Bolsa fecha em alta e dólar em queda com iminência de corte de juros nos EUA

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São Paulo -A Bolsa encerrou no positivo em dia de apetite ao risco global, oscilou entre a máxima de 132.429,50 pontos e a mínima de 131.115,40 pontos, com o resultado da inflação ao produtor nos Estados Unidos (PPI, sigla em inglês) de julho mais benigna, mostrando desaceleração frente ao mês anterior.

Esse cenário reforça a possibilidade de o banco central americano iniciar o ciclo de corte de juros em setembro, a dúvida é de quanto será a redução. Os investidores ficam na expectativa para a divulgação dos preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês), amanhã (14), para chancelar essa redução das taxas.

Por aqui, os agentes financeiros esperam por mais balanços após o fechamento do mercado.

Na ponta positiva, o destaque ficou para CSNMineração (CMIN3), que disparou 6,28%. Já a Natura (NTCO3) despencou 8,85%. As duas empresas refletiram os balanços relativos ao segundo trimestre deste ano.

As ações da Vale (VALE3) caíram 0,44% e as da Petrobras (PETR3 e PETR4) perderam 0,51% e 0,61%. Itaú (ITUB4) subiu 2,83%.

Nos Estados Unidos, o PPI divulgado mais cedo, subiu 0,1% em julho, desacelerando frente junho, +0,20% em dado revisado. O dado do mês passado veio abaixo do esperado pelos analistas +0,20%.

O principal índice da B3 subiu 0,97%, aos 132.397,97 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,86%, aos 132.580 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,8 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa acompanhou o bom humor em NY, “com o PPI abaixo do esperado em julho reforçou a percepção de que o Fed cortará juros em setembro”.

Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, disse que o dado de preços ao produtor dos Estados Unidos, divulgado mais cedo, “aumenta a pressão sobre o Fed para um possível corte de juros em setembro, e isso é positivo para a Bolsa de Valores pois com a sinalização de Galípolo [Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC], ontem, de que o Banco Central pode aumentar os juros, e com a expectativa de corte de juros nos EUA, o carry trade se torna mais atrativo para os investidores; por isso que a gente vê um dólar desacelerando, vê uma Bolsa ganhando força”.

Sidney Lima, analista da Outro Preto Investimentos, disse que o mercado reage positivamente ao dado de inflação nos Estados Unidos abaixo do esperado e sacramenta o corte de juros em setembro

“Existe necessidade latente de que o Fed tome essa decisão de cortar juros, a bola da vez está sendo a proporção desse corte. O principal é amanhã o CPI, que acaba selando um pouco mais isso. [a inflação] era uma das últimas sinalizações que o mercado estava esperando para selar essas possibilidades, mas existe uma linha tênue em relação a possibilidade de recessão e inflação. Não acredito em recessão nos EUA. Para a foto de hoje, o mercado reage de uma forma mais positiva se afastando da inflação”.

Em relação aos balanços das empresas no 2T24, Lima disse que “o mercado temia que os juros altos pudessem comprometer os resultados, mas elas estão mostrando resiliência. Daqui a alguns dias vamos ver o impacto que está acontecendo nos EUA para essas empresas”.

Hoje a Bolsa chegou a romper o patamar dos 132 mil. O analista da Ouro Preto Investimentos disse que o próximo patamar que o mercado vai buscar será os 134 mil pontos, marca atingida em dezembro de 2023.

O dólar comercial fechou em queda de 0,90%, cotado a R$ 5,4489.O movimento refletiu, desde o início da sessão, a melhora do humor global que tem sido observada nos últimos dias.

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que teve alta de 0,1% em julho (ante projeções de +0,2%) também foi bem recebido pelo mercado, que cada vez mais precifica o início do corte dos juros norte-americanos em setembro.

Os agentes financeiros aguardam os preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), amanhã (14).

Patrícia Krause, economista-chefe Latin América da Coface, disse que o dólar à vista acentuou a queda frente ao real, e “o principal fator é o dado de preços ao produtor dos Estados Unidos melhor que o mercado acreditava, o que reforça um cenário desinflacionário e a ideia de que o banco central americano possa começar a reduzir juros na próxima reunião de setembro. Amanhã sai a inflação ao consumidor. Existe um alívio no sentimento de risco global”.

Lucas Brigato, sócio da Ethimos Investimentos, disse que o dólar cai e deve manter nesse patamar com um cenário mais positivo lá fora e aqui entrada de estrangeiros.

“O dólar tem movimento de correção esperado depois de um rali forte nas últimas duas semanas. O dado de inflação nos Estados Unidos corrobora com esse movimento e com início do ciclo de corte de juros por lá em 0,25 ponto porcentual (pp) na reunião de setembro. Aqui, os balanços [das empresas] estão positivos, o que ajuda na entrada maior de investidor estrangeiro. O dólar dá uma assentada no patamar de R$ 5,50”.

Para Bruno Komura, o analista da Potenza Capital, o resultado [do PPI ter vindo abaixo do esperado é positivo, pois afasta a ideia de recessão e reforça a projeção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá começar o corte dos juros em setembro.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda refletindo a inflação dos Estados Unidos (PPI, sigla em inglês) abaixo do esperado e acompanhando o rendimento dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano). A Pesquisa Mensal de Serviços divulgada mais cedo também influencia positivamente os juros futuros.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,745% de 10,755% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,415%, de 11,555%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,365%, de 11,555%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,400% de 11,570% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão com ganhos amplos à medida que Wall Street digere os dados de inflação mais baixos do que o esperado e aguarda a atualização sobre os preços ao consumidor amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,04%, 39.765,64 pontos
Nasdaq 100: +2,43%, 17.187,6 pontos
S&P 500: +1,68%, 5.434,43 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News