São Paulo- A Bolsa fechou em campo positivo amparada pelas commodities metálicas, mas o brilho veio da Vale (VALE3) que chegou a subir mais de 9% e encerrou o pregão com alta de 7,59% com os bons ventos vindos da China com a possibilidade de uma flexibilização das medidas de restrições contra a coivid-19. O minério de ferro também saltou. Na semana, o Ibovespa acumulou ganho de 3,16%.
Mas o mesmo não foi visto com as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que tombaram mais de 5% refletindo o pagamento de dividendos e possível interferência política do novo governo.
O principal índice da B3 subiu 1,07, aos 118.155,46 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,94%, aos 119.565 pontos. No interdiário, a máxima atingiu 120.039,37 pontos. O giro financeiro foi de R$ 38,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Beto Saadia, economista e sócio da Bra, disse que enquanto a China anuncia um relaxamento das políticas de covid, as commodities explodiram e “ajudaram a nossa Bolsa”.
Saadia também comentou que a volta do capital estrangeiro é nítida e observada durante a semana. “O investidor internacional tinha aguardado paciente do lado de fora com receios de que uma transição democrática não fosse acontecer”.
Flavio Aragão, sócio da gestora 051 Capital, disse que a perspectiva de reabertura das cidades na China ajuda a Bolsa e as commodities se valorizam. “O mercado comprou essa narrativa e ignorando os dados macroeconômicos ruins lá fora”.
Com a China reabrindo, “a gente deve surfar bastante esse fluxo, mas só deve piorar se o Lula vier com uma equipe distorcida, como por exemplo, se colocar o Mercadante [Aloizio Mercadante] como ministro da Fazenda, aí o mercado pode dar uma sacudida e frear o movimento”, acrescentou.
Em relação à Petrobras, Aragão disse que existe uma preocupação com a intervenção na política de preços e “o mercado está interpretando que o PT não quer distribuir mais dividendos”. Ontem, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou ontem o pagamento de dividendos anunciado na véspera pela Petrobras de R$ 43,7 bilhões.
Aragão comentou que o ministro Gilmar Mendes deve derrubar a lei de redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre os combustíveis já na semana que vem.
“Como a lei não está bem-feita, dá brecha para o julgamento do Gilmar e isso deve pressionar a Petrobras; o impacto é grande na inflação e o PT terá de intervir na estatal para controlar preço e isso pode estar gerando algum ruído; no entanto deve favorecer o fiscal, tira um peso de R$ 60 a R$ 100 bilhões”.
Segundo um analista do mercado que não quis se identificar, a queda nas ações das Petrobras atribuída à “preocupação de que as medidas do novo governo que não acompanhem os preços no mercado externo”.
O dólar comercial fechou em queda de 1,42%, cotado a R$ 5,0510. A moeda caiu globalmente, impactada pela aparente reabertura econômica chinesa, apesar do payroll (folha de pagamento) de outubro ter vindo acima do esperado (criação de 261 mil vagas ante projeção de 200 mil). Na semana, a moeda teve desvalorização de 4,73%.
Segundo a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “a China reduziu parcialmente a política de Covid zero e trouxe um alívio momentâneo”.
Quartaroli entende que o payroll não divergiu tanto do espero pelo mercado e não trouxe grandes novidades, ajudando a manter o bom humor global nesta sexta.
De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “existe uma recuperação nos preços das commodities, com o aumento do fluxo na China. Mas a cada hora as notícias vão para um lado, é uma muita oscilação sobre a reabertura chinesa”.
Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o payroll foi muito forte. É uma complicação para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), com a percepção de que o mercado de trabalho interno é um componente forte na inflação”.
Vieira, contudo, acredita que o real está se fortalecendo com os bons ventos vindos da China: “A perspectiva de uma reabertura beneficia as moedas emergentes”, pontua.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda após os dados de mercado de trabalho norte-americano indicarem condições favoráveis para o início de flexibilização do ciclo de juros por parte do Fed.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,668% de 13,670% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,940%, de 12,975%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,725%, de 11,770% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,465% de 11,520%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, após oscilarem entre perdas e ganhos ao longo dia com Wall Street digerindo os dados de emprego para outubro, mas encerram a semana com perdas com os temores de desaceleração econômica em meio a alta de juros no radar.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,26%, 32.403,22 pontos
Nasdaq 100: +1,28%, 10.475,3 pontos
S&P 500: +1,36%, 3.770,55 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA