A Bolsa fechou em alta de 0,71%, aos 105.535,08 pontos, em um pregão mais positivo com a expectativa dos agentes financeiros para a resolução da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, prevista para ser votada, ainda hoje em turno segundo, na Câmara dos Deputados. No final dos negócios, o índice reduziu a alta com leitura “distorcida”, segundo analistas, sobre a rejeição do destaque que alterava a regra de ouro -relevante para não deixar o governo se endividar com gastos obrigatórios.
A aprovação da PEC é vista como um dos males, o menor e qualquer resultado contrário à previsão do mercado pode haver uma pressão maior sobre o risco fiscal. Os deputados seguem analisando os destaques do texto-base aprovados em primeiro turno na semana passada. .
O Supremo Tribunal Federal (STF) forma maioria para suspender as emendas do relator, que foi decidida pela ministra Rosa Weber. O julgamento continua em plenário virtual.
Para Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA, a política continua pautando o mercado, gerando incertezas e “remove o apetite por posições mais direcionais dos investidores, que aguardam uma solução para o enquadramento do Orçamento e/ou uma saída para o pagamento do Auxílio Brasil”.
Nishimura comentou que os deputados seguem apreciando os destaques da PEC dos precatórios para, posteriormente, votar a proposta em segundo turno. “A percepção dos agentes do mercado foi positiva e acredita-se que o governo conseguirá o apoio necessário para a aprovação”, ressaltou.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, afirmou que o mercado fica mais aliviado e a Bolsa sobe com “o Supremo permitindo a votação da PEC dos precatórios, embora tenha incerteza no Senado”. E acrescentou que apesar de não ser a melhor solução para a questão fiscal, “dá uma clareza maior ao mercado”.
Em relação às ações, o destaque positivo ficou para o setor de consumo que foi impactado positivamente pela redução das taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DIs).
“Os papéis acabaram sofrendo bastante por causa das incertezas com o fiscal, juros mais altos, inflação e agora estão se recuperando”, disse Komura.
Os papéis de Magalu (MGLU3) e Americanas (AMER3) subiram 10,05% e 7,64%, respectivamente.
O dólar comercial fechou em R$ 5,4910, com queda de 0,92%. A sessão de hoje foi majoritariamente pautada pela tensão que envolve a votação da PEC dos Precatórios, com o governo lutando para conseguir encaixar os auxílios sociais no orçamento de 2022.
Para o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, “independente do resultado, o mercado não está confortável com a quebra do teto. O Auxílio Brasil poderia ter sido menor. Todos nós saímos perdendo”.
Nagem acredita que a melhora no câmbio será pontual: “Houve uma quebra de regra com o jogo em andamento, e isso coíbe a entrada de moeda estrangeira.
Temos diversas dúvidas para 2022”, diz pessimista. De acordo com as projeções da Terra, o câmbio deve fechar o ano entre R$ 5,70 e R$ 5,80.
Segundo o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “este movimento se deve à PEC, deixando o mercado otimista. A jornada até a aprovação final, porém, ainda é longa”.
Santana, porém, acredita que isso é algo momentâneo: “Esse otimismo é pontual, efêmero, pois assim que isso terminar vamos voltar a falar sobre o teto fiscal, inflação e juros”, constata. O executivo acredita, contudo, que este clima positivo ainda perdure até o final da semana.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com o mercado na expectativa pela votação no STF de suspensão do chamado “Orçamento Secreto”.
No fechamento do pregão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,450% de 8,438% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,135%, de 12,210%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,850%, de 12,160% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,720% de 12,020%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo após dados de inflação e um período de correção puxar as bolsas para baixo.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,31%, 36.319,98 pontos
Nasdaq Composto: -0,60%, 15.886,5 pontos
S&P 500: -0,34%, 4.685,25 pontos