Bolsa fecha em alta de 1,70%, na máxima do dia, com arcabouço fiscal; dólar encerra a R$ 4,856

777

São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 1,70%, pelo segundo dia consecutivo, recuperou no patamar dos 118 mil pontos e encerrou na máxima do dia -118.134,59 pontos com a “página virada” do arcabouço fiscal, exterior positivo e as ações de peso no índice valorizadas, como Vale (VALE3), Petrobras (PETR3 e PETR4) e Itaú (ITUB4).

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 5,70% e 5,32%, respectivamente em meio à notícia da Advocacia Geral da União (AGU) em dar parecer favorável à Petrobras e ao Ministério de Minas e Energia para exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, além disso a recomendação do BTG Pactual para as ações da petroleira e do Citi para os ADRs da empresa ajudaram na valorização dos papéis.

Os papéis da Vale (VALE3) subiram 0,73% com mais um dia de alta do minério de ferro. Eletrobras (ELET3 e ELET6) avançou 7,30% e 5,91% em meio à notícia de que estuda a incorporação de sua subsidiária Furnas. O Itaú (ITUB4) aumentou 1,39%.

Na ponta negativa, o destaque ficou para o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), queda de 19,31%, com o spinoff da varejista colombiana Éxito. “Cada acionista do Grupo Pão de Açúcar receberá BDRs do Éxito na proporção de 4 para 1. Hoje entrou na custodia a cisão da EXCO32 (Éxito)”, disse Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.

Os papéis de Via (VIIA3) também caíram 2,39% “com fluxo vendedor liderado por corretoras como Ativa, UBS e BTG. Os investidores estão mais cautelosos com as ações de varejo devido a dados de julho mostrando uma desaceleração nas vendas do varejo e condições de crédito mais apertadas, que podem afetar os resultados das companhias e atrasar uma retomada dos preços das ações mesmo em cenário de queda de juros”, afirmou Almeida.

O principal índice da B3 avançou 1,70%, aos 118.134,59 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro subiu 1,41%, aos 120.000 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o dia está favorável para o mercado local. “A aprovação do arcabouço fiscal traz impacto positivo de página virada, na ata do Copom isso era um tema de monitoramento, o presidente Lula vai sancionar; se fosse para escolher, os investidores entendem que o teto de gastos era uma ferramenta mais rígida e comprometimento mais forte com a saúde fiscal; mesmo com a votação do arcabouço acontecendo há algum tempo, o boletim Focus ainda não segue o centro da meta em nenhum ano, não acredita que o governo vai conseguir entregar o que promete, mas retirando essa incerteza da frente é positivo; com o câmbio para baixo, as exportadoras têm reação mais negativa, minério em alta ajuda a Vale e Gerdau”.

O especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital disse que o Ibovespa tem um dia positivo “devido ao desempenho de ações relevantes como Petrobras, Vale, Itaú e Eletrobras. A aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso e a redução de preocupações com a política monetária do Federal Reserve após dados econômicos dos EUA contribuem para o otimismo que vemos hoje”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que a Bolsa avança com a aprovação da regra fiscal. “O dia é bom, o arcabouço foi bem recebido pelo mercado afastando as despesas de R$ 1 bilhão a mais para o governo, a Petrobras avança com as notícias da AGU sobre a licença para exploração de petróleo na Margem Equatorial e recomendação do BTG e do Citi, Eletrobras sobe com estudo para integrar suas operações com Furnas e as siderúrgicas indo bem com a alta do minério de ferro, e a queda dos DIs longos impulsionam as ações domésticas”.

Em relação ao evento em Jackson, o mais importante da semana, o analista da Empiricus disse que “o mercado aguarda as falas do presidente do Fed na sexta-feira, que deve ser adotar o tom conservador”.

Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, disse que a Petrobras ajuda a puxar o índice e o exterior mais positivo. “Petrobras sobe refletindo a recomendação das ações de neutra para compra, com preço -alvo de R$ 39 e o Citi também elevou a recomendação dos ADRs da petroleira de neutro para compra; a queda do petróleo ajuda a empresa porque tira a pressão de um novo reajuste de combustíveis; os juros de 10 anos estão voltando para 4,20% e anima o mercado”.

Segundo um head de renda variável, a Bolsa tem um dia positivo “refletindo a aprovação do arcabouço e é puxada pelas ações da Petrobras com o parecer da AGU favorável à exploração de petróleo na margem Equatorial”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,67%, cotado a R$ 4,8569. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) alivie o tom hawkish (duro, propenso ao aumento dos juros) nas próximas reuniões da instituição.

Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “o dólar não conseguiu quebrar os R$ 5,00 e o otimismo é local e macro. Devemos buscar os R$ 4,80 e ficar nesta faixa algum tempo. O cenário ainda é otimista”.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, entende que o alívio na curva de juros mais longa dos Estados Unidos é o principal fator que fortalece o real: “É normal que ocorra um movimento de correção nos juros”, avalia. Ele entende que o PMI reduz as chances do Fed ter uma postura mais agressiva.

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de Serviços (51 pontos ante projeção de 49) e Industrial (47 pontos ante projeção de 52,5).

Borsoi entende que as mensagens da China são confusas, e que mesmo em meio a uma crise imobiliária o país asiático consegue fazer com que o minério de ferro, em especial, ganhe força.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda nesta nesta quarta-feira, depois da aprovação do arcabouço fiscal, na noite de ontem, pela Câmara dos Deputados. Dados econômicos dos Estados Unidos e Europa divulgados mais cedo exercem ainda mais pressões sobre as taxas.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,405 % de 12,420% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,445% de 10,520%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,030%, de 10,145 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,210% de 10,355 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, enquanto Wall Street aguardava os últimos números trimestrais da Nvidia, a fabricante de chips em ascensão que segue impulsionada pela febre de inteligência artificial em Wall Street.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,54%, 34.472,98 pontos
Nasdaq 100: +1,59%, 13.721,0 pontos
S&P 500: +1,10%, 4.436,01 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA