São Paulo – A Bolsa fechou em alta de mais de 1% com o mercado recebendo positivamente a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em manter a taxa de juros entre a banda de 5,25% e 5,50% ao ano, em linha com o esperado, e sinalizar que este ano serão três cortes, mas não cravou quando iniciaria a redução.
O principal índice da B3 subiu 1,25%, aos 129.124,83 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril tinha alta de 1,20%, aos 130.145 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22 bilhões Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Bolsa subiu bastante após a decisão de política monetária do banco central americano, que veio como o esperado, e com um comunicado levemente mais hawkish.
“A decisão veio em linha e o comunicado não revelou grandes mudanças na postura do Fed, segue acreditando em trazer a inflação pra meta de 2% ao ano. No comunicado a gente viu mais dependência de dados futuros. À princípio o mercado já vinha precificando um tom mais agressivo, mas como veio mais ou menos dentro da expectativa houve um alívio da pressão dos últimos dias. O que chamou atenção foram as revisões no dot plot, algumas agressivas -mais pressão inflacionária para o próximo ano, revisão o núcleo do PCE pra cima [passou de 2,4% para 2,6%], PIB pra cima [subiu de 1,4% para 2,1%] , mediana dos diretores pra taxa de juros ficou um pouco acima-. O Powell ficou bastante focado no mercado de trabalho e espera que o mercado de trabalho traga alívio para pressão inflacionária. não cravou nenhuma data para a queda de juros. Na CME [bolsa de Chicago] as apostas aumentaram para a queda em junho, mas acho que o corte deve acontecer na reunião de setembro porque acho difícil a inflação aliviar até junho”.
Bruno Potenza, analista da Potenza Investimentos, disse que o mercado gostou das falas do Powell e o dot plot [sumário de projeções econômicas] ficou dentro do que o mercado esperava.
“O Fed vai conseguir entregar o pouso suave e dá para ver uma tomada de risco em que o Brasil e países emergentes se beneficiam. Há chance de que os cortes ocorram com um intervalo entre as reuniões. O primeiro seria em junho, depois setembro e dezembro. Nos encontros de julho, novembro e dezembro, as taxas seriam mantidas”.
Mais cedo, Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que hoje é um dia superimportante do ponto de vista macroeconômico nos Estados Unidos e aqui, com relevância para o comunicado e lá fora o dot plot.
“A decisão nos EUA [sobre os juros] tem menos importância, [o foco] está mais para o comunicado e o resumo trimestral do sumário de projeções econômicas. Se ao invés de três cortes nos juros, forem dois seria muito prejudicial [para os ativos de risco] ou se o Powell adotar um tom mais duro na coletiva. Entendo que ele vai ser cauteloso, mas não vai agravar muito o tom que vinha tendo nas últimas reuniões, se o fizer o mercado pode reagir mal. Em relação ao Copom, o forward guidance está em jogo. Acho que ele vai [o Banco Central] vai manter o forward guidance porque teria gordura pra queimar, mas pode ter alguma sinalização adicional, por exemplo, sinalizar que vai fazer mais dois cortes (além de hoje) e aí começa a reduzir”.
O dólar fechou em queda de 1,09%, cotado a R$ 4,9739. A moeda refletiu o tom mais dovish (suave, menos propenso aos aumentos dos juros) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que confirmou a projeção de três cortes na taxa básica de juros para 2023.
Além de manter a taxa básica ente 5,25% e 5,50%, a fala do presidente da instituição, Jerome Powell, apaziguou ainda mais os ânimos e contribuiu para o enfraquecimento da divisa estadunidense.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a confirmação dos três cortes, com a projeção das taxas, ao final de 2024, entre 4,5% e 4,75%: “O mercado havia precificado a chance considerável de eventualmente o Fed reduzir a magnitude do corte para este ano. Isso não ter acontecido já é uma grande notícia”.
Abdelmalack observa que “aparentemente o mercado estava com excesso de cautela e parcimônia de que as sinalizações pudessem ser mais duras e as projeções para 2024, dando um espaço para uma recuperação do mercado”.
Quanto ao discurso de Powell, a economista acredita que não houve nenhuma novidade ou algum fundamento diferente do que ele já vinha apontando: “É mais um ajuste do mercado em relação a um excesso de pessimismo com o que poderia acontecer nesta reunião”, opina.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda com a decisão da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de manter taxa de juros estadunidense entre 5,25% e 5,50% por parte do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em linha com o que era amplamente esperado pelo mercado. A decisão foi unânime. O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,905%, de 9,975% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,800 de 9,885%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,035%, de 10,120%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,325% de 10,420% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, voltando a registrar máximas recordes, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve sua projeção de três cortes na taxa de juros este ano.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,03%, 39,512.13 pontos
Nasdaq 100: +1,25%, 16,369.41 pontos
S&P 500: +0,89%, 5,224.62 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA