São Paulo, 13 de fevereiro de 2025 – A Bolsa fechou em alta moderada, com investidores atentos aos novos anúncios de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando nesta quinta-feira que determina a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos, como é o caso do Brasil em relação ao etanol. O documento traz uma orientação geral de reciprocidade aos países que impõe dificuldades ao comércio com os EUA. No entanto, como as tarifas não teriam vigência imediata, isso trouxe um alívio momentâneo e contribuiu para a alta da Bolsa brasileira ao final do pregão.
Os investidores também acompanharam a divulgação de indicadores no exterior levemente distantes do esperado e dados econômicos no Brasil confirmando tendência de esfriamento da economia.
Na tarde de hoje, o Ministério da Fazenda elevou sua projeção para a inflação deste ano e reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto, mostrou boletim divulgado pela Secretaria de Política Econômica nesta quinta-feira. A Fazenda agora projeta que a inflação medida pelo IPCA fechará este ano em 4,8%, ante previsão anterior, divulgada em novembro, de 3,6%. Já a previsão para o PIB foi reduzida de 2,5% para 2,3%.
O Banco Central (BC) brasileiro também divulgou uma pesquisa que apontou que, para o primeiro trimestre de 2025, a expectativa das instituições financeiras é de “agravamento nas condições de oferta em todos os segmentos, com mais força no crédito habitacional.
Nos Estados Unidos, o número de novos pedidos de seguro-desemprego caíram em 7 mil para 213 mil na semana encerrada em 8 de fevereiro, após ter alcançado 220 mil na semana anterior (dado revisado), segundo estatísticas do Departamento do Trabalho ajustadas por fatores sazonais. A previsão era de 215 mil pedidos.
O Indice de Preços ao Produtor dos Estados Unidos (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% em janeiro na comparação com o mês anterior, após ter subido 0,5% em dezembro (dado revisado), já descontados os fatores sazonais, informou o Departamento do Trabalho. O número veio acima da previsão do mercado, que era de 0,3%. Já em base anual, o PPI de janeiro ficou em 3,5%, acima da previsão de alta de 3,2%.
O núcleo do índice, que exclui os preços de alimentos, energia e comércio, subiu 0,3%, em janeiro, abaixo dos 0,4% registrados em dezembro. Já em base anual, o núcleo do índice subiu 3,4% em janeiro, abaixo dos 3,5% registrados em dezembro. Os preços de alimentos subiram 1,1% em janeiro em base mensal, após subirem 0,4% em dezembro, enquanto os preços de energia avançaram 1,7%, após terem subido 2,2% em dezembro.
Mais cedo, foi divulgado o desempenho setor de Varejo de dezembro, que excluem veículos e material de construção, que recuou 0,10% ante novembro, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda ficou próxima à previsão de -0,20%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro Safras. Na comparação com dezembro de 2023, as vendas no varejo subiram 2%, abaixo das estimativas de +3,20 coletadas pelo Termômetro Safras. Deste modo, o Varejo fechou 2024 com alta de 4,70%, enquanto a média móvel trimestral foi nula.
O principal índice da B3 subiu 0,37%, aos 124.850,18 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,59%, aos 127.145 pontos. O giro financeiro era de R$ 14 bilhões. Em Nova York, os índices de ações fecharam em alta.
Os destaques positivos foram as ações da Braskem (BRKM5), com alta de 5,38%, recuperando as perdas da véspera. As mineradoras Usiminas (USIM5) e CSN Mineração (CMIN3), que subiram, respectivamente, 3,34% E 3,19%, depois, as varejistas GPA (PCAR3) e Lojas Renner (LREN3), que avançaram 3,11% e 2,98%.
Totvs (TOTS3) e Suzano (SUZB3) subiram 2,75% e 2,17% após balanços divulgados ontem (12).
Os destaques negativos foram as ações da BRF (BRFS3) e Automob (AMBO3), com quedas de 3,75% e 3,70%, seguidas pela Localiza (RENT3) e Brava (BRAV3), com baixas de 3,06% e 2,96%, respectivamente.
Outras produtoras de carne Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3) E Minerva (BEEF3) caíram, respectivamente, 3,21%, 1,97% e 1,83%, após resultado da Pilgrim’s Pride, divisão de aves da JBS nos Estados Unidos, que desagradaram o mercado.
As ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4) – que têm forte peso no índice de ações – fecharam em leve alta: +0,12%; +0,27%; +0,11%.
Os bancos fecharam mistos: Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (sanb11) tiveram recuos de 0,54% e 1,64% e Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) subiram 1,78%, 1,36% e 0,53%.
As ações da Cosan (CSAN3) e da Raízen (RAIZ4) caíram mais de 1% após anúncio de tarifas de importação ao etanol brasileiro pelos EUA.
Para o economista Alexsandro Nishimura, diretor da Nomos, o Ibovespa reverteu as perdas do início da sessão e conseguiu retomar o campo positivo a partir das notícias de que as tarifas recíprocas a serem anunciadas por Donald Trump não teriam vigência imediata. “A cautela diante da perspectiva de anúncio de tarifas recíprocas dos EUA trouxe volatilidade para o real, que chegou a ter desempenho contrário ao externo, onde o dólar se desvalorizava antes outras moedas. A pressão adicional sobre o real se dava pelo noticiário que uma provável menção ao etanol brasileiro, o que se confirmou no final da tarde, com o anúncio das tarifas recíprocas. Entretanto, no final da tarde o real seguiu a tendência externa e zerou as perdas em relação ao dólar”, detalhou o economista.
Entre as ações da Bolsa brasileira, ele cita que Suzano e Totvs foram destaques no pregão, ambas colhendo a boa reação do mercado aos seus resultados do quarto trimestre de 2024. Em contrapartida, as chamadas cíclicas, empresas ligadas ao ciclo de consumo doméstico, apresentaram baixa, após dados de consumo divulgados pelo IBGE mostrarem queda em dezembro.
O dólar comercial fechou em alta de 0,07%, cotado a R$ 5,7669. Mesmo com a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), no começo da sessão, a quinta foi marcada pela falta de um driver específico e a baixa volatilidade.
O PPI teve alta de 0,3% (em linha com as projeções) em janeiro e acumulou +3,6% (estimativa de +3,3%) em 12 meses.
De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, observa que “o dólar não sai do lugar”.
Mas o que impede a moeda de quebrar os R$ 5,70? “O fiscal. O fluxo continua bom, mas o fiscal atrapalha”, opina Nagem.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, acredita que os dados da economia estadunidense apontam para uma postura mais cautelosa do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que tende a manter os juros no patamar atual.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. O movimento de hoje refletiu os sinais de que a economia brasileira começou a entrar em um momento menos aquecido.
Por volta das 16h34 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,830% de 14,900% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,940%, de 15,035%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,825%, de 14,965%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,790% de 14,880% na mesma comparação. O dólar opera em alta de 0,04%, cotado a R$ 5,7654 para venda.
Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com novos dados de inflação e atualizações sobre tarifas dos Estados Unidos aliviando parte das preocupações com pressões inflacionárias e tensões comerciais globais.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,77%, 44.711,43 pontos
Nasdaq 100: +1,50%, 19.946,0 pontos
S&P 500: +1,04%, 6.115,07 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News
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