Bolsa fecha em alta com bancos, setor de energia, cíclicas e à espera do pacote fiscal; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta em um pregão de recuperação, chegou a operar no patamar acima dos 130 mil pontos, com o apoio dos setores financeiro, energia e das ações cíclicas. O mercado espera ansioso para a divulgação das medidas fiscais

Mais cedo, foi divulgada a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), nos dias 6 e 7. Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o documento teve um tom menos dovish. “a ata é consistente com um corte de 0,25 ponto porcentual em dezembro, mas sugere uma postura mais cautelosa em 2025. Levando em consideração a piora nos últimos dados de inflação, principalmente no núcleo de serviços, acredito que o Fed deve pausar os cortes no 1T25”.

Quanto às ações, o Itaú (ITUB4) avançou 1,90%, Banco do Brasil (BBAS3) registrou alta de 1,34% e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiu 0,75% e 0,66%, respectivamente. Brava Energia (BRAV3) foi destaque de alta e encerrou a 9,32%.

Os papéis da Copel (CPLE6) subiram 5,27%, com o anúncio de recompra de ações ordinárias (ON) e preferenciais classe B (PNB), o que corresponde a até 10% dos papéis de cada classe em circulação, pagamento de JCP extraordinário e investimentos robustos para 2025, “reforçando a confiança do mercado em sua gestão”, disse Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.

Almeida comentou que as ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Assaí (ASAI3)-subiram 6,29% e 4,92%, nessa ordem- foram impulsionadas pelo otimismo generalizado no setor de varejo.

“Esse movimento é apoiado pela expectativa de medidas fiscais, o que pode estimular a economia e pelos dados positivos de emprego esperados no Caged, indicando um fortalecimento do consumo. Além disso, a recuperação do índice de small caps -subiu 1,57% -contribui para valorizar ativos ligados ao varejo, favorecendo a perspectiva de maior demanda no final do ano”.

Na contramão, o setor de mineração e siderurgia caiu. Vale (VALE3) perdeu 1,27%.

O principal índice da B3 subiu 0,68%, aos 129.922,38 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,84%, aos 130.760 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,4 bilhões. Os índices norte-americanos fecharam em alta.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa tem uma sessão de melhora, o mercado interpretou bem o IPCA-15 e as perspectivas são positivas para as medidas de corte de gastos do governo.

“Apesar de o IPCA-15 ter vindo acima do esperado-subiu 0,62% em novembro contra previsão de 0,50%-, o que assustaria o mercado, alguns pontos foram positivos. O item passagens aéreas veio acima, mas habitação, transportes mostraram deflação e o mercado acabou entendendo de certa forma como positivo. Vimos melhora na trajetória de juros fazendo com que a bolsa se recuperasse, boa performance do setor financeiro e a Copel com o anúncio de recompra das ações e pagamento de JCP ajuda a puxar todo setor elétrico. A Brava Energia subindo após assinatura de contrato de US$ 200 milhões para exploração de petróleo, dia favorável pra cíclicas. A notícia positiva foi o cessar-fogo entre Israel e Líbano, o que fez que o petróleo recusasse. Do lado negativo, o setor de mineração caiu com a taxação de Trump [para China, México e Canadá]. Por aqui, a novela do corte de gastos está praticamente definida, falta governo alinhar com Congresso para que não haja desidratação e espera pronunciamento entre amanhã e quinta”.

Em relação à ata do Fed, Moliterno disse que o documento mostra “que a inflação está convergindo para a meta e vai seguir o ritmo de corte de juros, o que foi positivo”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que “o mercado está avançando com a espera positiva do pacote fiscal, os papéis de utilities e energia estão segurando o índice, mas nada de grandes movimentações. Acredito que o IPCA15 forte vai ajudar a diminuir o ruído político mostrando a necessidade efetiva desse controle fiscal”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que embora o IPCA-15 acima das estimativas, o mercado tem dia positivo.

“O número veio ruim, a parte de inflação de serviços e alimentos mais pesada, mas Brasil está performando bem. Não é olhando para os números que a gente consegue justificar o desempenho dos ativos. Hoje tinha uma promessa ruim para o mercado doméstico com a notícia de que o Trump vai aumentar as tarifas [a produtos] do México, Canadá e China e deveria impactar aqui, mas não se deu. O mercado parece assustado com os movimentos nos últimos dias, está à espera do anúncio do pacote [fiscal do governo], que não teve novidade de ontem pra hoje e sem data para a divulgação. O petróleo e as metálicas em alta”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,08%, cotado a R$ 5,8080. A moeda refletiu, ao longo da sessão, os temores de uma possível política protecionista do futuro presidente norte-americano, Donald Trump, além da expectativa que gira em torno do pacote fiscal, que deve ser anunciado nos próximos dias.

De acordo com o analista da Potenza Capital Bruno Komura, apesar da possibilidade das taxações, o mercado se anima com a possibilidade do pacote de ajustes fiscais ser tido como positivo e atender as expectativas nos cortes de gastos.

A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, observa que embora as ações de Trump ainda sejam promessas, isso gera volatilidade e aversão ao risco.

Além disso, observa a economista, o cenário de incertezas sobre o pacote fiscal também contribui para que o real perca força.

Na contramão do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham majoritariamente em queda, depois de passarem o dia mistas, puxadas pelo ambiente externo desfavorável e pelo pacote fiscal que, apesar de adiado, já anima o mercado pelos detalhes adiantados.

Por volta das 16h55 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,520% de 11,508% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 13,275%, de 13,280%, o DI para janeiro de 2027 ia a 13,220%, de 13,350%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 13,220% de 13,230% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com Dow Jones e S&P renovando suas máximas na sessão, enquanto os investidores ignoram a ameaça de novas tarifas do presidente eleito Donald Trump.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,28%, 44,860.31 pontos
Nasdaq 100: +0,63%, 19,174.30 pontos
S&P 500: +0,57%, 6,021.63 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News