Bolsa fecha em alta com commodities às vésperas de decisão de juros; dólar sobe

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São Paulo – Em um pregão mais positivo, a Bolsa fechou em alta com apoio das commodities, mas com avanço limitado devido à desconfiança do mercado com o corte de gastos pelo governo.

Os investidores esperam pelo principal evento da semana, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã (19), quando será feriado nos Estados Unidos.

O destaque positivo ficou para as ações da CSN (ON, +9,06%) e negativo para a Azul (PN, – 6,11%).

O principal índice da B3 subiu 0,41%, aos 119.630,44 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,30% 121.290 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que o mercado é “impactado, muito provavelmente, pelas commodities, com a alta do petróleo e do minério de ferro. Apesar das críticas duras do Lula ao Campos Neto [presidente do Banco Central], não acredito que isso tenha mexido no mercado, que está em compasso de espera pela decisão de taxas de juros amanhã”.

Em relação ao Copom, Cohen disse que a Selic deve se manter inalterada em 10,5% ao ano por conta dos dados de inflação mais altos, mas não acredita em uma decisão unânime.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “a entrevista do presidente [Lula] pela manhã limita um sentimento positivo nos mercados. Ele criticou muito o Banco Central, demonstrou que pouco avançou em discussão sobre cortes de gastos. Acredito que eles vão mirar algum subsídio adiante, como ele disse hoje ‘não são gastos, são investimentos'”.

Raony Rossetti, CEO da Melver, disse que a Bolsa tem um pregão positivo com as ações de peso no Indice, mas a desconfiança em relação ao governo não sai do radar.

“A Petrobras e Vale dão um pouco de alívio, mas é um dia ou outro positivo. Enquanto o governo não der uma sinalização clara sobre corte de custos, a Bolsa vai ficar de lado ou pra baixo. A gente vê um elevado grau de desconfiança do setor financeiro em relação ao Lula, ao Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda], não é à toa que o câmbio disparou mais de 10% no ano e a taxa de juros está caindo menos do que o mercado esperava”.

Em relação à Petrobras e Vale, Rossetti disse que a Vale acompanha o minério de ferro. A definição do valor de indenização às vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, chegando ao fim também ajuda na ação.

Já a estatal, sobe com o petróleo e reflete o acordo da companhia com a Receita Federal para encerrar os litígios com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 3,35% e 3,13%. Vale (VALE3) avançou 0,46%.

O dólar comercial fechou em alta de 0,20%, cotado a R$ 5,4326. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certa expectativa com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começou hoje, e amanhã irá anunciar o valor atualizado da Selic (taxa básica de juros).

De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado está sentindo que o preço está exagerado. A primeira notícia positiva vai derrubar este dólar, não dá para resistir muito tempo”.

Para a economista do Ouribank Cristiane Quartaroli, “temos um dia de mais cautela com a decisão do Copom. Tem uma certa dúvida se haverá corte ou não”.

Quartaroli acredita que o movimento de hoje seja de certa correção: O pano de fundo macroeconômico brasileiro não é ruim. Não justifica o câmbio estar neste patamar”, avalia.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam majoritariamente em alta, por conta das críticas que o presidente Lula fez ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,670%, de 10,690% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,310% de 11,285%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,660%, de 11,590%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,910% de 11,740 na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, enquanto a Nvidia ultrapassou a Microsoft para se tornar a empresa mais valiosa do mercado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,15%, 38.834,99 pontos
Nasdaq 100: +0,03%, 17.862,23 pontos
S&P 500: +0,25%, 5.487,03 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News