente parados”, analista a economista.
Para o sócio da Euroinvest, Cristiano Fernandes, “o mercado não esperava uma ata forte assim, então o dólar foi muito apreciado”.
Já no cenário interno, as questões políticas e fiscais se confundem, reforçando a atmosfera de incertezas sobre os rumos da política econômica.
“Vivemos em um momento com a possível quebra do teto, e isso representa um risco, fazendo com que o dólar fique estacionado”, pontua Fernandes.
“A postura do Banco Central está mais agressiva, com o aumento da taxa de juros. Vamos ter de sacrificar, por exemplo, o setor imobiliário, com o encarecimento das taxas de financiamento”, avalia Fernandes, que prevê um aumento de ao menos 1pp na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda em um movimento de realização de lucros na esteira da forte inclinação da curva a termo observada no decorrer das últimas semanas. O movimento foi beneficiado por um alívio momentâneo da pressão sobre os ativos locais na parte da tarde.
Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,73%, de 6,78% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,490%, de 8,645%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,72%, de 10,00% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,17%, de 10,44%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado norte-americano de ações terminaram o dia sem uma direção comum, depois de uma manhã turbulenta, na esteira da ata de ontem do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que sinalizou a retirada de estímulos ainda este ano.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,19%, 34.894,12 pontos
Nasdaq Composto: +0,11%, 14.541,80 pontos
S&P 500: +0,12%, 4.405,80 pontos