Bolsa fecha em alta com cenário mais positivo interno em meio às falas de RCN; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta e retomou o patamar dos 118 mil pontos em um dia positivo para o cenário doméstico com as projeções melhores do relatório trimestral de inflação (RTI), entrevista do presidente do Banco Central Roberto Campos Neto (RCN) em que sinalizou um possível corte na taxa de juros e o foco do mercado ficou para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Antes do fechamento do mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu uma entrevista coletiva e disse que a meta da inflação de 2024 e 2025 foi mantida em 3% e mudou regime de ano-calendário para meta contínua.

No RTI, a estimava da inflação para este ano foi reduzida em 0,8 ponto porcentual (pp) para 5%. Já o Produto Interno Bruto (PIB) foi revisado para cima este ano de 1,2% para 2%.

As ações da Vale (VALE3) e siderurgias, o setor bancário e a Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram boa performance na sessão de hoje. A Vale (VALE3) ação de peso no índice, subiu 1,22%.

O grande destaque de alta ficou para o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), os papéis avançaram 12,99%, reagindo à notícia da oferta bilionária pelo Éxito.

O principal índice da B3 subiu 1,45%, aos 118.382,65 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou1,65%, aos 120.540 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Leandro Petrokas, diretor de research, sócio da Quantzed, disse que o Ibovespa sobe com os investidores “monitorando a reunião do CMN e o mercado gostou da notícia do Pão de Acúçar”.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que após os últimos dias de realização, o Ibovespa retoma os ganhos “com os dados econômicos mais positivos por aqui- IGP-M mostrou deflação maior que o esperado e no relatório trimestral de inflação, o BC revisou estimativas de crescimento do PIB e reduziu expectativas para inflação-, falas do Roberto Campos Neto e de olho na reunião do CMN; as commodities metálicas também estão se recuperando”.

João Piccioni, analista Empiricius, disse que o dia positivo para o mercado. “O destaque fica para “as smalls caps e a disparada das ações do Pão de Açúcar, após a oferta de venda do Éxito, os investidores estão tomando mais de risco, a revisão do PIB do primeiro trimestre mais forte lá fora sustenta a análise de que os juros vão ficar mais altos por mais tempo”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,04%, cotado a R$ 4,8480. A moeda oscilou durante toda a sessão, impactada pelo descontrole inflacionário global.

O sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “depois de uma eternidade de queda, o dólar vem no seu terceiro dia de alta, refletindo um pouco da dificuldade de controle inflacionário no mundo”.

Brigato entende que o dólar pode chegar a R$ 4,90, mas a tendência ainda é baixista. Contudo, o cenário pode mudar caso a Selic (taxa básica de juros) comece a ser cortada em agosto.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “á fora, os juros dos Treasury Bonds (título do Tesouro dos Estados Unidos) sobem após discursos de Powell (presidente do Fed) e Christine Lagarde (presidente do BCE), e as ações avançam com fluxo de notícias corporativas mais positivas da zona do euro. Por aqui, ativos devem acompanhar exterior”.

“Em evento realizado em Sintra, Jerome Powell destacou que a política do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ainda não é restritiva o suficiente e que ainda não ficou no campo restritivo o tempo necessário para conter a inflação. Powell também não descartou a possibilidade retornar com aumentos consecutivos dos juros, e reforçou que o núcleo só atingirá o patamar de 2,0% em 2025. Já Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), também afirmou que o aumento dos juros em julho é altamente provável, mas deixou em aberto nova elevação em setembro. Para Lagarde, o BCE ainda tem um longo caminho a percorrer e uma pausa não está em seus planos a não ser que tenha evidências de estabilização da inflação subjacente, contextualizou a Ajax.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) passaram a operar em queda. As novas metas para a inflação de 2023 (5,0%) e 2024 (3,4%) ainda são digeridas pelo mercado.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,960% de 12,970 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,955% de 10,985%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,350%, de 10,370%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,410% de 10,390% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, refletindo uma nova leva de indicadores econômicos que reforçaram a resiliência da economia norte-americana apesar do contínuo aperto monetário promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,80%, 34.122,42 pontos
Nasdaq 100: -0,004%, 13.591,3 pontos
S&P 500: +0,44%, 4.396,44 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA