Bolsa fecha em alta com expectativa de corte mais intenso nos juros americanos, dólar cai

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, em linha com o exterior, com o crescimento das apostas para um corte de juros nos Estados Unidos de 0,50 ponto porcentual (pp) na reunião de política monetária nos dias 17 e 18.

Na mesma data, o Comitê de Política Monetária (Copom), decide a taxa básica de juros (Selic) em que o mercado precifica alta de 0,25 ponto porcentual (pp).

Na sessão de hoje, boa parte das ações subiu, com destaque para as metálicas e as da economia doméstica com o fechamento da curva de juros. O setor de frigoríficos sofreu. Na semana subiu 0,10%.

As ações da Vale (VALE3) subiram 0,67%. CSA (CSNA3) avançou 3,20%. Magazine Luiza (MGLU3) teve alta de 3,84%. Na ponta negativa, JBS (JBSS3) caiu 1,28%.

O principal índice da B3 subiu 0,63%, aos 134.881,95 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,58%, aos 136.045 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,8 bilhões. Em NY, os índices fecharam no positivo.

Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, disse a Bolsa tem um dia positivo motivada por fatores externos e internos.

“Lá fora, a principal força motriz é a renovação das expectativas de que o Federal Reserve (Fed) possa adotar um corte mais agressivo na taxa de juros dos EUA na próxima semana, após uma reportagem do Wall Street Journal e declarações do ex-presidente do Fed de Nova York, Bill Dudley, sugerirem a possibilidade de um afrouxamento monetário mais intenso-corte de 0,50 ponto percentual (pp), em vez dos 0,25 pp. inicialmente previstos. Aqui, a expectativa de que o Copom eleve a taxa Selic em 0,25 ponto percentual também está precificada no mercado e foi reforçada pelo resultado do IBC-Br de julho. Embora o declínio tenha sido menor, ele não foi suficiente para dissipar preocupações com a atividade aquecida e seus impactos sobre a inflação”.

Em relação às ações, Assai e Carrefour ficaram entre maiores quedas. Carrefour (CRFB3) caiu 2,67%, após rebaixamento do Bank of America (BofA) de compra para neutro. O preço-alvo também foi reduzido, para R$ 11.

Segundo Iarussi, o Banco destacou que os custos de financiamento mais altos impactam desproporcionalmente a companhia, apontando que as cargas de dívida pesadas limitam o investimento em preço.

O BofA também reduziu a recomendação de Assaí (ASAI3) para neutro e ajustou o preço-alvo para R$ 10,25, a ação tinha queda de 2,75%, disse Iarussi. As ações caíram 2,97%.

Leonardo Santana, analista e sócio da To Gain, disse que “o mercado aumentou as apostas pelo corte de juros nos EUA, podendo ser até 0,50 ponto porcentual (pp) já na próxima reunião [17 e 18], com isso resulta uma entrada de capital e impulsiona a Bolsa”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “o mercado global está mais otimista com o corte de juros americano. Uma parcela dos investidores acredita que existe a chance de um corte de 0,50pp na reunião da semana que vem”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que a Bolsa sobe por conta do IBC-Br de julho.

“O único dado que chamou a atenção foi o IBC-Br que veio mais fraco-recuou 0,4% contra estimativa de -0,90% em julho e no acumulado em 12 meses veio 5,3%, expectativa de 4,5%, isso mostra que a atividade segue mais forte, o que poderia trazer mais pressão para a curva de juros, mas não é o que estamos vendo porque todos os vértices estão fechando e está abrindo espaço para ativo performar melhor”.

Hashimoto explicou que “o dado forte pode trazer mais pressão por uma eventual curva de juros porque pode pressionar inflação, e por outro mostra que a economia está bem e favorece mercado de capitais. Isso beneficia alguns setores da bolsa, dado que tem muito ativo descontado”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,90%, cotado a R$ 5,5662 em dia de otimismo global e ajuste técnico, após algumas sessões em alta.

A divisa oscilou entre a mínima de R$ 5,5443 e máxima de R$ 5,6190. Na semana, a moeda norte-americana caiu 0,45%.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, caiu de 0,15% a 101,11 pontos.

Para Bruno Komura, analista da Potenza Capital, “hoje vemos uma correção depois de muito estresse. Pelo visto o Fed irá cortar 0,25 ponto percentual (pp), afastando o risco de uma recessão nos Estados Unidos”.

Komura, no entanto, explicou que o mercado aguarda pelas decisões de política monetária tanto do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e Comitê de Política Monetária (Copom), que devem ditar o rumo do câmbio a curto prazo.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda acompanhando o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano (treasuries) em razão de uma expectativa para um corte mais acentuado dos juros nos Estados Unidos, na reunião da semana que vem -dias 17 e 18.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,960% de 10,960% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,805%, de 11,860%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,795%, de 11,835%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,850% de 11,895% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, registrando fortes ganhos semanais após as expectativas de Wall Street para um grande corte na taxa de juros pelo Federal Reserve subirem repentinamente.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,72%, 41.393,78 pontos
Nasdaq 100: +0,65%, 17.684,0 pontos
S&P 500: +0,54%, 5.626,02 pontos

 

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News