Bolsa fecha em alta com bom desempenho das commodities e em meio à PEC dos precatórios; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 0,83%, aos 104.514,19 pontos, em um dia de definição da data para a votação da PEC dos precatórios, no Senado, na terça-feira (30) e as empresas ligadas às commodities, pelo terceiro consecutivo, contribuíram para alavancar o índice.

Mais cedo, foi divulgado a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central norte americano), que veio dentro da expectativa do mercado. Segundo o documento, os membros estão preocupados com a aceleração da inflação e cogitam um aumento na taxa de juros antes do previsto.

Em relação à PEC dos precatórios, Vitor Suzaki, analista financeiro do Banco Daycoval, afirmou que a proposta ainda gera preocupação por parte dos investidores. “Fica a discussão se o Auxílio Brasil será permanente e fica fora do teto, o que causa mais problemas domésticos.”

De acordo com Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a ata do Fed não impactou muito a Bolsa. “Pode até parecer que o tom foi um pouco hawkish (duro), mas o mercado já estava esperado por isso. Muitos investidores acham que o Fed está atrás da curva -no ritmo atual a compra de ativos acaba no meio do ano que vem e a partir daí começa a subir os juros. O mercado acha que essa agenda precisa ser adiantada, o que está em linha com a ata”.

Komura ressaltou que a ata poderia ter refletido negativamente nos mercados emergentes, mas “no Brasil há tantos problemas que os ativos estão descontados e ao invés de aversão ao risco, vemos estrangeiros comprando Bolsa”.

Para Alexandre Achui, head da mesa private de ações e sócio da BRA, a virada do índice é atribuída à “melhora do preço do petróleo, leve arrefecimento da alta dos juros dos títulos da dívida do Tesouro norte-americano e as taxas longas de DI perderam um pouco de força”.

Achui disse os investidores estão atentos à ata do Fed, “que vai refletir o que cada dirigente do Fed pensa sobre a situação atual e pode dar uma pista se a retirada de estímulos será acelerada e se existe um consenso para um aumento na taxa de juros pouco antes do precificado pelo mercado por conta da inflação persistente”.

Segundo uma fonte que não quis se identificar, as ações da Vale e Petrobras “continuam o movimento positivo da véspera” e favorecem o índice com o forte peso na carteira teórica. As empresas de consumo estão “respirando com um pouco de alívio na sessão de hoje”.

As ações da Vale (VALE3) subiram 2,32% e Petrobras (PETR3 e PETR3) aumentaram 1,94% e 2,05%. Os papéis de siderúrgicas como Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) avançaram 3,48%; 1,64% e 1,64%, respectivamente

Segundo a fonte os dados da economia norte-americana divulgados esta manhã, “aparentemente o mercado gostou, mas as atenções estão para a ata do Fed, que deve deixar claro os novos rumos da política monetária”. Os investidores acompanham de perto a leitura do parecer do senador Fernando Bezerra.

O dólar comercial fechou em R$ 5,5950, com queda de 0,23%. A moeda norte-americana foi pressionada durante toda a sessão pela ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) – que foi divulgada nesta tarde, considerando a antecipação do aumentos dos juros e aceleração do tapering (remoção de estímulos) -, e em segundo plano os precatórios.

De acordo com a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “a perspectiva de atraso na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios reforçou o desconforto gerado pelas mudanças no texto. Isso causa volatilidade no mercado e pressionando o dólar, mesmo com o leilão extra de swap feito pelo Banco Central (BC)”.

Quartaroli, porém, acredita que a tônica desta quarta é a ata do Fomc: “Com a inflação forte nos Estados Unidos, a expectativa para a antecipação do aumento dos juros nos Estados Unidos é grande”, prevê.

Para o head de tesouraria da Travelex Bank, Marcos Weigt, “o real está performando melhor que as emergentes, e nas últimas semanas foi a que mais se valorizou. Isso acontece pois ela é a moeda mais ‘premiada’, precificada”.

Weigt não acredita que o movimento do câmbio desta quarta sofra algum tipo de influência da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios: “Este risco fiscal já foi muito precificado, só irá mudar se alguma situação nova acontecer”, projeta.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abriram o dia em alta, passaram a operar mistas, mas foram tomadas por otimismo com o avanço da PEC dos Precatórios no radar e fecharam em queda.

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,686% de 8,680% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,130%, de 12,250%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,830%, de 11,930% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,730% de 11,760%, na mesma comparação.

Os principais índices de mercados de ações norte-americano fecharam a sessão em campo misto, após a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Analistas afirmaram que a pressão inflacionária deve fazer o banco central elevar a taxa básica de juros antes do previsto. Caso o problema persista, também não está descartada a necessidade de aumentar o ritmo de redução da compra de ativos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,03%, 35.804,38 pontos
Nasdaq Composto: +0,44%, 15.845,2 pontos
S&P 500: +0,22%, 4.701,46 pontos