São Paulo -A Bolsa fechou em alta com Vale e refletindo as falas do presidente Lula com a promessa de que não haverá interferência no Banco Central (BC) sob o comando de Gabriel Galípolo, no ano que vem. Somado a isso, o presidente se mostrou atento às novas medidas fiscais. Na semana, o índice caiu 2,01%.
Acompanhado dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, da Casa Civil, Rui Costa e de Gabriel Galípolo, Lula tecendo elogios ao novo presidente do BC. O presidente disse que “o Galípolo vai dar uma lição de como se governa um BC com verdadeira autonomia”.
As ações da Vale (VALE3) subiram levemente 1,58% e as da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,72% e 0,83% em dia de vencimento de opções sobre as ações.
O principal índice da B3 subiu 0,75%, aos 122.102,15 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,74%, aos 123.905 pontos. O giro financeiro foi de R$ 38,6 bilhões. Em NY, os índices fecharam no positivo.
Um analista do mercado financeiro disse que “as falas de Lula trazem um certo alívio com a demonstração de autonomia do BC. Vamos aguardar”.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que “a bolsa reage bem por conta do fechamento da curva. O cenário atual é praticamente pleno emprego, ou seja, estamos no melhor momento quando falamos de desemprego. Daqui para frente a tendência é arrefecer, mas se o ambiente estiver com menos volatilidade e com maior previsibilidade podemos ter contrapartida em investimentos. Com tudo isso é perspectiva de juros mais baixos, podemos ter melhora no lucro das empresas”.
Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a queda do dólar ajuda um pouco o índice, mas o cenário fiscal doméstico é o que faz mais preço.
“O leilão do BC [que puxou a queda do dólar] refletiu um pouco na bolsa, principalmente nas empresas que têm receita dolarizada. Por mais que seja uma queda sintética do dólar, a gente tem expectativa de inflação e de juros mais altos aqui e possibilidade de manutenção ou diminuição no ritmo de corte de juros pelo Fed, o que deixa o dólar mais forte. Somado a isso, a difícil questão fiscal doméstica, que não sai do radar. Se não tiver uma sinalização clara que o que está sendo votado [do pacote fiscal] vai trazer resultado, a gente vai ver essa pressão no Ibovespa”.
Mais cedo, o Banco Central fez dois leilões para segurar a escalada do dólar. O leilão de dólares à vista foi de US$ 3 bilhões e de linha de US$ 2 bilhões.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,87%, aos R$ 6,0710 em dia de leilão do Banco Central para conter a escalda da moeda estrangeira.
Além disso, as falas do presidente Lula, no meio da tarde, fortalecendo a autonomia do BC ajudou o humor do mercado. Lula também disse que não descarta novas medidas de ajuste fiscal. Na semana, a divisa teve alta de 0,70%.
Segundo o presidente, o governo está tomando as medidas necessárias para cumprir o arcabouço fiscal, e que Gabriel Galípolo será presidente mais importante que o país já teve. A partir de janeiro, o BC estará sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado pelo governo atual. As falas foram ditas em um encontro com ministros e Galípolo e publicado em suas redes sociais.
O analista da Potenza Capital Bruno diz que a postura não combativa de Lula é benéfica para o real: “Isso é bem positivo porque uma das maiores preocupações do mercado é que o BC não cumpra o guidance de 2 altas de 1,0%. Não adianta ficar pressionando o BC se a inflação está com tendência de alta”.
Mais cedo, o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, os leilões do BC têm efeito de “limpeza de balanços”, contribuindo com o arrefecimento da divisa estadunidense.
Borsoi também entende que as falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, ontem, ajudaram o real.
“O mercado está dando um voto de confiança para o Galípolo”, opina o economista.
As falas de Haddad, anteontem, dando a entender que novas medidas fiscais podem ser implementadas também foi bem recebida: “O pacote foi desidratado e saiu pior do que o esperado. Isso já está precificado”, avalia.
A situação global, contextualiza Borsoi, também inspira cuidados, especialmente com a chance de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não apenas interrompa os cortes dos juros, mas talvez volte a elevar as taxas. Indícios de que a China está estagnada também preocupam.
A soma destes fatores, opina o economista, devem fazer com que o dólar tenha dificuldade para romper a barreira dos R$ 6,00 ainda em 2024.
Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda perto do fechamento com as falas do presidente Lula em uma rede social sobre a autonomia do Banco Central sob o comando de Gabriel Galípolo.
Por volta das 17h15 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,183% de 12,179% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 14,955%, de 15,100%, o DI para janeiro de 2027 ia a 15,080%, de 15,405%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 14,865% de 15,255% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 6,0710 para venda.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo após dados de inflação mais moderados do que o esperado ajudando a impulsionar os ganhos, ainda que a semana tenha encerrado em queda para as bolsas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,18%, 42.840,26 pontos
Nasdaq 100: +1,03%, 19.572,6 pontos
S&P 500: +1,08%, 5.930,85 pontos
Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safra News