Bolsa fecha em alta e dólar recua com aceno de Lula e na expectativa de reunião com ministros

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São Paulo -A Bolsa devolveu parte dos ganhos, mas fechou em alta puxada pela Vale (VALE) e, principalmente, com a expectativa de que o governo sinalize medidas para equilibrar o fiscal, após o término da reunião entre o presidente Lula e ministros de sua equipe econômica.

Mais cedo, o petista reforçou o compromisso com a responsabilidade fiscal de seu governo. O Ibovespa chegou a operar a maior parte do pregão na região dos 126 mil pontos.

As ações da Vale (VALE3) subiram 1,98%, a R$ 64,18 em dia de alta do minério de ferro. Já a Petrobras (PETR3 e PETR4) foi na contramão e caiu 2,07% e 1,73%, a R$ 40,13 e R$ 37,84, respectivamente.

O principal índice da B3 subiu 0,70 %, aos 125.661,89 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,52%, aos 127.150 pontos. Na máxima do dia, atingiu 126.580,98 ponto e na mínima 124.786,64 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,4 bilhões. Os índices americanos fecharam mistos.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que o mercado espera que a reunião de hoje traga notícias positivas sobre ajuste fiscal.

“Há uma expectativa de melhora, dado que a deterioração geral, principalmente no câmbio virou notícia principal há dias e o governo assustou; o exterior também está ajudando”.

Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, disse que “a Bolsa performou bem e a curva de juros cedendo mais de 1% animou os setores de construção [MRV subiu 2,92%] e consumo [Magazine Luiza avançou 3,36%]. Na ponta negativa ficam os frigoríficos e Petrobras. De um modo geral o Ibovespa absorve um pouco das quedas recentes retomando os patamares de negociação de março de 2024”.

Caio Henrique Soares, sócio da Atika Investimentos, disse que o mercado mudou de humor por conta das expectativas em relação à reunião do Lula com os ministros e a valorização da Vale também ajuda.

“Essa reunião serve para o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] acalmar o presidente [Lula]. O mercado vê com bons olhos o Haddad, uma opção ponderada ao Lula, pelo menos economicamente. A percepção é que o Lula endereçando a culpa ao Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central], cobrando sobre o dólar mostra uma fragilidade ou ausência de alinhamento entre Executivo e BC. A alta da Vale tem ajudado o Ibovespa por conta do minério, e nos Estados Unidos os dados dão sinais de uma desaceleração da economia americana. Mas precisamos de um plano fiscal factível”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o mercado está com grande expectativa para a reunião entre o presidente Lula e seus ministros da área econômica no sentido que “os gastos sejam revistos atingindo um equilíbrio fiscal, dessa forma o dólar cai, as taxas fecham e a Bolsa avança. Lá o ânimo está forte, tudo condizente com um arrefecimento da economia e a disparada da Vale (VALE) com a alta do minério de ferro ajuda no bom humor”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,72%, cotado a R$ 5,5682. A moeda operou em queda durante toda a sessão, movimento que ganhou força após o presidente Lula falar, no começo da tarde, que “a responsabilidade fiscal é um compromisso do governo”.

Segundo o economista da Confiance Tec Julio Hegedus Netto, “existe um morde e assopra” por parte de Lula, que teve de recuar após ver o dólar tendo apreciação de quase 20% no ano.

Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “existe expectativa da reunião com ministros, com o discurso mais coeso entre a ala política e a ala técnica mostrando que a busca pela ortodoxia fiscal não será abandonada”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) operam em queda. O bom humor do mercado se deve à reunião de Lula com os ministros, na qual um corte de gastos deve ser discutido.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,690%, de 10,765% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,520% de 11,665%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,840,%, de 11,975%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,075% de 12,215% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto na quarta-feira. Os índices S&P 500 e Nasdaq, ligados à tecnologia, subiram para fechar em recordes históricos. Além disso, dados apontando para uma economia em desaceleração aumentaram as esperanças de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pudesse cortar as taxas de juros em setembro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,06%, 39.308,00 pontos
Nasdaq 100: +0,88%, 18.188,3 pontos
S&P 500: +0,50%, 5.537,02 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Erika Kamikava / Agência Safras News