Bolsa fecha em alta com certo alívio da inflação; dólar volta a subir

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São Paulo – Em um pregão positivo, o Ibovespa se recuperou das perdas da véspera e fechou em alta de mais de 1% com os dados da inflação por aqui dando um certo alívio aos investidores, apesar de ainda acelerada. Somado a isso, o exterior favorável contribuiu para um bom desempenho do índice. Na semana, a Bolsa encerrou com ganho de 2,5%, para 107.758,34 pontos, de 105.069,69 pontos em 3 de dezembro.

O Indice de Preços ao Consumidor (IPCA) referente a novembro subiu 0,95% ante o mês anterior, resultado melhor que o esperado pelo mercado, que previa alta de 1,08%. Mas a taxa foi a maior para o período desde 2015 (+1,01%). 

Nos Estados Unidos, embora a inflação tenha registrado alta de 0,8% em novembro ante outubro o impacto não foi negativo nos mercados. Os investidores esperam com atenção a reunião da próxima semana sobre a decisão de política monetário do país. O principal índice da B3 subiu 1,38%, aos 107.758,34 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro ganhou 1,48%, aos 107.980 pontos. O volume financeiro foi de R$ 16,608 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta. 

Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, disse a Bolsa está em um movimento de ajuste depois da PEC dos precatórios, “o mercado pode perceber que tinha muitas ações baratas, fora do preço e o posicionamento disso também é fluxo de capital estrangeiro na Bolsa. Nesses momentos históricos, o gringo monta posição principalmente em Petrobras, Vale e Banco do Brasil”. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 1,31% e 1,22%; Vale (VALE3) e Banco do Brasil (BBAS3) avançaram 0,62% e 1,49%, nessa ordem.

Segundo Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, comentou que o Ibovespa avança “com IPCA abaixo do esperado em novembro e retoma a sequência de alta interrompidas na véspera com o discurso hawkish do Copom [Comitê de Política Monetária]”. 

Para Rodolfo Consenzzo, hedge da área de mercados internacionais na Top Gain, a Bolsa opera no positivo apoiada “pelo otimismo dos investidores do mercado norte-americano, após a divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos em linha com a previsão do mercado e o dado de IPCA menor que o esperado”. 

O dólar comercial fechou em R$ 5,6140, com alta de 0,69%. A moeda norte-americana refletiu a divulgação do Indice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que subiu 0,8% em novembro ante outubro. Além da inflação, o indicador aponta que os Estados Unidos estão em rota de crescimento e o aumento dos juros se aproxima. 

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a economia dos Estados Unidos caminha para um caminho construtivo em 2022, ao mesmo tempo em que esta inflação continua pressionada, corroborando para um dólar forte”. 

Abdelmalack acredita que a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que ocorre na próxima semana, pode trazer novidades: “Teremos mais informações de como eles estão enxergando o cenário. A inflação de lá está mais persistente, e mostra que existe uma pressão por consumo”, analisa. A economista ainda diz que o aumento dos juros no próximo “não é nenhum segredo” e que os investidores querem apenas entender como será o ritmo deste aumento. 

Por outro lado, Abdelmalack considera os resultados do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que subiu 0,95% em novembro ante outubro positivo: “O IPCA surpreendeu para baixo e, dependendo dos dados de dezembro, o acumulado ano pode acabar em um dígito”, opina. A desaceleração da inflação, salienta, não irá mudar o aumento o ciclo de aumentos da Selic, diz a economista. 

De acordo com o boletim da Ajax Capital, os “ativos de risco devem acompanhar exterior, que operam em leve baixa à espera da inflação de novembro. Afinal, mercado teme que a continuidade de números elevados obrigue o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a ser mais rápido na normalização da política monetária, o que poderia diminuir apetite a risco”. 

Uma antecipação dos juros nos Estados Unidos, assim como o anúncio da aceleração do tapering (remoção de estímulos), é algo que afeta diretamente os mercados emergentes, pois aumenta ainda mais a atratividade para o aporte de capital em economias que oferecem baixo risco ao investidor. 

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em forte queda, após IPCA indicar uma inflação relativamente controlada. 

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 9,154% de 9,154% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,430%, de 11,625%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,425%, de 10,690% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,340% de 10,600%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,63 para venda. 

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com o S&P 500 subindo 0,95%, próximo de seu maior recorde, mesmo após a divulgação do indicador de preços de novembro pelo Departamento de Trabalho. É a maior alta inflacionária no país desde 1982. 

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento: 

Dow Jones: +0,60 %, 35.970,99 pontos 

Nasdaq Composto: + 0,73%, 15.630,6 pontos 

S&P 500: 0,95%, 4.712,02 pontos 

Veja o acumulado dos índices na semana: 

Dow Jones: + 4,03% 

Nasdaq Composto: + 3,61% 

S&P 500: + 3,83% 

Este texto foi corrigido às 16h19 do dia 13 de dezembro. A versão original informava que o Ibovespa teve alta de 4,1% na semana, mas na verdade o ganho foi de 2,5%.