Bolsa fecha em alta de 2,70% com ânimo sobre futuro dos juros nos EUA; semana é a melhor desde abril

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São Paulo – A Bolsa fechou em forte alta de 2,70%, avançou mais três mil pontos com a mínima de 115.062,37 pontos e voltou ao patamar dos 118 mil pontos em um dia de forte apetite ao risco motivada pelo exterior com dados fracos do mercado de trabalho e com a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não suba mais os juros e até comece o ciclo de corte no próximo ano. Somado a isso, por aqui as sinalizações do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a redução da Selic corroborou para o bom humor. A alta das ações foi generalizada e os destaques ficaram para as varejistas com a queda dos DIs, as commodities metálicas também subiram. Na semana, o Ibovespa acumulou ganhos de 4,30%, o maior desde abril.

Na próxima segunda-feira (6), a Bolsa muda o horário de negociação para se adequar ao fim do horário de verão nos Estados Unidos, como acontece todos os anos. A abertura do pregão regular do mercado à vista será mantida às 10h da manhã, mas o fechamento sofrerá mudanças. O encerramento será às 17h55 e não mais às 16h55.

As blue chips avançaram. Vale (VALE3) subiu 1,25%. Petrobras (PETR3 e PETR4) registraram ganho de 0,83% e 1,19%. No setor bancário, Itaú (ITUB4) acelerou 2,75%. O destaque entre as varejistas ficou para Casas Bahia (BHIA3) aumentou 17,39%, uma ação bastante descontada. O Indice Small Cap saltou 4,54%.

Mais cedo, nos Estados Unidos, foram criadas 150 mil vagas de trabalho em outubro enquanto a previsão era de 180 mil. Já a taxa de desemprego teve leve alta de 3,9% contra a previsão de 3,7%. Em relação ao salário médio por hora trabalhada em outubro, na comparação mensal, subiu 0,2% e a estimativa era de 0,3%. E a abertura de vagas em setembro foi revisada de 336 mil para 297 mil.

O principal índice da B3 subiu 2,70%, aos 118.159,37 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançava 2,43%, aos 119.725 pontos. O Ibovespa atingiu a máxima de 118.501,80 pontos no interdiário. O giro financeiro foi R$ 26,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Alexsandre Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa foi impulsionado pelo “ânimo renovado em Nova York, devido ao distensionamento com o futuro da política monetária do Fed; os temores com futuras altas de juros se dissiparam com possível antecipação do início do ciclo de quedas para o final do primeiro semestre de 2024, os dados do payroll e PMI de serviços [subiu 50,6 pts e a previsão e 50,9pts] também ajudaram”.

Fabio Louzada, analista CNPI e fundador da Eu me banco, disse que o Ibovespa sobe acompanhando as bolsas americanas em dia de otimismo após dados do payroll que vieram melhoras que o esperado e a possibilidade de queda de juros nos EUA em 2024, colabora com esse cenário”.

Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos, disse que um conjunto de fatores corroborou para a alta do Ibovespa na sessão de hoje.

“O Fed manteve os juros como esperado-intervalo entre 5,25% e 5,5%- e, no discurso do Powell, o ciclo de aperto se mostra perto do suficiente para controlar a inflação e novas altas nas taxas são difíceis de acontecer, o que tira pressão dos treasuries; aqui o Copom cortou em 0,50 ponto percentual (pp) a Selic dentro do consenso do mercado e o ponto importante é que trouxeram visão unânime de cortes nas próximas reuniões, além de dezembro também inclui a primeira reunião de 2024; em relação à meta fiscal a autoridade monetária não colocou a questão com tanto peso como no comunicado passado; como era feriado aqui ontem; o payrool abaixo do esperado e o ISM [índice do Instituto de Gerência e Oferta sobre a atividade do setor de serviços dos Estados Unidos] caiu para 51,8 pontos em outubro e previsão era de 53 pontos], o que é bom porque a desaceleração da economia corrobora que a inflação também deve desacelerar. A inflação é o foco do Fed. O enfraquecimento econômico mostra que pode ter menor pressão inflacionária nos próximos meses e espaço para corte de juros no ano que vem pelo bc norte-americano, provavelmente no segundo semestre de acordo com a bolsa de Chicago; Petrobras, Vale se bancos sobem com fluxo de estrangeiro. O índice Small Cap avança porque os dados econômicos que acabam animando o mercado refletem nos ativos da economia real, como varejo”.

De acordo com os analistas da Mirae Asset Management, os dados do payroll apresentaram uma desaceleração em relação ao mês de setembro.

“As greves do sindicato United Auto Workers estão entre os fatores que podem ter influenciado negativamente no mercado de trabalho; a postura menos agressiva do Fed tem reflexos positivos nos mercados mundiais; por aqui continua a atenção para a meta fiscal de 2024-há especulações de que a meta poderá ser de déficit de 0,5% do PIB, acima do prevista pela LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias]”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que o payroll veio mais fraco e a revisão de setembro ficou para baixo. “Os mercados se animaram, já vinham mais positivo de ontem com o Fed deixando a porta aberta para não subir os juros em dezembro, as treasuries de 10 anos caíam a 4,57%; vamos ver como os papéis abrem na B3, uma vez que já tem alta encomendada de ontem e ficar de olho na guerra quando o mercado busca proteção antes do fechamento do dia com medo de intensificação dos conflitos, mercado atento à meta fiscal aqui”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,49%, cotado a R$ 4,8967. O movimento ganhou força após a divulgação do payroll, na parte da manhã, que fez com que o mercado aumentasse as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não apenas irá cessar o aumento dos juros, como também antecipar o início dos cortes para o final de 2024. Na semana, a moeda teve desvalorização de 2,31%

O indicador apontou que, em outubro, foram criadas 150 mil vagas ante projeção de 180 mil, enquanto a taxa de desemprego, no mesmo período, foi de 3,9%, acima das expectativas (3,75%).

De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o mercado já considera que o corte nos juros estadunidenses podem começar em dezembro do próximo ano, o que é um cenário positivo.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, com o mercado de trabalho menos aquecido nos Estados Unidos, as chances de que ocorra um novo aumentos dos juros também ficam menores: “Isso diminui o ímpeto de busca por retornos nos Estados Unidos”, avalia.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos Camila Abdelmalack, “os dados mais fracos do payroll corroboram a leitura de desaceleração”.

Abdelamalack explica que o movimento ajuda na descompressão das Treasuries (título do Tesouro dos Estados Undos), enfraquecendo globalmente o dólar, o que beneficia moedas emergentes como o real.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta. O dia foi marcado pelos dados do mercado de trabalho norte-americano, abaixo das expectativas, o que contribui para a sensação de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não irá voltar a subir os juros.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,016% de 12,034% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,825% de 10,945%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,605%, de 10,815%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,780 % de 11,010% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,8981 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, encerrando a semana com ganhos robustos – a melhor em 2023, após um relatório de empregos fraco ter levado os juros dos Treasuries a caírem.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,66%, 34.061,32 pontos
Nasdaq 100: +1,38%, 13.478,3 pontos
S&P 500: +0,93%, 4.358,34 pontos

Confira abaixo a variação dos índices na semana:

Dow Jones: +5,07% Nasdaq 100: +6,61% S&P 500: +5,85%

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA.

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