Bolsa fecha em alta, com indefinição fiscal, apoiada por alta da Vale e bancos

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São Paulo, 19 de novembro de 2024 – O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira em alta, antes da interrupção dos negócios por conta do feriado da Consciência Negra nesta quarta-feira (20). As ações da Vale (VALE3), de maior peso no índice, subiram 0,22% e impulsionaram a Bolsa, acompanhando a valorização do minério de ferro no exterior.

O mercado segue em compasso de espera do anúncio de corte de gastos do governo após resposta do Ministério da Defesa e a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Há rumores de que o anúncio pode ficar para a semana que vem.

Os traders acompanharam falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em evento no final desta manhã, em São Paulo, que voltou a falar sobre a desancoragem da inflação e que os agentes econômicos têm a percepção da piora do quadro inflacionário.

“Há uma desconfiança de que a longo prazo o governo não vai conseguir equilibrar o fiscal do país. Não dá para manter os juros baixos sem harmonia fiscal”, opinou. Ele, contudo, voltou a enfatizar que o Brasil não está em dominância fiscal.

Em dia esvaziada de indicadores econômicos, os investidores acompanharam as tensões geopolíticas no exterior, investigações sobre o plano para matar o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin, novos anúncios do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e declarações de líderes na reunião internacional no Rio de Janeiro. O presidente Lula chegou a cancelar uma coletiva de imprensa que estava prevista para 14h30 (horário de Brasília), ao término da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, mas deu breves declarações no anúncio de rodada de investimentos à Organização Mundial da Saúde. Lula disse que os países ricos gastam mais com guerras do que para salvar vidas e destacou o apoio aos temas de combate à fome e à pobreza.

O principal índice da B3 fechou em alta de 0,33%, aos 128.197,25 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,46%, aos 129.245 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15 bilhões. Em Nova York, os futuros fecharam mistos.

Os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 1,27% e 1,04%, com o desempenho negativo dos contratos futuros de petróleo no exterior. O mercado ainda fica à espera de mais detalhes quanto ao Plano de Negócios 2025/2029 da estatal, que antecipou na segunda-feira (18) parte das informações. A previsão é de investimentos totais de US$ 111 bilhões para o período, além do pagamento de US$ 45 bilhões em dividendos ordinários. A proposta deverá ser aprovada pelo conselho de administração da empresa na quinta-feira (21).

Os papéis dos maiores bancos subiram em bloco, com exceção do Santander.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, avalia que o desempenho do índice como “dia mais morno em véspera de feriado”. “Investidores seguem aguardando novidades referentes ao pacote de corte de gastos. A expectativa é que possa ser divulgado pós feriado e após o fim da reunião do G20, ainda nessa semana. Ibovespa sobe hoje com impulso de Vale, que está no positivo acompanhando a alta do minério de ferro”, destaca.

O dólar comercial fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,7666. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o acirramento do conflito entre Rússia e Ucrânia, e as expectativas que rondam o pacote fiscal que deve ser anunciado pelo governo nos próximos dias.

O vice-presidente executivo do Travelex Bank, João Manuel Freitas, entende que o principal driver é o fiscal doméstico: “Essa [a situação fiscal] é a maior apreensão que o mercado tem no momento e existe a expectativa de que uma decisão sobre a política fiscal seja anunciada nos próximos dias. Após isso, nós vamos ter outros fatores que vão dar uma nova dimensão de como vai ficar a taxa cambial”.

“Com a autorização dos Estados Unidos para uso de mísseis de longa distância pela Ucrânia e consequente ameaça do Vladimir Putin de uso de armas nucleares, talvez os investidores adotem nessa postura de aversão ao risco por mais tempo, preocupados com uma possível guerra e todas as suas consequências”, explica Keone Kojin, da Valor Investimentos.

“A gente ainda deve ter, após o término do G20, a conclusão e anúncio do pacote de gastos, que deve sair em torno de 70 bilhões, supostamente. Isso é o que dizem, que deve sair o tamanho dos cortes de gastos, colocando aí também os benefícios sociais dentro do arcabouço fiscal, com um certo limite. Mas esse anúncio não é exatamente o que afeta o dólar hoje, mais que tudo é essa nova tensão na guerra entre Rússia e Ucrânia.”

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) ofecham majoritariamente em queda, voláteis em dia de aversão ao risco, trazida pela escalada entre a guerra da Ucrânia e Rússia. Internamente, a economia aquecida gera temor inflacionário geral.

Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,456% de 11,420% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 13,200%, de 13,235%, o DI para janeiro de 2027 ia a 13,370%, de 13,370%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 13,290% de 13,355% na mesma comparação. O dólar opera em alta, cotado a R$ 5,7666 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com Wall Street em grande parte ignorando os temores de uma escalada nuclear na guerra entre Rússia e Ucrânia. Enquanto isso, a Nvidia deu um impulso significativo ao Nasdaq, que é dominado por empresas de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,28%, 43.268,94 pontos
Nasdaq 100: +1,04%, 18.987,5 pontos
S&P 500: +0,39%, 5.916,98 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo (Safras News)

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