Bolsa fecha em alta e dólar recua embalados por otimismo com IPCA-15

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 1,60%, superou a resistência dos 130 mil pontos, em razão da boa notícia vinda da economia doméstica com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de fevereiro mais benigno, o que acabou animando os investidores.

A Vale (VALE3) e siderúrgicas reforçaram o bom humor do mercado. Pão de Açúcar (PCAR) disparou e Petrobras (PETR3 e PETR4) caiu.

O IPCA-15, prévia da inflação, subiu 0,78% contra previsão de 0,83%, e em 12 meses acumula alta de 4,49% e a expectativa era de +4,56%.

A Vale (VALE3) subiu 2,63%. As ações da mineradora tiveram recomendação de compra pelo JP Morgan, com preço-alvo de R$ 102,00. Mas, vale ressaltar que a companhia cai 12,81% no ano e 0,66% no mês.

Com a inflação abaixo das expectativas, a curva de juros caiu em todos os vértices e beneficiou as ações sensíveis a juros. Magazine Luiza (ON, +4,26%) e MRV (ON, +6,28%).

As ações da BRF (ON, +8,13%) se destacaram entre as maiores altas do Ibovespa, após o balanço positivo referente ao 4T23. A companhia reportou lucro líquido de R$ 754 milhões, revertendo prejuízo de R$ 956 milhões em igual período do ano anterior.

Os papéis do Pão de Açúcar (ON, +12,57%) dispararam após tribunal francês aprovar reestruturação do Casino, e o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] a venda de parte dos postos de combustíveis, disse a Ativa Investimentos.

Na ponta negativa, Petrobras (ON, -0,24% e PN, -0,14%).

O principal índice da B3 subiu 1,60%, aos 131. 689,37 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 1,76%, aos 133.580 pontos. A máxima no interdiário atingiu 131.696,37 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Gabriel Costa, analista de Investimentos da Toro Investimentos, disse que a Bolsa opera em alta, superando a resistência dos 130 mil pontos e o destaque de hoje é influenciado pelo IPCA-15.

“A inflação deu o tom de otimismo desde o início do dia ao mercado. Os números apontaram para um índice abaixo das expectativas, seja na visão de fevereiro ou dos últimos 12 meses e o aumento mais expressivo ficou para o grupo de Educação, que sazonalmente é impactado pelos reajustes das mensalidades. Os números melhores mostram que a inflação está em processo de convergência para a meta, o que faz com que os cortes de juros ocorram e até haja uma aceleração do ritmo de redução da Selic. As opções do Copom para a reunião de junho embutem uma redução de 30% para a aceleração no ritmo de cortes”.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que o maior drive do dia é o IPCA-15.

“Apesar da alta relevante, já era esperado por conta dos preços das mensalidades escolares e [a prévia da inflação] ficou abaixo das expectativas. O IPCA-15 reflete na curva de juros e beneficia as ações sensíveis a juros. Não acredita em uma mudança na postura do Banco Central, o BTG trabalha com a Selic terminal em 9,5%”.

Segundo um analista de um grande banco de investimentos, o mercado estava esperando uma boa notícia para puxar a Bolsa.

“O resultado do IPCA-15 agradou o mercado e a expectativa é de que o corte nos juros siga em 0,50 ponto porcentual (pp) e as empresas sensíveis a juros avançam. Semanas atrás, o mercado comentava que na terceira reunião [em maior], a autoridade monetária poderia passar a reduzir a Selic em 0,25pp e isso sai do radar com a inflação de hoje. As commodities também ajudam”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o IPCA-15 anima o mercado.

“Acredito o resultado da inflação vai ajudar o Banco Central a reduzir mais a taxa de juros adiante. Mesmo que seja um valor elevado, já sabemos que durante essa época do ano passamos por muitos reajustes de preços de serviços. Tanto que o IBGE apontou educação como o maior contribuidor da alta”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,97%, cotado a R$ 4,9324. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o bom humor global e doméstico.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o IPCA-15 de fevereiro (+0,78% ante projeção de +0,83%) também contribui com o alívio da curva de juros e a consequente valorização do real.

O economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, entende que o ” movimento de valorização das commodities impulsiona moedas de países emergentes – o real inserido nesse contexto.”

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em firme queda, refletindo inflação abaixo do projetado. Investidores estão mais confiantes de que a trajetória da Selic seja de baixa, embora mais dois cortes de 50bps nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) já estejam precificados.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,980%, de 10,035% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,815% de 9,920%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,015%, de 10,120%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,280% de 10,360% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com os investidores aguardando a divulgação de dados econômicos importantes, como o PIB do quarto trimestre e o índice PCE.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,25%, 38.972,41 pontos
Nasdaq 100: +0,37%, 16.035,3 pontos
S&P 500: +0,17%, 5.078,18 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA