São Paulo, 26 de janeiro de 2024 – A Bolsa encerrou o pregão desta sexta-feira em alta, impulsionada por dados de inflação divulgados aqui e no exterior, à espera da primeira Super Quarta do ano, na próxima quarta-feira. Referência à coincidência de datas das reuniões do Comitê de Política Monetária do Brasil (Copom) e do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), do Federal Reserve, no dia 31 da janeiro, as autoridades monetárias do Brasil e dos Estados Unidos vão anunciar os rumos dos juros da política de juros para os próximos meses nos dois países.
As ações da Vale (VALE3) subiram 1,66%, a R$ 69,50, ampliando os ganhos após o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, ter desmentido que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tentado emplacar Guido Mantega no comando da empresa. Jornais também especulam que Guido Mantega irá divulgar uma carta afirmando que abre mão de ocupar um cargo na empresa.
Os papéis da Petrobras (PETR 3; PETR4) também subiram 2,19% e 1,73%, a R$ 41,96 e R$ 39,96, impulsionadas pela alta do petróleo.
O principal índice da B3 fechou em alta de 0,62%, aos 128.967,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,59%, aos 129.445 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14,03 bilhões. Na semana, o índice subiu 1,04%. Em NY, os índices fecharam mistos.
O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,31% em janeiro na comparação com dezembro, recuando 0,9 p.p com relação ao número apurado no período anterior (+0,40%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já no acumulado dos últimos 12 meses, até janeiro, a alta foi de 4,47%, abaixo do número anterior, de 4,72%.
Tanto o resultado mensal quanto o acumulado de 12 meses ficaram abaixo das projeções de +0,46% e +4,62%, respectivamente, medidas pelo Termômetro CMA.
O índice de preços para os gastos pessoais (PCE) dos EUA subiu 0,2% em dezembro na comparação mensal, depois de cair 0,1% em novembro. Na comparação anual, o índice subiu 2,6% em dezembro, o mesmo índice registrado em novembro e dentro do esperado pelo mercado. O PCE ficou dentro do esperado.
O PCE é o indicador usado pelo banco central dos Estados Unidos (Fed) como referência para medir a inflação.O núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, subiu 0,2% em termos mensais e cresceu 2,9% em termos anuais em dezembro, após a alta de 0,1% registrada em novembro em base mensal e de 3,2% em base anual.
Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, afirma que o PCE foi o principal indicador que movimentou o mercado hoje, em linha com as expectativas, com destaque para o núcleo de inflação em 2,9% em termos anuais, o menor valor desde março de 2021. “Depois do PCE, o mercado começou a precificar para a reunião do Fed de março uma expectativa de 52,6% de chance de manutenção das taxas no atual patamar (5,25-5,5%). Antes, a probabilidade de corte para a reunião de março era de 70,1% para um corte de 25 pb.”
Já para a Selic, Serra aponta que a estimativa é de que o Copom promova quatro cortes da ordem de 50 pb, seguido de um corte de 25 pb na reunião de julho, o que levaria a taca para a região de 9,5%.
Em relação ao movimento das ações, o analista da Toro comenta que o avanço da Petrobras acompanhou a alta do petróleo Brent. Outro papel de commodity foi da Suzano, que fechou em alta de 2,04%. Na ponta oposta, além da Gol, que caiu 8,07%, a CVC também caiu 4,36%.
Na avaliação da equipe macro da Genial Investimentos, os dados mais fortes de atividade econômica e de gastos das famílias nos Estados Unidos vindo acompanhados de uma inflação mais fraca dão ainda mais respaldo para a tese de “pouso suave” da economia norte-americana. “Por outro lado, também deixa sinais mistos para o Fed num cenário no qual as apostas do mercado para o primeiro corte de juros por parte da autoridade monetária ainda continuam divididas entre as reuniões de março e maio. Apesar disso, continuamos apostando na reunião de junho como sendo a mais provável”, comentam José Márcio Camargo, Yihao Lin, Lucas Farina, Gabriel Pestana e Pedro Alfradique, em relatório.
Para o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, o crescimento do PIB norte-americano acima do esperado reflete no fluxo de capital estrangeiro na Bolsa brasileira. Em 2024, a B3 já registra uma saída de R$ 5,62 bilhões até a medição da última quarta-feira (24) e refletie ajustes nas apostas relacionadas à política de juros nos EUA. “Essa ‘robustez’ que se vê na economia dos EUA altera, também, o fluxo de capitais nos mercados emergentes. No Brasil, já se observa uma saída de dinheiro gringo desde o início do ano. Em certa medida, isso acaba sendo prejudicial para a Bolsa brasileira”, opina.
De acordo com o CEO, os investidores da B3 que precificaram um corte de juros a partir de março podem ter problemas, mas quem precificou um corte de juros a partir de maio está supostamente mais protegido.
Mais cedo, Fabio Louzada, economista e planejador financeiro da Eu me banco, comentou que o que impulsionou a Bolsa hoje foi o IPCA-15 abaixo do esperado e PCE nos EUA dentro da expectativa. “Os números positivos ajudaram a deixar o Ibovespa no positivo hoje e colaboraram para a queda do dólar assim como dos juros futuros, que operaram em queda ao longo do dia. Enquanto isso, nos EUA, o PCE subiu 0,2% em dezembro, número que veio dentro do esperado. Já a variação do ano do indicador fechou em 2,90%, abaixo do esperado e não trouxe surpresas.
Entre as principais altas de ações do Ibovespa, o analista destaca a Vale, com os investidores reagindo bem a desistência de Guido Mantega de ocupar o cargo de CEO. “Os papeis da Usiminas também sobem hoje após o JP Morgan elevar a recomendação da ação para compra. CSN também tem desempenho positivo depois de o JP Morgan elevar o preço-alvo do papel de R$ 16 para R$ 17. Petrobras também sobe apoiada pela alta do petróleo lá fora”, comenta.
“Já entre as baixas, temos a Gol, que desaba após entrar com pedido de recuperação judicial nos EUA. A empresa acumula cerca de R$ 20 bilhões em dívidas. Já a Gerdau tem queda motivada por um corte no preço-alvo de R$ 26 para R$ 24”, conclui.
O dólar comercial fechou a R$ 4,9108 para venda, com desvalorização de 0,23%. Às 17h15min, o dólar futuro para fevereiro tinha baixa de 0,13% a R$ 4,914. O mercado acompanhou o desempenho global da moeda e ainda refletiu os dados positivos sobre a economia americana e brasileira divulgados ao longo da semana.
Na leitura do economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, o dólar não foi impactado pelos indicadores de hoje “Ainda está desenvolvendo um pouco o movimento de ontem [com a divulgação do PIB 4T23]. Impacto maior veio ontem” comenta
Os dados recentes – incluindo emprego, inflação e PIB – indicam que os Estados Unidos continuam a testemunhar uma economia robusta. Os especialistas, no entanto, expressam a necessidade de cautela nos mercados, alertando que as taxas do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) podem não cair rápido para garantir um pouso suave.
Os agentes seguem avaliando e reagindo aos índices de inflação aqui e no exterior, acomodando as apostas sobre as definições dos juros na próxima quarta. Os dados de hoje não mudaram o sentimento de corte de 0,50 ponto na Selic e de manutenção dos juros americanos, com início dos cortes a partir de maio.
O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,31% em janeiro na comparação com dezembro, recuando 0,9 p.p com relação ao número apurado no período anterior (+0,40%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já no acumulado dos últimos 12 meses, até janeiro, a alta foi de 4,47%, abaixo do número anterior, de 4,72%.
Tanto o resultado mensal quanto o acumulado de 12 meses ficaram abaixo das projeções de +0,46% e +4,62%, respectivamente, medidas pelo Termômetro CMA.
O índice de preços para os gastos pessoais (PCE) dos EUA subiu 0,2% em dezembro na comparação mensal, depois de cair 0,1% em novembro. Na comparação anual, o índice subiu 2,6% em dezembro, o mesmo índice registrado em novembro e dentro do esperado pelo mercado. O PCE ficou dentro do esperado.
O PCE é o indicador usado pelo banco central dos Estados Unidos (Fed) como referência para medir a inflação. O núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, subiu 0,2% em termos mensais e cresceu 2,9% em termos anuais em dezembro, após a alta de 0,1% registrada em novembro em base mensal e de 3,2% em base anual.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, impactadas pelo IPCA-15 que subiu 0,31% em janeiro na comparação com dezembro e avançou 4,47% no acumulado de 12 meses – ambos abaixo das projeções dos analistas.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,955% de 10,030% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,615% de 9,690%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,790%, de 9,830%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,060% de 10,085% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 4.9097 para a venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com os investidores ignorando uma perspectiva negativa da Intel enquanto analisam após os últimos dados de inflação, vista como o indicador mais influente no momento para um corte de juros.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,16%, 38.109,43 pontos
Nasdaq 100: -0,36%, 15.455,4 pontos
S&P 500: -0,06%, 4.890,97 pontos
Confira a variação dos índices na semana:
Dow Jones: +0,65%
Nasdaq 100: +0,94%
S&P 500: +1,06%
Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA
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