Bolsa fecha em alta e dólar em queda com avanço da pauta fiscal; bancos ajudam índice

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, chegou perto dos 128 mil pontos, em dia de apetite ao risco com o fiscal ganhando força no Congresso, após a aprovação em regime de urgência de propostas do pacote de corte de gastos do governo. Somado a isso, as ações dos bancos e Petrobras ajudar a puxar o índice. Pouquíssimas ações caíram.

As ações do Itaú (ITUB4) subiram 2,14%. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 1,48% e 0,99%. Indice Small Caps registrou ganho de 1,19%. Os papéis da Eletrobras (ON, +4,02%) foram destaque de alta, após conversas com o governo para limitar a participação no conselho da empresa.

O principal índice da B3 subiu 1,40%, aos 127.857,58 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento de dezembro registrou alta de 1,34% aos 128.150 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23 bilhões. Em NY, os índices fecharam em queda.

Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que “o Ibovespa sobe com o alívio na questão fiscal. A alta foi puxada pelos bancos, Petrobras e a queda do dólar”.

Idean Alves, especialista em mercado de capitais e planejador financeiro, afirmou que a alta do Ibovespa pela posição forte do Congresso com o fiscal.

“A Câmara aprovou o regime de urgência para projeto de pacote fiscal. Com a decisão, as propostas terão a análise acelerada e não precisarão ser votadas nas comissões temáticas, o que traz esperança de que o pacote de corte de gastos, que além de alterar o arcabouço fiscal, possa trazer R$ 70 bilhões em economia até 2026. As ações da Petrobras (PETR4) sobem, após a confirmação da maior descoberta de gás da Colômbia [com perfuração dom poço marítimo de Sirius-2]”.

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, disse que o dia é bem positivo sob efeito da votação de dois projetos do pacote fiscal no Congresso e em razão de as ações estarem baratas.

“Esse ânimo do mercado, em parte, é pela aprovação no Congresso. Mas o cenário ainda é difícil, tanto que o Lira [Arthur Lira, presidente da Câmara] disse isso ontem. Algumas medidas do Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] vão ser difíceis. A Bolsa está muito machucada, mas o fluxo de estrangeiro de hoje deve ser positivo [sairá só na segunda-feira], o preço das ações brasileiras está muito barato, chega um momento que é muito difícil de continuar caindo de forma considerável, e o investidor volta a comprar”.

Moreira reforça que mesmo com a queda da Vale, “o índice está segurando muito bem, principalmente o setor bancário. Os papéis sensíveis a juros que sofreram muito estão se beneficiam do bom movimento do mercado hoje, como as ações dos setores de saúde, logística, educação, consumo; as small caps como um todo”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “a aprovação na Câmara dos projetos ajuda na recuperação da bolsa. Acredito que por mais que tenha ocorrido uma rejeição ao anúncio [do pacote fiscal na semana passada], investidores querem que seja aprovado”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,58%, cotado a R$ 6,0088. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o avanço da pauta fiscal no Congresso.

Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, além do avanço dos ajustes fiscais, o rally de dólar, que acontece nesta época do ano, também contribui com a queda da divisa estadunidense: “Ela pode chegar a R$ 5,90 até o final do ano”, aposta.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, o movimento de hoje tem relação direta com a postura fiscalista do Congresso: “O real tem espaço para cair mais, desde que não haja desidratação do texto e aprovem com agilidade”.

Diferentemente do câmbio, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) operam em alta, depois de dia de volatilidade. As taxas abriram mistas e caíam, aliviadas pelo avanço do pacote fiscal no Congresso, mas ainda tensas pela expectativa do mercado com a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,771% de 11,762% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 14,122%, de 13,090%, o DI para janeiro de 2027 ia a 14,455%, de 14,315%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 14,335% de 14,210% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quinta-feira em queda, com os investidores aguardando a divulgação do relatório oficial de emprego (payroll) que será divulgado amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,55%, 44.765,71 pontos
Nasdaq 100: -0,18%, 19.700,3 pontos
S&P 500: -0,18%, 6.075,11 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes