Bolsa fecha em alta com dado de inflação e expectativa de corte de juros; dólar recua

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo quarto dia seguido e na máxima do ano, superou os 114 mil pontos, em um dia de otimismo no mercado domésticos com os investidores apostando no corte da taxa de juros (Selic), após o Indice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio indicar deflação e com boas expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que será divulgado amanhã.

Somado a isso, os investidores ficaram com foco na tramitação da reforma tributária na Câmara e aprovação do arcabouço fiscal no Senado.

O destaque ficou para as ações sensíveis com a expectativa de queda da Selic. As ações da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) avançaram, respectivamente, 10,50% e 8,68%. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,02% e 2,11%.

A (CIEL3) caiu 2,54% com a notícia de que o JP Morgan rebaixou a recomendação para as ações.

Mais cedo, foi divulgado o Indice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio caiu 2,33% ante 1,01% em abril, abaixo do esperado pelo mercado.

O principal índice da B3 subiu 1,69%, aos pontos 114.610,10 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 1,82%, aos 115.070 pontos. O giro financeiro foi R$ 29,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse “que os investidores precificam expectativas otimistas com relação à inflação e aos juros no País, em meio à tramitação do arcabouço fiscal e da reforma tributária. Hoje o IGP-DI trouxe deflação mais aguda que o previsto e alimentou visões benignas para inflação, que poderão ser referendadas amanhã com o IPCA de maio”.

Nishimura acrescentou que o mercado vem, gradativamente, enxergando uma combinação de fatores que cada dia impulsiona a Bolsa. “O Ibovespa chegou à máxima do ano e ultrapassou os 114 mil pontos e, se superado o patamar, os analistas gráficos enxergam como gatilho para chegar aos 118 mil pontos”.

Arlindo Souza, analista de ações do TC, disse que a sessão de hoje é positiva para o mercado, com avanço da Bolsa e recuo da curva de juros em todos os vértices. “Os dados de inflação estão no radar dos investidores; hoje tivemos o IGP-DI reportando abaixo do consenso, amanhã sai o IPCA e o mercado espera desaceleração do índice de 0,36% e, se confirmar, seria o terceiro mês consecutivo de desaceleração desse indicador. Isso traz menos pressão para aos juros e mais espaço para o Banco Central iniciar o ciclo de corte de juros porque a inflação vem dando sinais de que está arrefecendo, refletindo nos DIs e nos ativos de risco”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse a Bolsa avança e chega no patamar dos 114 mil pontos.

“Um grande gatilho macroeconômico foi o IGP- DI, bem abaixo do esperado no mês de maio, e vemos que está abrindo uma oportunidade para se ter uma queda da taxa de juros no Brasil, mas o bom humor internacional também ajuda. Com a pauta do arcabouço fiscal virada, a gente começa a olhar para a reforma tributária, que tem ganhado força hoje e o texto vai ser discutido com profundidade no segundo semestre. O contexto é positivo pra gente tratar de assuntos superimportantes para o Brasil e caminhar para uma redução dos juros em um momento em que o crescimento da economia tem se mostrado mais forte que o esperado, que não é inflacionário. É um ambiente de desinflação, crescimento salutar e queda de juros, tudo isso é positivo para os ativos de risco”.

Segundo uma fonte de uma grande gestora de investimentos disse que a Bolsa avança com o otimismo espalhado pelo mercado” com perspectiva de corte de juros pelo Copom e isso pode ser observado nos papéis da economia doméstica, sensíveis a juros” .

O dólar comercial fechou em queda de 0,34%, cotado a R$ 4,9120. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o bom humor global e, no cenário doméstico, o mercado mostrou animação com os indícios de que a Selic (taxa básica de juros) deve começar a sofrer cortes na reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom).

Segundo o economista da Guide Investimentos Rafael Pacheco, “hoje, em especial, é um dia muito parado. O diferencial de juros beneficia o carry trade. O valor do dólar, com base nos fundamentos, é entre R$ 4,80 e 5,00”.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “o mercado ainda está bastante positivo e este IGP-DI só confirma a tese do mercado do corte de juros e tira um pouco a atratividade do câmbio.

Komura entende que o corte dos juros é questão de tempo, com parte do mercado apostando que o processo terá início na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em agosto.

De acordo com a Ajax Capital, lá fora, petróleo volta a recuar, num dia fraco para os ativos de risco. Por aqui, destaque para a apresentação das diretrizes da reforma tributária na Câmara. Mais: queda do IGP-DI supera expectativas e deve impactar as taxas de juros. O IGP-DI de maio caiu 2,33% ante expectativas de 1,82%.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em queda por conta dos dados do IGP- DI melhores que o esperado. A apresentação do relatório sobre a reforma tributária previsto para hoje, na Câmara, também impacta o comportamento das DI.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13, 135 % de 13,120 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11, 245% de 11,315%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,525 %, de 10,580%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,510 % de 10,555 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com os investidores avaliando o rali mais recente que levou o S&P 500 ao seu nível mais alto dos últimos nove meses.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,03%, 33.573,28 pontos
Nasdaq 100: +0,36%, 13.276,4 pontos
S&P 500: +0,23%, 4.283,85 pontos

 

Com Paulo Holland, Dylan Della Pasqua e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA