São Paulo- A Bolsa fechou em forte alta, em movimento oposto ao exterior, puxada principalmente por Vale (VALE3), após a empresa informar o pagamento de dividendos para os acionistas. A notícia vazou antes do balanço da empresa que sai após o fechamento do mercado. O setor financeiro e as ações sensíveis a juros também ajudaram a impulsionar o índice.
No comunicado divulgado pela empresa, durante o pregão, foi informado que os acionistas vão receber R$ 2,3 bilhões por ação e um programa de recompra de ações ordinárias da mineradora também foi aprovado.
Em relação aos dados econômicos, mais cedo, por aqui, foi divulgado o IPCA-15 que subiu 0,21% em outubro contra as estimativas dos analistas, que previam crescimento de 0,30%, de acordo com o Termômetro da Agência CMA. No acumulado em 12 meses, o indicador acumula alta, até outubro, de 5,05% contra estimativa de 5,22%.
A Vale (VALE3) acelerou 2,14%. A Petrobras (PETR 3 PETR4) operou em queda durante todo o pregão e fechou em baixa de 0,74% e 1,02%, nessa ordem, com queda do petróleo e hoje sai o relatório de produção e venda da empresa. Os bancos subiram em bloco em mais de 2%
O principal índice da B3 subiu 1,72%, aos 114.776,86 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,98%, aos 116.590 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse o motivo do disparo da Bolsa foi que vazou uma informação que a Vale vai anunciar pagamento de US$ 2 bilhões em dividendos hoje em dia de balanço da empresa. Como é a ação de maior peso no índice puxa o Ibovespa.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que a Bolsa é puxada por Vale, setor siderúrgico, entrada de capital e os bancos após a votação das pautas econômicas.
Um analista de uma gestora de investimentos disse que a Bolsa ignora o exterior e tem um dia mais positivo com fatores internos e commodities metálicas. ” A Vale e siderúrgicas ajudam a impulsionar o índice, além dos bancos, além do IPCA-15 em linha e o andamento das pautas econômicas no Congresso; Petrobras está apanhando”.
Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que o dia mais positivo para o Ibovespa está mais relacionado ao cenário local.
“A Bolsa tem sofrido por conta do cenário inflacionário, guerra e os treasuries [subiram recentemente], ela tem valuation atrativo, o IPCA-15 veio em linha e o PIB americano surpreendeu o mercado, mesmo assim não interferiu aqui. O destaque fica para as small caps que estavam amassadas por conta dos juros altos nos EUA, mas nesses dias curva de juros cedendo ajudam as empresas, commodities metálicas em alta puxa o índice em um dia importante em que será divulgado o balanço da Vale e o fluxo que ela está recebendo pode ser a antecipação de um bom resultado; se não fosse a Petrobras caindo o índice estaria mais forte, os bancos estão mais neutros, mas ajudam. Além disso a pauta econômica sendo solucionadas-PL das offsores e desoneração da folha- traz menos incerteza pro mercado e talvez estamos recendo fluxo”.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que o mercado agitado com muitas informações para serem digeridas.
“O banco central europeu está interrompendo quase um ano de sequência de alta, manteve a taxa inalterada [taxa de referência em 4% ao ano], mas deixou a porta aberta para mais ajustes. O PIB nos EUA veio com número mais forte que se esperava e os demais dados também [pedidos de seguro-desemprego e pedidos de bens duráveis], acredito que o mercado já tinha antecipado o PIB dada a queda nas bolsas ontem. Aqui movimento é de risk on, IPCA-15 em linha com expectativa do mercado e as pautas econômicas estão fazendo com que o mercado reaja bem. O congresso andando tem espaço para o Brasil caminhar, já que sofreu muito”.
Segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o IPCA-15 “foi puxado pelas passagens aéreas, em 5 bps. Não teve nenhum outro desvio de magnitude demasiadamente exacerbada. Avaliamos que qualitativamente a abertura do índice foi benigna, mas isoladamente nos parece precoce para avalizar uma intensificação do ritmo de corte de juros. Nossa projeção para o IPCA fechado de outubro subiu preliminarmente de +0,23% para +0,28%, com o ano permanecendo em 4,6%, anteriormente previstos”.
O dólar comercial fechou em queda de 0,20%, cotado a R$ 4,9906. A moeda oscilou ao longo de toda a sessão, com o mercado à espera dos próximos passos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que se reúne entre terça e quarta da próxima semana.
De acordo com o head de tesouraria do Travelex Bank Marcos Weigt, “as Treasuries estão caindo, o que ajuda moedas emergentes como o real”.
Weigt observa, porém, que a a moeda está com dificuldade para quebrar a barreira dos R$ 5,00, já que o mercado aguarda os próximos passos do Fed.
Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “estamos vendo o mercado reagindo bem aos dados divulgados pela manhã. As bolsas estão levemente em queda, puxadas pelos resultados das empresas, ou seja, não estamos vendo um movimento de aversão a risco forte”.
“Apesar do dólar estar subindo um pouco no dia, acredito que seja por fluxo e não por deterioração do fundamento”, avalia Komura.
O analista da Potenza, contudo, observa que as reações ainda são incertas, e o cenário negativo, já que uma alta residual dos juros, na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de dezembro, segue no radar.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que reagem à bateria de dados divulgados nesta manhã. Em ambiente interno, Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)- 15 positivo corrobora para o clima de otimismo.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,102% de 12,112% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,800% de 10,915%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,605%, de 10,780%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,755 % de 10,860% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, com o Nasdaq aprofundando sua correção, à medida que a Meta se tornou a mais recente empresa de tecnologia a oferecer uma previsão que não atendeu totalmente às expectativas dos investidores.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,76%, 32.784,30 pontos
Nasdaq 100: -1,76%, 12.595,6 pontos
S&P 500: -1,18%, 4.137,23 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA