Bolsa fecha em alta e dólar cai em dia de forte volatilidade

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São Paulo – O Ibovespa acelerou a alta próximo ao fechamento e encerrou os negócios com ganho de 0,86%, aos 122.964,01 pontos, na máxima do dia, puxado pelas ações da Vale, Petrobras, elétricas e apetite ao risco. O principal índice da B3 abriu em queda e operou todo o dia com muita volatilidade. A mínima do dia foi de 120.145,44 pontos próximo à abertura quando caía mais de 1% e o giro financeiro ficou em R$ 29 bilhões.

Na avaliação de Antonio Ruiz Molina Montiel Jr, sócio e diretor educacional da mesa proprietária Axia Investing, a alta no Ibovespa é atribuída “aos estrangeiros e às ações da Vale e elétricas”, afirmou.

Os papéis da Vale (VALE 3) subiram 3,51%; Copel (CPFL6) aumentaram 0,67%, CPFL (CPFE3) aceleraram 2,09% e Cemig (CMI64) apontaram ganho 1,35%. As ações da Eletrobras (ELET 3 e ELET6) fecharam em alta 6,54% e 4,54%, respectivamente com os investidores otimistas pelo relatório de privatização que sairá na próxima semana. As ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) avançaram 1,32% e 1,82%, respectivamente.

Para Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, “os investidores estão começando a perceber que a nossa Bolsa está muito barata e está correndo atrás do atraso”. Ele ressaltou que os estrangeiros estão com apetite ao risco. “Entre abril e até agora em maio compraram R$10 bilhões em ações”.

Zuffo comentou sobre os resultados balanços corporativos melhores que o esperado, que acabou favorecendo o índice.

Com a volatilidade na sessão de hoje, o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, afirmou que a maior preocupação dos investidores é a possível alta da inflação e aumento da taxa de juros nos Estados Unidos. “Os investidores ficam com cautela e posicionados em empresas maduras como Vale, elétricas e JBS, por exemplo”, comentou.

O analista da Codepe Corretora acrescentou que “as empresas ligadas a commodities estão sustentando o Ibovespa para que a queda não seja maior”.

O dólar comercial encerrou a sessão de hoje em queda de 0,15%, cotado a R$ 5,2240 para venda. Ao longo do dia, a moeda norte-americana teve forte volatilidade, com diversos fatores influenciando o valor da divisa. Entre os motivos está os dados inflacionários no Brasil divulgados hoje, além do andamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia.

No ambiente externo, o dia foi de forte aversão ao risco por parte dos investidores estrangeiros que ainda estão aguardando dados mais firmes sobre uma possível retomada da economia global. Além disso, desde a semana passada, há um movimento de desvalorização pelo mundo do dólar comercial diante de economias de países emergentes e produtores de commodities.

“Em dia de agenda esvaziada, investidores acompanham os comentários de uma série de dirigentes do Fed [Federal Reserve, banco central norte-americano] durante o dia. Lá fora o dólar perde de seus pares e das moedas emergentes e ligadas as commodities, destaque para o peso mexicano, par do real, que se valoriza 0,40% ante a moeda americana”, explicou Guilherme Esquelbek, que assinou hoje o informativo matinal da Correparti.

Para Paula Zogbi, da Rico, a pressão inflacionária rouba a cena hoje tanto no Brasil quanto no exterior em meio à expectativa relacionada ao avanço do preço ao consumidor nos Estados Unidos.

“Nota-se avanço tanto de preços administrados como dos livres”, adverte Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais. “O índice mostra forte desaceleração em relação ao mês anterior, mas tem uma composição menos benigna do que o antecipado. Nossa projeção para maio ressalta novamente pressão sobre os administrados”, prosseguiu ele.

O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, subiu 0,31% em abril ante março, acumulando alta de 6,76% em 12 meses. O resultado ficou ligeiramente acima das medianas projetadas, de +0,29% no mês e +6,73% em 12 meses até abril, conforme o Termômetro CMA.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda desde o início da sessão, com os vencimentos mais curtos reagindo com mais força ao conteúdo da ata da reunião realizada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Já os vértices mais longos ficaram mais próximos da estabilidade.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,78%, de 4,84% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,505%, de 6,645%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,04%, de 8,16% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,66%, de 8,71%, na mesma comparação.

Wall Street passou por uma montanha-russa nas negociações de hoje, com a onda de vendas do setor de tecnologia provocada por temores de inflação perdendo força no final do dia e ajudando o Nasdaq a quase zerar as perdas. Essa reversão, no entanto, não foi capaz de ajudar o S&P 500 e Dow Jones – este último caiu mais de 450 pontos na pior performance desde fevereiro.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -1,36%, 34.269,16 pontos

Nasdaq Composto: -0,09%, 13.389,40 pontos

S&P 500: -0,86%, 4.152,10 pontos