Bolsa fecha em alta de 0,18% em meio à possível  invasão/Ucrânia; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em leve alta de 0,18%, mas chegou a operar com volatilidade entre perdas e ganhos em razão da ameaça de uma invasão na Ucrânia pela Rússia se intensificarem. O petróleo fechou em forte alta. 
A sessão de hoje tinha tudo para encerrar em forte alta. O Ibovespa estava descolado do exterior, chegou a atingir a máxima no interdiário de 114.899,26 pontos impulsionado pela valorização do Itaú (ITUB4), que subiu mais de 7% e encerrou em alta de 5,90%, cotado a R$ 26,53, refletindo o balanço do banco acima das expectativas do mercado e puxando para cima as ações do setor. 
O principal índice da B3 subiu 0,18%, aos 113.572,35 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro tinha alta de 0,03%, aos 113.545 pontos. O giro financeiro era de R$ 42,9 bilhões. Na semana, a Bolsa acumula alta de 1,18%. Em Nova York, as bolsas registraram forte queda. 
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, comentou que o Ibovespa estava em alta expressiva, descolado do exterior, mas perdeu força no meio da tarde com as tensões entre Rússia e Ucrânia. “A notícia de que o presidente Vladimir Putin iria invadir a Ucrânia fez os Estados Unidos e outros países pedirem que seus cidadãos deixassem o país e a Bolsa chegou a perder mil pontos, chegando a 113.500”. 
No campo negativo, estão as ações ligadas ao minério de ferro com a China querendo controlar a commodity. Os papéis da Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) caíam 2,02% e 7,44% respectivamente. O balanço da Usiminas ficou abaixo das expectativas do mercado no que se refere à receita e Ebitda. 
Flavio Conde, head de renda variável da Levante Ideias Investimentos, comentou que os bancos estão puxando o índice com o resultado acima das expectativas do mercado. “Com exceção do Bradesco, os balanços têm vindo dentro do esperado ou melhores, o que anima do mercado. No final do dia, os investidores compram resultado de empresas e não taxa de juros”. 
Conde destacou que o grande ponto positivo é que a nossa Bolsa descolou dos Estados Unidos na ponta positiva. “É uma surpresa consistente e pode ser explicada pela rotação de carteiras de gestores internacional”. Ele explicou que desde a primeira semana de janeiro eles diminuindo posição em Nasdaq e um pouco em S&P 500 e “estão comprando ações de países que estavam muito depreciadas, como o Brasil”.  O capital estrangeiro na B3 até quarta-feira (9) foi de R$ 8,238 bilhões. 
O dólar comercial fechou em R$ 5,2440, com alta de 0,07%. Após cair ao longo de quase toda a sessão, a moeda norte-americana refletiu as tensões do iminente confronto na Ucrânia, e a consequente disparada do petróleo e aumento da aversão ao risco. 
Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “o fluxo está extraordinário. Só na primeira semana de fevereiro foram mais de R$ 4 bilhões. O cenário continua desafiador, mas ainda estamos otimistas, mas não com o peito aberto”. 
Beyruti diz que a alta das commodities e a busca por ativos baratos contribuem para este quadro de euforia, mas faz uma ressalva: “O mercado já dá a entender que não vê um fluxo forte a longo prazo”, pontua. 
Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “ocorre um movimento de apetite ao risco no Brasil. O fluxo estrangeiro continua forte”. 
Quartaroli, porém, alerta: “Em termos macroeconômicos, o pano de fundo ainda é muito ruim. Estamos em um cenário de alta da inflação, além de ser um ano eleitoral”, referindo-se às expressivas altas do real. 
De acordo com a equipe da Ouro Preto Investimentos, “por mais que a fala do diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), James Bullard tenha causado volatilidade em alguns mercados, o fluxo estrangeiro continua intenso, valorizando o real”. 
A Ouro Preto, contudo, ressalta a importância da fala do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que participa de evento nesta manhã: “Temos que monitorar de perto o que ele vai falar, se o tom vai continuar hawkish (severo, propenso à continuidade do aumento dos juros). Isso vai ajudar a ancorar as expectativas, assim como favorecer o cash and carry, que é quando os investidores usam moedas fortes para comprar as emergentes que estão baratas”, explica. 
As taxas de contratos futuros fecharam em alta. O driver no final da sessão foi o conflito na Ucrânia, que ganhou corpo e mostra uma guerra iminente. Isso derrubou as bolsas no exterior e disparou o preço do petróleo, aumentando a aversão ao risco. 
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,475% de 12,345% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa 12,000%, de 11,850%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,440%, de 11,285% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,325% de 11,280%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,2240 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão com uma queda robusta, com o Nasdaq caindo 2,78%, à medida que as tensões crescentes entre a Ucrânia e a Rússia fizeram o preço do petróleo disparar e levavam os investidores a se desfazerem de ativos de risco, como ações. 
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento: 
Dow Jones: -1,43%, 34.738,06 pontos 
Nasdaq 100: -2,78%, 13.791,2 pontos 
S&P 500: -1,89%, 4.418,64 pontos