Bolsa fecha em alta e dólar em queda às vésperas de decisão de política monetária

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta em um movimento de ajuste em relação ao exterior, se segurou na região dos 129 mil pontos, com o mercado na expectativa para a decisão de política monetária amanhã (8), após o fechamento. As incertezas ficam em torno da magnitude do corte da Selic -atualmente em 10,75% ao ano (aa). O mercado também fica de olho na temporada de balanço referente ao primeiro trimestre de 2024. As ações de peso também ajudaram na boa performance do Ibovespa.

As ações da Suzano (SUZB3) lideraram a queda do Indice em 12,27% em razão de uma oferta pública que a empresa fez à International Paper (IP) de quase US$15 bilhões, equivalente a US$42 por ação da empresa e não agradou o mercado porque a oferta é praticamente o valor de mercado da Suzano.

Já na ponta positiva, o destaque ficou para a Vamos (VAMO3) com alta de 13,04% refletindo o balanço que agradou o mercado, -registrou lucro líquido de R$ 183 milhões, alta de 8,2% em comparação ao mesmo período do ano passado (1T23).

A Vale (VALE3) subiu 0,62% e Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou de 2,41% e 1,22%. Itaú Unibanco (ITUB4) registrou alta de 2,06%. Ontem foi divulgado, após o fechamento, o resultado do banco, que registrou R$ 9,8 bilhões no 1T24, alta anual de 15,8%.

O principal índice da B3 subiu 0,57%, aos 129.210,48 pontos. Ibovespa futuro com vencimento em junho registrou alta de 0,54%, aos 130.375 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que a Bolsa conseguiu se recuperar diante do exterior e os resultados corporativos no radar.

“O Ibovespa tirou um pouco do atraso recente em relação aos pares internacionais, puxado por melhores percepções para drivers que o pressionaram neste período, além de balanços trimestrais melhores que as expectativas e o bom desempenho das empresas de maior peso na composição do índice”.

Elcio Cardoso, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, disse que o Ibovespa “trabalha em alta, influenciado pela alta dos principais bancos, Vale e Petrobras e com a continuidade do fechamento da curva de juros após o forte estresse na curva nas últimas semanas”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse o Ibovespa corrige o movimento da véspera com o mercado americano.

“Acredito que a alta da Bolsa no pregão de hoje é um pouco de ajuste em relação ao pregão de ontem em que as bolsas americanas subiram. O peso foi a tragédia no Rio Grande do Sul em razão ao risco fiscal adicional com a ajuda do governo federal no que se refere a tributos, anistia para esse momento e foi visto com força na trajetória da curva de juros. Não podemos esquecer a temporada de balanços. O Itaú teve um resultado forte [1T24] e as ações sobem. A Vale avança com o UBS elevando a recomendação de compra para o papel, o que acaba contribuindo positivamente”.

Hashimoto destacou que o pano de fundo é a decisão amanhã (8) de juros.

“Fica a briga do Copom, se mantém o corte de 0,50 ponto porcentual (pp) ou de 0,25pp. A maioria acredita em 0, 25pp.Vai ser importante a sinalização que o BC pode dar considerando o peso da tragédia no Rio Grande do Sul”.

Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos, disse que as notícias não são tão favoráveis para explicar essa alta da Bolsa.

“Não vejo sentido essa alta. Acredito que seja por conta do descolamento nos últimos dias com o exterior. Estamos às vésperas da decisão do Copom e essa situação [catástrofe climática] do Rio Grande do Sul vai trazer problemas sérios para o quadro fiscal, que já está bem apertado. Por mais que tenha sido declarado calamidade pública, [os recursos] vão ser tirados da meta fiscal e o mercado fica ainda mais apreensivo. A Vale sobe depois de uma recomendação do UBS [de neutra para compra e com preço-alvo revisado de US$ 13 para US$15 para as ADRs listadas em NY] e Petrobras também sobe, mesmo com as commodities em queda”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,13%, cotado a R$ 5,0672. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a espera do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne entre hoje e amanhã.

Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o corte na Selic deve ser de 0, 25 ponto percentual (p.p.), mas caso seja de 0,5 pode fortalecer o dólar”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, na expectativa da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o corte na taxa Selic (taxa básica de juros). Questão fiscal segue no radar, uma vez que ainda não é possível mensurar o tamanho do estrago total com as enchentes no Rio Grande do Sul.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,205%, de 10,190% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,420% de 10,440%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,725%, de 10,745%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,000 de 11,030% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam com poucas alterações, ainda que ampliassem uma série de ganhos diante das crescentes expectativas de cortes nos juros ainda este ano. Enquanto isso, os investidores se desanimaram com o relatório de lucros da Disney.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,08%, 38.884,26 pontos
Nasdaq 100: -0,10%, 16.332,56 pontos
S&P 500: +0,13%, 5.187,70 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News