Bolsa fecha em alta com melhora na percepção de risco fiscal e queda dos DIs; dólar encerra a R$ 5,63

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta em um dia de alívio em relação ao fiscal, após falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os dados mais fracos da economia aqui e nos Estados Unidos beneficiaram os DIs e puxaram o Indice pra cima.

Somado a isso, o setor de mineração e siderurgia se recuperaram de perdas recentes e bancos seguiram em alta firme. As ações sensíveis a juros também tiveram um dia positivo com o fechamento da curva. . O Itaú (ITUB4) subiu 0,70%, e no ano avançou em torno de 15%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) registrou ganho de 0,56% e 0,76% e, apesar da recuperação, as ações caem em torno 3% no ano.

A Vale (VALE3) se recuperou na sessão de hoje e fechou em alta de 0,77%. Hoje, a mineradora paga aos acionistas um montante de R$ 8,940 milhões em juros sobre capital (JCP). A companhia paga o correspondente a R$ 2,093 por ação.

Magazine Luiza (MGLU3) subiu 3,08%. MRV (MRV3) avançou 1,65%. Embraer (EMBR3) fechou em alta de 5,79%.

O principal índice da B3 subiu 1,30%, aos 136.110,73 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 1,17%, aos 137.830 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,6 bilhões Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o grande driver hoje é juros.

“Com os dados mais fracos aqui e nos Estados Unidos estão fazendo com que a curva de juros feche no Brasil e lá fora e isso acaba impulsionando o Ibovespa. O destaque fica para os bancos e o setor de siderurgia e mineração, que atrapalhou o desempenho da Bolsa recentemente, estão performando bem”.

Fabrício Norbim, especialista da Valor Investimentos, disse que “o movimento de Vale e Petrobras faz o Ibovespa caminhar para um fechamento positivo, apesar do recuo no exterior. Mas o que chama a atenção é a Embraer, as ações sobem mais de 120% no ano e no pregão de hoje avança mais de 5% depois da notícia de que a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, adquiriu ações da companhia e impactou fortemente o papel”.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, disse que dados fracos aqui e nos Estados Unidos, falas do ministro da Fazenda Fernando Haddad e alta das ações sensíveis a juros puxam a Bols para cima.

“Com o relatório Jolts, o cenário de hoje para ativos de risco se compara com conto infantil americano -Goldilocks-em que a economia lá fora tão quente de interromper perspectiva de corte de juros nos EUA, e nem tão fria a ponto de gerar medo de recessão, o que bateria nos lucros corporativos. O relatório Jolts mostrou criação de vagas de 7,673 milhões em julho, abaixo do esperado de R$ 8,1 milhões e com revisão baixista do mês anterior. Aqui o PMI de serviços continua em expansão, mas veio abaixo da expectativa e produção industrial também. Apesar de a nossa economia continuar forte, esses dados começam a apontar para uma desaceleração no segundo semestre, o que é bom para o Copom. A gente acha que vão subir os juros, mas não cravaria que é um início de alta da Selic porque os movimentos do Fed vão definir muita coisa no câmbio, mas diminui risco de BC iniciar alta de Selic. O Haddad disse que não precisa convencer o presidente Lula a cumprir as metas fiscais, mas ainda acho que ainda esteja desafiador de cumpri-las para 2024 e 2025 diante do PLOA que foi enviado ao Congresso. O dia é forte para empresas sensíveis a juros, o Itaú contribui bastante pra alta do Ibovespa”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que o mercado respira na sessão de hoje.

“As falas do Haddad sobre o controle da inflação, questão fiscal e crescimento forte do PIB de ontem deram um conforto ao mercado”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que que a Bolsa se recupera com ingresso de recursos externo e alta de ações sensíveis a juros.

“Hoje vemos uma correção. A gente está se descolando do exterior com reflexo muito positivo do fluxo estrangeiro e perspectiva de o Fed cortar juros. As ações de bancos e varejistas também se beneficiam com a queda dos DIs e puxam a Bolsa”.

Komura explicou que o mercado tem medo de um hard landing da economia americana. “O mercado está sensível a qualquer dado, está esperando o payroll [na sexta-feira, 6], mas não muda perspectiva do Fed cortar 0,25pp agora em setembro. Com a evolução dos dados, se tiver uma desaceleração forte [da economia americana], o Fed pode cortar juros 0,50pp na reunião de novembro e podemos ser penalizados por essa perspectiva ruim dos EUA”.

Douglas Souza, analista da Top Gain, disse que “as falas do Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se resumiu na preocupação do Lula e da equipe econômica com as questões fiscais. O mercado também gostou dos dados da produção industrial recuou 1,4% em julho e subiu 6,10% em relação ao mesmo período do ano passado”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,08%, cotado a R$ 5,638. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor que antecede o payroll, que será divulgado nesta sexta. No final da manhã, a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com viés fiscalista, ajudou a valorizar o real.

Haddad falou, na manhã de hoje em entrevista à GloboNews, que todos empenhados em cumprir as metas fiscais, e que o Brasil está crescendo com baixa inflação.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos, a divisa estadunidense deveria cair mais hoje, mas o mercado está cauteloso com o payroll e como ele deve afetar o ciclo dovish (suave, propenso ao corte dos juros) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)

Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana, apesar das falas de Haddad terem sido bem-recebidas pelo mercado, o foco, neste momento, é outro: “O dólar vai ficar de lado até o payroll e a decisão de juros no Brasil e Estados Unidos. O mercado voltou a se preocupar com uma recessão”, avalia.

Assim como o câmbio, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda refletindo as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação ao fiscal e trazendo alívio ao mercado.

Somado a isso, os indicadores econômicos aqui e nos Estados Unidos abaixo do esperado contribuíram para o fechamento da curva.

Por volta das 16h28 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,930% de 10,975% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,760%, de 11,925%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,760%, de 11,960%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,845% de 12,070% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, após uma forte liquidação ontem – alimentada por preocupações com o crescimento econômico e o comércio de inteligência artificial, em meio a uma queda nas ações da Nvidia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,09%, 40.974,97 pontos
Nasdaq 100: -0,30%, 17.084,3 pontos
S&P 500: -0,16%, 5.520,07 pontos

 

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News