São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo terceiro dia seguido acompanhando o cenário externo, após membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sinalizarem a possibilidade do fim do aperto monetário.
Com o cenário mais favorável, os treasuries caíram, após ficaram fechados na véspera, e os DIs recuaram beneficiando as ações de varejo e construtoras.
Mais cedo, diretor do Fed, Christopher Waller, disse em um evento na Universidade George Mason, nos Estados Unidos, que a meta da inflação de 2% continua sendo a mais adequada para os preços se estabilizarem.
O dirigente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse, mais cedo, que não acredita que o Fed deva aumentar os juros novamente. Na verdade, não creio que precisamos aumentar as taxas ainda mais. Acredito que estamos em uma posição sólida nesse aspecto”. Ontem também o vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, adotou o mesmo tom.
Os papéis da CVC (CVCB3), Pão de Açúcar (PCAR3) Gol (GOLL4) foram destaques de alta de 16,47%, 9,32% e 7,25%, respectivamente. MRV(MRV3) e Magazine Luiza (MGLU3) avançaram % e %, nessa ordem.
As ações da Vale (VALE3) e siderúrgicas subiram com notícias da China para ajudar o setor de infraestrutura. Vale subiu 0,60%.
Os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiram 0,79% e 1,11% após o banco fazer uma captação de R$ 1,3 bilhão com a International Finance Corporation (IFC).
Segundo Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos, a captação ajuda as ações porque diminui o custo do capital, mas seria algo marginal. O Bradesco está muito descontado pelos resultados recentes. Acreditamos que o pior para o banco pode ter passado e, agora, devemos ter um bom momento para o papel. Santander (SANB11) avançou 1,20%.
Na ponta negativa, o destaque ficou para Alpargatas (ALPA4), que caiu mais de 4% depois que o Citi reduziu o preço-alvo refletindo as estimativas de um balanço mais fraco e com um aumento do custo de capital próprio.
O principal índice da B3 subiu 1,37%, aos 116.736,95 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 1,11%, aos 116.980 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa caminha pra fechar no positivo “acompanhado os Estados Unidos com as falas de alguns Fed boys ontem e hoje mais dovish e o mercado entendendo que este ano não teria mais aumento de juros por lá. Isso fez os treasuries caírem depois de ficarem fechados na véspera; aqui os DIs caindo favorecem os papéis de consumo e varejo; a boa notícia também veio da China e ajuda o setor de mineração, o governo anunciou um pacote de US$100 bilhões para infraestrutura depois do país rebaixamento pelo FMI; o mercado segue acompanhando a guerra Israel-Hamas, mas acreditamos que o conflito é maior na região e não deve transbordar para outras economias como foi o início do conflito Rússia-Ucrânia porque lá tinha a questão comercial dos grãos”.
Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que a Bolsa deve fechar em alta puxada “pelas ações dos bancos e pela redução da expectativa de juros americanos [ treasuries], que tiveram movimento bem forte nas últimas semanas, o que contribui com o arrefecimento da nossa curva de juros e favorece o Ibovespa”.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que a fala do dirigente do Fed, Raphael Bostic sinalizando que não haverá mais aumentos de juros deu um alívio ao mercado.
“O último tom dos membros do Fed parece sinalizar que o aperto monetário tenha chegado ao fim. Em sendo o caso, começa a ser retirada a pressão na curva de juros norte-americana, que tem sido o vilão desde agosto quando valorizou o dólar e desvalorizou os ativos de risco. Mas, outros dirigentes ainda falam hoje”.
Spiess acrescentou que com a dinâmica mais positiva na sessão de hoje, o destaque fica “para as ações mais sensíveis à queda de juros, os DIs cedem e o Indice Small Caps sobe mais de 2%, quem segurava eram as petroleiras; a Vale sobe com a expectativa de nova rodada de estímulos por parte da China, a maior até agora, e [o governo] pode admitir até déficit orçamentário [este ano]. Com isso, as empresas ligadas a minério de ferro estão indo bem”.
Para um analista de um grande banco, as falas de dirigentes do Fed “dão um alívio ao mercado indicando que os juros não devam aumentar, já é o segundo Fed boys que vai nessa linha mais dovish; agora é acompanhar os dados e ficar de olho no petróleo com o avanço da guerra”.
O dólar comercial fechou em queda de 1,46%, cotado a R$ 5,0558. O mercado mostrou otimismo, ao longo da sessão, de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não volte a subir os juros.
Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, as falas dos dirigentes do Fed mostram um “morde e assopra, mas o mercado gostou das notícias”.
Santana ressalta que a divulgação da inflação nos Estados Unidos, na próxima quinta, será de suma importância para a definição dos próximos passos do Fed.
O presidente do Fed, Raphael Bostic, disse na manhã de hoje que não acredita que o Fed irá subir novamente os juros.
Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, os pronunciamentos dos dirigentes do Fed têm sido alternados e não conclusivos, e pontua que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) e o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que serão divulgados amanhã e na quinta, respectivamente, devem ser novos ingredientes na decisão da próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda. O movimento reflete certo otimismo de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenha encerrado o ciclo de alta dos juros, embora as taxas devam permanecer elevadas por mais tempo que o previsto inicialmente.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,206% de 12,216% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,745% de 10,845%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,550%, de 10,785%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,785% de 10,895% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, impulsionado pela queda nos juros dos Treasuries, enquanto Wall Street ainda avaliava os riscos geopolíticos da guerra entre Israel e o Hamas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,40%, 33.739,30 pontos
Nasdaq 100: +0,58%, 13.562,8 pontos
S&P 500: +0,52%, 4.358,24 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA