Bolsa fecha em alta com perspectiva de cenário fiscal mais favorável; dólar cai 1,75%

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta alimentada com a perspectiva de um cenário fiscal mais favorável diante da expectativa de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição “desidratada” nesta terça-feira, com redução de prazo para um ano, de dois anos aprovado no Senado. O valor da proposta também deve ser reduzido. A expectativa é que a votação ocorra ainda hoje no Plenário da Câmara.

O principal índice da B3 subiu 2,02%, aos 106.864,11 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 2,40%, aos 109.240 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

A Bolsa brasileira iniciou o pregão com tendência negativa antes da abertura dos negócios, acompanhando o exterior, e passou a apresentar firme alta, repetindo o movimento de segunda-feira, especialmente com o rali de ativos ligados ao mercado doméstico. Esse movimento foi impulsionado pela queda dos juros e do dólar.

O movimento ganhou força no meio do dia com a redução do prazo de ampliação do teto de gastos previsto na PEC para um ano e valorizou as ações de quase todos os setores. Na máxima do dia, o Ibovespa chegou aos 107.792,12 pontos.

No fechamento, os destaques de altas ficaram para Gol (+11%), Via (+11%), Natura (+8,59%), Magazine Luiza (+8%) e Azul (+7,58%).

As únicas quedas foram de Fleury (-3,28%), Qualicorp (-3%), Marfrig (-1,58%), Suzano (-0,59%), Ambev (-0,41%). Ecorodovias fechou estável.

Entre as ações de maior peso na Bolsa, a Vale fechou em alta de 0,44%, enquanto Petrobras subiu 2,42%, e 3,08% em PETR3 e PETR4.

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, avalia que a alta da Bolsa refletia a articulação do futuro ministro da Economia Fernando Haddad com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para a aprovação da PEC, “com mais razão e bom senso”, na sua opinião.

“O prazo da PEC da Transição caiu para um ano, então, ela possivelmente será aprovada de forma desidratada. Isso anima o mercado, pois reflete na queda da curva de juros e do dólar, o que facilita crédito, e favorece papéis de varejistas, tecnologia, aviação”, comenta o analista.

O analista da Genial Investimentos Filipe Villegas disse quemovimento de alta visto no pregão de ontem refletiu uma busca de recuperação dos ativos após sucessivas quedas e uma previsão mais otimista do mercado em relação ao gasto público, para R$ 100 bilhões em 2023, de R$ 200 bilhões anterior.

“O mercado precificou que se houver algum gasto extra-teto estará relacionado ao Bolsa Família, após a ação de Gilmar Mendes, do STF, no último domingo, com R$ 100 bilhões para 2023, uma queda bastante significativa em relação aos cerca de R$ 200 bilhões de gastos pelos próximos quatro anos, estimados pelo mercado financeiro no início do governo eleito, em meados de novembro”, comentou Villegas.

O analista da Genial também apontou que o movimento do banco central do Japão, que surpreendeu os mercados globais nesta terça-feira ao ajustar seus controles de rendimento de títulos para permitir que as taxas de juros de longo prazo subam mais, gerou valorização do iene ante o dólar e impactou na valorização das commodities na manhã desta terça-feira.

Para aliviar alguns dos custos do estímulo monetário prolongado, o BoJ elevou o limite dos títulos do governo de 10 anos de 0,25 ponto percentual (pp) para 0,50 pp.Esse movimento levou os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharem a sessão em campo positivo e gerou uma elevação das commodities metálicas na manhã desta terça-feira. Já a queda de mais 3% do minério de ferro refletia a manutenção das taxas de empréstimos de referência pelos bancos chineses e dados de atividade de siderurgia.

O dólar comercial fechou em queda de 1,75%, cotado a R$ 5,2090. A moeda brasileira foi beneficiada pela desidratação do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter vetado, ontem, o orçamento secreto.

“A decisão do Supremo tirou a força do (presidente da Câmara, Arthur) Lira (PP-AL), e olhando as negociações parece que vão limitar a R$ 145 bilhões por um ano. O sinal hoje foi positivo”, analisa o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, que ainda observou que a moeda na faixa dos R$ 5,25 desde setembro, classificando o movimento de hoje como de correção.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “existe empolgação com a decisão do (ministro do STF) Gilmar Mendes, e há a percepção de que a classe política não terá tanta vontade de passar a PEC, assim como também existe uma sensação de melhora no ambiente fiscal doméstico”.

Borsoi explica que o dólar perdeu força globalmente, após a moeda estadunidense ganhar considerável força ao longo de 2022, e que a valorização do minério de ferro também está ajudando o real.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. A aparente desidratação no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, após o veto do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Orçamento Secreto, foi tida como positiva pelo mercado.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,654% de 13,658% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,805%, de 13,930%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,350%, de 13,735% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,185% de 13,620% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,2040 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, após um movimento do Banco do Japão (BoJ) que chocou os mercados. O BoJ elevou o limite dos títulos do governo de 10 anos de 0,25 ponto percentual (pp) para 0,50 pp, dando um pequeno passo para fora de sua habitual política monetária relaxada.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,28%, 32.849,74 pontos
Nasdaq 100: +0,01%, 10.547 pontos
S&P 500: +0,10%, 3.821,62 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA.