Bolsa fecha em alta e dólar em queda, após nova cirurgia de Lula; à espera do Copom

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São Paulo -A Bolsa conseguiu terminar a sessão em alta pelo terceiro dia seguido, subiu mais de dois mil, após a confirmação da notícia sobre o novo procedimento que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será submetido, amanhã (12) pela manhã, e o mercado enxerga maior possibilidade de o mandatário não concorrer a reeleição em 2026.

De acordo com a equipe médica que acompanha o presidente Lula, o procedimento de manhã será complementar à cirurgia que o mandatário se submeteu ontem (11) na cabeça.

O mercado fica à espera do Comitê de Política Monetária (Copom), após o fechamento do mercado, com a expectativa de alta de 0,75 ponto porcentual (pp) a 1,00 pp.

A Vale (VALE3), ação de maior peso no índice fechou em queda de 1,55%.

O principal índice da B3 subiu 1,06%, aos 129.593,31 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,39%, aos 130.135 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que “se houver qualquer problema e o Lula não conseguir ficar na presidência, o Alckmin assume. O mercado deve estar olhando mais para 2026, e na esquerda não tem nome. Para o mercado reagir assim, deve ter algo mais grave”.

Mais cedo, Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a queda do Indice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), expectativa com Copom e peso de Vale e bancos ajudam no movimento negativo do Ibovespa.

“O Indice de Confiança caiu pelo terceiro mês seguido, ficou abaixo dos 50 pontos, o que mostra movimento contracionista e a maioria [está] diminuindo suas operações e investimentos. A Vale passou a esticar a perda. Os bancos seguraram muito e esperamos em algum momento, quando a Selic virar, e o mercado reduzir um pouco sensação de risco, caiam. É giro setorial. O mercado está aguardando a reunião do Copom, esperamos alta de 0,75 pp, parte do mercado aguardava +1 pp para ancorar as expectativas. O mercado vai olhar mais o comunicado e os diretores estão alinhados. Em relação ao CPI, o impacto foi benéfico no início do dia e não traz surpresa pro Fed”.

Mais cedo foi divulgado o CPI dos Estados Unidos, que subiu 0,3% em novembro ante o mês anterior e ficou dentro das expectativas dos analistas. Nos 12 meses até novembro, o índice de preços ao consumidor avançou 2,7%, em linha com as expectativas

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Indice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu 2,5 pontos, chegando aos 50,1 pontos, o que revela que os empresários passaram de um estado de confiança para um estado de neutralidade.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “os dados do CPI vieram em linha com o esperado pelo mercado, o que não pressiona o Fed para a reunião da semana que vem [dias 17 e 18], que deve cortar os juros em 0,25 ponto porcentual (pp). Para a reunião de janeiro deve sinalizar uma pausa para aguardar o início do governo Trump [Donald Trump]” .

O dólar comercial fechou em queda de 1,27%, cotado a R$ 5,9704 sob efeito do estado de saúde mais sensível do presidente Lula.

O mandatário será submetido a uma nova cirurgia amanhã (12), pela manhã, para bloquear sangramento no cérebro. A equipe médica do Hospital Sírio Libanês, que o acompanha, divulgou uma boletim confirmando o procedimento.

Mais cedo, segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, caso o Copom não eleve a Selic em ao menos 1pp o dólar pode voltar a subir nesta quinta.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a priori o mercado teve uma reação positiva ao CPI, mas ao longo esta percepção deve mudar, já que a economia estadunidense dá constantes sinais de aquecimento.

Borsoi que o dólar tem demonstrado uma correção técnica, e que o mercado começa a se dar conta de que houve certo exagero sobre as medidas fiscais: “Existe uma visão mais construtiva sobre o fiscal”.

O economista acredita que a Pesquisa Mensal de Serviços, que registrou alta de 1,1% em outubro ante projeções de +0,50% aumentou muito as chances de que o Copom eleve a Selic em 1 pp em reunião que acontece hoje – o que deve favorecer a moeda brasileira.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em firme queda, mas com vértices mais curtos em alta. O mercado ainda digere dados da Pesquisa Mensal de Serviços e continua à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic (taxa básica de juros)

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,0009% de 11,956% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 14,185%, de 13,370, o DI para janeiro de 2027 ia a 14,365%, de 14,640%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 14,200% de 14,470% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,9668 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em misto, com a Nasdaq em destaque positivo ao alcançar a marca recorde de 20 mil pontos. Os últimos dados de inflação, em linha com projeções, gerou otimismo em Wall Street por abrir caminho para corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,22%, 44.148,56 pontos
Nasdaq 100: +1,77%, 20.034,9 pontos
S&P 500: +0,81%, 6.084,19 pontos

 

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News