Bolsa fecha em alta de 1,04% com fluxo estrangeiro e fala de Biden; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta na marca dos 112 mil pontos, após três sessões em queda, sustentada pelo forte capital estrangeiro e com as small caps- empresas listadas na B3 de menor valor e com menos negociação- se recuperando. A fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi bem recebida pelo mercado apesar das sanções à Rússia, não houve ameaça militar ao país.
O principal índice da B3 subiu 1,04%, aos 112.891,80 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 1,48%, aos 114.50 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
As small caps como Cogna (COGN3), Grupo Soma (SOMA3) e Petz (PETZ3) subiram 7,04%, 7,31% e 5,87% nessa ordem. As ações das petrolíferas viraram para baixo à medida que o petróleo perdia força. Em contrapartida, as commodities ligadas ao minério tiveram ganho. Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) aumentaram 1,73% e 1,65%.
Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma sim; paul, comentou que no pregão da manhã os papéis ligados às commodities estavam subindo e à tarde “as empresas ligadas ao mercado doméstico sustentaram o índice, as chamadas de segunda linha”. O fluxo estrangeiro continua muito forte e “eventualmente vai respingar nessas empresas”.
Na sexta-feira (18) entraram na B3 R$ 2,101 bilhões de fluxo estrangeiro, o que mostra a queda do dólar.
Wickert disse que o mercado estava apreensivo com a fala do presidente dos Estado Unidos, mas “a reação foi positiva porque ele não revidou a Rússia de uma forma mais pesada, apenas aplicou sanções”.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, disse que o fluxo estrangeiro continua impulsionando a Bolsa e o direcionamento do recurso segue para os papéis ligados às commodities de minério de ferro como agrícolas. “Com a tendência de alta de commodities, o investidor está à procura de um novo mercado para estar e somos beneficiados com isso”.
Velloni disse que o Ibovespa tem espaço para a entrada do capital externo até os 117 mil pontos e acredita que acima dessa pontuação começa a desidratar um pouco e perder força. “O Brasil tem de remar e aproveitar essa onda, porque da mesma velocidade que entra, sai. Não era esperado que apostassem em Brasil em um ano eleitoral”. O dólar comercial fechou em queda de 1,05%, cotado a R$ 5,0510. A moeda norte-americana perdeu durante toda a sessão, influenciada pelo intenso fluxo estrangeiro na bolsa e alta global das commodities.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o dólar também cai lá fora, o que surpreende devido ao aumento da pressão geopolítica”.
Rostagno acredita que apesar da boa performance da moeda brasileira, o fôlego já está chegando ao fim: “Vemos este movimento de valorização como temporário. Ele tem caráter especulativo e de curto prazo. O risco de uma correção à frente é grande”, analisa.
De acordo com o sócio da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, “o Brasil acaba sendo um porto seguro, sendo um dos poucos países com a taxa de juros real (acima da inflação), com a Selic (taxa básica de juros) caminhando para os 12%”.
Cozzolino acredita que o real ainda tem espaço para andar: “Boa parte deste fluxo é pela remuneração de renda fixa real. Se este movimento continuar, podemos chegar em R$ 4,80. Num cenário de guerra, este fluxo pode continuar para a bolsa brasileira, dado a nossa força em commodities”, avalia.
Para o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco, “apesar da ponderação dos investidores com a situação geopolítica, a alta das commodities favorece os emergentes”.
Assim como no mês anterior, o fluxo estrangeiro tem beneficiado muito o real: “Dá para cair ainda mais, assim como hoje devemos operar em queda”, aposta Pacheco, que também acredita que, a curto prazo, a tensão política e fiscal já está precificada no câmbio.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) passaram a operar em alta, acompanhando o estresse entre Rússia, fornecedora de commodities, e Ucrânia.
“O petróleo e gás natural dispararam, o que faz com que esses ativos pressionem ainda mais a inflação e as taxas de juros”, diz o economista Augusto Maurício, sócio da Euroinvest.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,425% de 12,375% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,975%, de 11,935%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,400%, de 11,340% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,260% de 11,210%, na mesma comparação.
Os principais índices de mercados de ações norte-americano fecharam a sessão em campo negativo, com o Dow Jones caindo 1,42% – 4 queda consecutiva, após ensaiarem uma pequena recuperação após o anúncio de sanções à Rússia pelo presidente Joe Biden.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -1,42%, 33.596,61 pontos
Nasdaq 100: -1,23%, 13.381,5 pontos
S&P 500: -1,01%, 4.380,26 pontos