Bolsa fecha em alta de 2,42% com expectativa de acordo entre Rússia e Ucrânia; dólar cai

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São Paulo-A Bolsa se recuperou das recentes perdas e fechou em alta de 2,42% com sinais do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que pode ceder a algumas exigências do governo russo para pôr fim à guerra entre os dois países.
Com isso, os contratos futuros de petróleo baixaram no mercado internacional. O tipo Brent, referência para a Petrobras, caiu mais de 11%, cotado a US$ 109 o barril.
Por aqui, as commodities caíram. Após a queda de mais de 2,00% no interdiário, as ações Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam mistas. Vale (VALE3) desvalorizou 3,63%. Em contrapartida, os bancos subiram em bloco com altas expressivas. Itaú (ITUB 4), Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e Santander (SANB11) avançaram respectivamente 4,97%; 5,72% e 6,40%; 8,79%
O principal índice da B3 subiu 2,42%, aos 113.900,34 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril aumentou 2,62%, aos 114.940 pontos. O giro financeiro foi de R$ 35,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas avançaram.
Rob Correa, analista de investimentos CNPI, afirmou que as falas do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, indicando uma possível desistência de entrar na OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e uma rendição à Rússia “repercutiram positivamente no mercado com a esperança do fim da guerra”.
Um analista de uma grande corretora afirmou que o mercado está na expectativa positiva com a reunião entre os ministros de Relações Exteriores da Rússia e Ucrânia, na Turquia, amanhã (10). “Com o petróleo em baixa, as bolsas europeias fecharam com forte alta, e os metais estratégicos em queda expressiva, como outro, são sinais de que pode haver um acordo”.
Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, comentou que o mercado está operando em cima de notícias e a Rússia não sinalizou fim do conflito.
“O mercado apanhou muito esses dias e está precificando um movimento quase de repique baseado em alguns fatos com possibilidade de a guerra terminar, mas o conflito segue na mesa; qualquer notícia mais difícil vai ter correção”.
Aragão comentou que as smalls caps-empresas de menor negociação- estão valorizadas com o movimento e tem correção forte das commodities. Mas ressaltou que o mercado está ignorando na sessão de hoje “uma inflação forte com um petróleo a US$120 o barril e na semana tem Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] em que pode ser elevada a taxa de juros em até 2 pontos porcentuais (pp)”.
Em relação à discussão sobre o preço dos combustíveis, acredita que o governo deve manter o modelo atual “é o melhor”.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que o Ibovespa se recupera e sobe acompanhando o mercado externo e com os papéis de bancos e varejistas se valorizando. “A alta não é mais forte porque Vale e Petrobras, juntas têm mais de 25% da carteira teórica do Ibovespa, e pesam no índice”.
O dólar comercial fechou em queda de 0,77%, cotado a R$ 5,0110. A moeda norte-americana teve dia de enfraquecimento global, com o maior apetite ao risco, embalado pelo cessar-fogo na Ucrânia. Em alguns momentos da sessão, a moeda chegou a ficar na casa dos R$ 4,99.
Segundo o analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, “o movimento de hoje está relacionado com que ocorre lá fora, existem expectativas para o cessar-fogo. O caminho pró-negociações começa a aparecer na visão dos investidores, com um ambiente mais propício à busca de ativos de risco, como o real. Não é mais apenas fluxo estrangeiro”.
A escalada na melhora do cenário geopolítico pode ajudar, em curto prazo, o real quebrar a barreira dos R$ 5,00, analisa Jaconeli: “À medida, porém, que nos aproximarmos do segundo semestre, o cenário político deve ficar mais conturbado”, alerta, referindo-se às eleições.
De acordo com o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “hoje, pontualmente, o dólar vem perdendo para os seus pares, como o euro e a libra, com a trégua no conflito na Ucrânia. Nos últimos dias, é a primeira vez que as commodities não interferem”.
Rosa acredita que os riscos e tensões geopolíticas já estão precificados, assim como as sanções: “O mercado já absorveu e trabalha com isso”, explica.
Para a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, “petróleo e gás podem causar aumento em toda a cadeia internacional de serviços, vestuário e commodities, e é este aumento de commodities que tem mantido a taxa de câmbio mais baixa. Destacamos, porém, as incertezas sobre os combustíveis no Brasil e o que o governo irá fazer”.
Consorte ressalta que enquanto os Estados Unidos tentam não subsidiar a guerra na Rússia, cortando a importação de fontes energéticas russas como petróleo e gás, a Rússia já ameaçou cortar o fornecimento gás para a Europa, o que pode ter impactos inflacionários.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, acompanhando o fortalecimento das commodities e o avanços das negociações entre Rússia e Ucrânia.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,905% de 13,045% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,595%, de 12,820%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,120%, de 12,380% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,035% de 12,260%, na mesma comparação.
Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em forte alta, com o Nasdaq subindo 3,58%, à medida que os preços do petróleo e outras commodities caíram bruscamente no pregão, apesar da continuidade do conflito na Ucrânia.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +2,00%, 33.286,25 pontos
Nasdaq 100: +3,59%, 13.255,5 pontos
S&P 500: +2,56%, 4.277,88 pontos