Bolsa fecha em alta com inflação dentro do esperado, falas de Powell e petróleo em alta; dólar cai

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São Paulo, 11 de fevereiro de 2025 – O Ibovespa encerrou o pregão em alta, com destaques para as ações de Carrefour Brasil, que fecharam com valorização de mais de 10%, após confirmação de que a companhia estuda fechar seu capital na bolsa brasileira, e da Tim (+6,94%), após resultados do quarto trimestre divulgados na noite de ontem, além de anúncio de um acordo com o Banco C6 para resolver todas as disputas associadas à sua parceria e monetização de sua participação.

Os investidores também acompanharam falas do governo brasileiro após reuniões que marcaram a retomada dos trabalhos no Congresso Nacional e o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, no Senado norte-americano.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou a agenda econômica do governo federal relativa ao biênio 2025-2026 para os senadores, e disse que o ano será muito produtivo na Câmara e no Senado, após reunião que contou com o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre. No encontro, ambas as partes apresentaram propostas. Haddad reforçou que muitas das 25 medidas já foram digeridas pelos parlamentares e que o governo apresentará outras propostas após concluir tramitação interna do governo. Por outro lado, os senadores pediram para que projetos próprios fossem incorporados à agenda do governo.

Powell voltou a dizer que a economia norte-americana está indo bem e disse que o Fed pode esperar um tempo para decidir quando e se deve reduzir a taxa de juros. O presidente do Fed também indicou dois possíveis caminhos para a política monetária em 2025: juros estáveis por mais tempo se a inflação não continuar caindo para a meta de 2%, especialmente se a economia permanecer forte. Ou o Fed reduzindo os juros caso o mercado de trabalho enfraqueça inesperadamente ou a inflação desacelere mais rapidamente do que o esperado.

Mais cedo, foram divulgados dados de inflação no Brasil dentro do esperado e o governo dos Estados Unidos confirmou a taxação à importação de aço e alumínio ao país. Entidades brasileiras do aço e alumínio defenderam o diálogo entre os dois países e temem impactos negativos aos seus negócios.

O principal índice da B3 subiu 0,75%, aos 126.521,66 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,70%, aos 126.535 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,7 bilhões. Em Nova York, os índices de ações fecharam mistos.

As ações da Petrobras (PETR3 +0,54%; PETR4 0%) – que têm forte peso no índice de ações – operaram com volatilidade e encerraram mistas, enquanto as demais petrolíferas subiram, após o avanço do petróleo no exterior. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta quarta-feira que a companhia avalia oportunidades de blocos em águas profundas e ultra profundas na India, após o país anunciar a oferta de 25 blocos de exploração. A presidente da Petrobras reforçou ainda a necessidade de recomposição de reservas de petróleo por parte da estatal, sejam essas reservas no Brasil ou fora.

Os quatro maiores bancos subiram em bloco, com destaque para o Bradesco (BBDC4 +2,33%), que concluiu a transação com a John Deere Brasil e passou a deter 50% de participação no capital social do banco.

As ações da Vale (-0,81%) e CSN Mineração (-1,11%) caem com a queda do minério. Usiminas sobe 2,97%.

A Ativa Investimentos destacou os desempenhos positivos das as ações da Carrefour (CRFB3), Hapvida (HAPV3) e Vamos (VAMO3), que ficaram entre as maiores altas do pregão, respectivamente, 10,07%, 7,26% e 6,30%, junto com Tim e Pão de Açúcar (+6,66%). “Carrefour opera em forte alta com anúncio de possível deslistagem. Hapvida opera em alta após relatório otimista de sell side”, destacou.

Os destaques negativos ficaram com as ações de Automob (AMOB3), Azul (AZUL4), Casas Bahia (BHIA3), CSN (CSNA3) e Weg (WEGE3), com quedas de 3,44%, 3,00%, 2,56%, 2,20% e 2,02%.

O papel da Vivara (VIVA3) fechou em baixa de 2,16%, após destituição de diretor de marketing.

As siderúrgicas Gerdau (+0,96%) e Gerdau Metalúrgica (+0,51%) subiram após confirmação de taxação à importação de aço e alumínio pelos Estados Unidos que pode beneficiar as empresas, que operam nos EUA.

Para a Genial Investimentos, apesar de uma eventual taxação no petróleo e derivados do Brasil ser um evento negativo, o impacto esperado para a Petrobras deve ser muito limitado. “A Petrobras vende apenas 2,5% da sua produção de petróleo e derivados para os Estados Unidos. Sendo assim, estimamos uma exposição da receita total da empresa em aproximadamente US$ 2,5-3,5 bilhões, representando um impacto entre US$250-350 milhões/ano para Petrobras caso a empresa venha a absorver totalmente essa tributação se a mesma for aplicada nos mesmos termos que foi aplicado no Canadá. Ou seja: considerando o nosso ebitda estimado para 2025 de R$240 bilhões, a exposição da Petrobras é de menos de 1% do nosso ebitda. Além disso, caso o petróleo brasileiro perca competitividade, é sempre possível redirecionar a produção a outros mercados”, comentou a Genial, em relatório.

O dólar comercial fechou a R$ 5,7672 para venda, com desvalorização de 0,29%. Às 17h05, o dólar futuro para março tinha baixa de 0,49% a R$ 5.783,000. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, recuava 0,33% a 107,96 pontos.

Os agentes avaliaram o discursos do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, e ainda absorvem um IPCA sem surpresas. A confirmação da sobretaxa de 25% por parte dos Estados Unidos para o aço e o alumínio também estiveram no radar.

Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana, o diferencial dos juros brasileiros segue contribuindo para o fluxo estrangeiro, valorizando o real, que tem o suporte de R$ 5,70.

Já o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que “o real inda está sob efeito da dinâmica de final do ano quando ocorreu um fluxo muito grande de saídas e foram supridas com as vendas que o Banco Central fez. Com a virada do ano e sem novas noticias ruins, e com a reversão dos fluxos, o real valorizou bem mais que os pares. Acredito que no curto prazo continue esse processo de valorização gradual e lenta”.

Powell voltou a dizer que a economia norte-americana está indo bem. Ele porém disse que o Fed pode esperar um tempo para decidir quando e se deve reduzir a taxa de juros.

“Com nossa política agora significativamente menos restritiva do que antes e a economia permanecendo forte, não precisamos ter pressa para ajustá-la”, disse Powell em seu discurso preparado ao Comitê.

Powell defendeu os cortes de juros do ano passado como um ajuste necessário diante da melhora na inflação e do arrefecimento do mercado de trabalho. Ele indicou dois possíveis caminhos para a política monetária em 2025: juros estáveis por mais tempo se a inflação não continuar caindo para a meta de 2%, especialmente se a economia permanecer forte. Ou o Fed reduzindo os juros caso o mercado de trabalho enfraqueça inesperadamente ou a inflação desacelere mais rapidamente do que o esperado.

Internamente, o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,16% em janeiro ante dezembro, desacelerando em relação à alta apurada no período imediatamente anterior (0,52%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou em linha com as expectativas do mercado financeiro, de +0,16%, conforme o Termômetro Safras. Com isso, o IPCA acumulou em 12 meses, até janeiro, alta de 4,57%, também em linha com as as estimativas de +4,57%, ainda segundo o Termômetro Safras.

Em relatório divulgado hoje Safras & Mercado continua “enxergando um cenário mais amistoso para o real, uma vez que o atual spread (diferença de juros entre Brasil e Estados Unidos) está muito apetitoso ao investidor estrangeiro e vemos a nova ‘guerra comercial’ como positiva para moeda brasileira, ajudando principalmente produtos agrícolas a ganharem mais espaço no mercado internacional. Estamos projetando uma balança comercial mais superavitária em 2025”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda, refletindo o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, divulgado no começo da sessão.

Às 16h35, o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,925% de 14,975% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,050%, de 15,160%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,875%, de 14,980%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,805% de 14,885% na mesma comparação. O dólar opera em queda de 0,3%, cotado a R$ 5,7669 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, enquanto investidores absorviam os comentários cautelosos do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sobre as taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,28%, 44.593,65 pontos
Nasdaq 100: -0,36%, 19.643,9 pontos
S&P 500: +0,03%, 6.068,50 pontos

Dylan Della Pasqua, Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

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