São Paulo -A Bolsa fechou em alta em dia de apetite ao risco amparada pelas empresas de commodities metálicas, com destaque para a Vale-empresa de maior peso no índice- em razão do pacote de incentivos que o governo chinês anunciou para impulsionar a economia do país. Somado a isso, os bancos subiram em bloco e ajudaram a puxar o Ibovespa. Na contramão, pesou a Petrobras com a queda do petróleo.
A Vale (VALE3) subiu 6,00% e CNS (CSNA3) avançou 8,94%. Itaú (ITUB4) registrou alta de 1,27%.
Os destaques de queda ficaram para as petroleiras- Petrobras, Petrorio e Brava Energia refletindo a notícia de que a Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, desistiu de sua meta de barril de petróleo a US$ 100, e se prepara para aumentar a produção, reforçando ainda mais o momento de transição energética que vivemos no mundo, disse Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital. A Petrobras (PETR3 e PETR4) caiu 2,09% e 2,15%
O principal índice da B3 subiu 1,08%, aos 133.009,78 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,86%, aos 133.565 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa caminha para fechar o pregão no positivo e a boa notícia vinda da China.
“Nossa bolsa está sendo capitaneada por essa melhora na China, e isso está puxando as empresas de commodities-Vale subindo 6%. Foi anunciado um pacotaço, com mais incentivos e corte de impostos, é o governo chinês inundando o mercado de recursos para tentar aquecer parte de consumo, como infraestrutura. Logo atrás, estão os bancos que sobem. Do lado negativo, teve a queda do petróleo que impactou a Petrobras e petrolíferas”.
Moliterno disse que no discurso de hoje do presidente do Fed, Jerome Powell, “não deixou claro sobre a magnitude do corte de juros-0,25pp ou 0,50pp para as próximas reuniões-, mesmo assim acabou sendo positivo porque muitos analistas acreditam que possa intensificar fluxo para emergentes. O RTI mostrou que a magnitude [de alta da Selic] deve permanecer mais longa, o que colaborou para que os DIs curtos abrissem levemente e as pontas longas fechassem”.
Mais cedo, o Banco Central divulgou as estimativas econômicas para inflação e PIB, que constam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro. As projeções para a inflação em 2024, 2025 e 2026 subiram. Para este ano, teve elevação de 4% para 4,3%.
A previsão para a inflação para 2025 avançou de 3,4% para 3,7%, e para 2026 passou de 3,2% para 3,3%. A estimativa para o PIB este ano cresceu de 2,3% para 3,2%.
Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que “a Vale, em razão da expectativa dos estímulos chineses, e os bancos sustentam a alta do Ibovespa. Por outro lado, Petrobras pressiona com o peso que tem no índice e as varejistas performam mal. Se Petrobras estivesse com bom desempenho ou próximo da estabilidade, o índice estaria melhor. Os bancos se ajustam devido às quedes recentes”.
O dólar fechou em queda de 0,57%, cotado a R$ 5,4447. A moeda refletiu, majoritariamente, os estímulos chineses à economia.
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e os dados econômicos dos Estados Unidos, divulgados mais cedo, chegaram a pautar a sessão de hoje.
“O mercado está otimista com os emergentes. Os países que têm uma certa correlação com a economia chinesa, como é o caso do Brasil, exportador de commodities, se beneficiam dos incentivos vindo do país asiático. A gente vê a Vale [ação de maior peso no Ibovespa] subindo 6% por conta disso”, disse o especialista da Valor Investimentos Paulo Luives.
O consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, André Galhardo, disse que o RTI “apenas endossa aquilo que o Banco Central já havia sido dito no comunicado e na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “Considerando o hiato do produto em campo positivo – que indica que a economia doméstica está operando acima da sua capacidade potencial – e os riscos inflacionários, o mercado avalia não haver outra alternativa senão a de intensificar o ritmo de aumentos da Selic”.
Galhardo comentou que a forte valorização do real no meio da manhã, em que chegou a ser cotada a R$ 5,4047, foi parcialmente revertido com os dados de atividade econômica e do mercado de trabalho vindos dos Estados Unidos.
Mais cedo foram divulgados os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos semanal-cederam a 218 mil, uma queda em relação aos 222 mil observados na semana imediatamente anterior. O PIB cresceu 3% em 2024 em taxa anualizada.
“O mercado de trabalho ainda está resiliente e a atividade econômica acima do desejado pelo Fed reduziram bastante as chances de um novo corte de juros de 50 bps na reunião marcada para o mês de novembro. A dinâmica recente da economia norte-americana sugere que, caso o faça, o Fed optará por um corte de juros mais brando na próxima reunião de política monetária, de 0,25%”, avaliou Galhardo.
Em boletim matinal, a Ajax Asset trouxe que no exterior “as ações e commodities registraram alta após o anúncio de que o governo chinês intensificará os gastos públicos e adotará novas medidas para estabilizar o setor de construção residencial. Ativos locais devem se valorizar com o noticiário positivo da China”.
“Ainda é cedo para saber se essas medidas promoverão uma mudança estrutural na China, mas seguem na direção correta, que deve retirar parte da fragilidade econômica vista nos últimos meses. A medida deve ser vista como positivas no curto-prazo, especialmente para ativos mais dependentes da demanda chinesa, e que estão com valuations baratos e posição técnica saudável”, opinou a Ajax.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, ainda sob influência das projeções da edição de setembro do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,995% de 10,015% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,205%, de 11,240%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,225%, de 11,970%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,260% de 12,410% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com o S&P 500 fechando em nova alta recorde. Os investidores receberam uma série de atualizações, incluindo dados econômicos sólidos dos Estados Unidos, lucros otimistas da Micron e as promessas da China de mais estímulos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,62%, 42.175,11 pontos
Nasdaq 100: +0,60%, 18.190,3 pontos
S&P 500: +0,40%, 5.745,37 pontos
Camila Brunelli, Paulo Holland e Darlan de Azevedo /Agência Safras News