Bolsa fecha em alta em dia de ajuste técnico, à espera por inflação dos EUA; dólar encerra a R$ 5,36

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta em movimento de ajuste técnico, após quedas recentes, em um dia de respiro apesar de Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio mostrar aceleração. Os investidores ficam na expectativa para a divulgação da inflação dos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) em que deve dar direção ao mercado.

Em relação às ações, a Vale (VALE3) teve queda forte acompanhando o minério de ferro, mas conseguiu fechar perto da estabilidade, com recuo de 0,14%.

A maioria das ações do Indice subiu com destaque para os papéis de Magazine Luiza (MGLU3), que avançaram 7,98% em um movimento de correção, após cair 40% nos últimos três meses.

As ações da Minerva (BEEF3) também se valorizaram 5,21% com avanço das exportações de carne bovina brasileira na primeira semana de junho. O Indice Small Caps disparou 1,52%.

Mais cedo, o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do País, de maio, subiu 0,46% contra a projeção do mercado de 0,42%.

O principal índice da B3 subiu 0,72%, aos 121.635,06 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,52%, aos 121.635 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Andre Fernandes, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, disse que o Ibovespa corrige na sessão de hoje.

“Apesar de um IPCA maior que o esperado, os ativos brasileiros estão extremamente depreciados. A bolsa já cai próximo de 10% no ano, sendo um dos piores emergentes, mas está com um P/L [índice de preço/lucro] histórico muito abaixo da média histórica, em conjunto a isso as projeções de lucros das empresas vêm sendo revisados para cima desde 2023, e o Ibovespa descolou bem dessas revisões. Hoje a bolsa corrige parte dessa queda que não está conversando com os fundamentos das empresas que permanecem bons”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa sobe em um movimento de ajuste técnico.

“Hoje não tem nenhum fundamento para a alta, nenhum trigger significativo, claro que tirando o fato do preço. A bolsa brasileira em comparação com as outras de países emergentes está bem descontada. Nos últimos dias tivemos quedas fortes e agora temos um respiro, um ajuste técnico. As empresas de consumo estão subindo e a Vale reflete a queda do minério de ferro. Tirando as mineradoras, o restante está em alta. Em termos de dado [IPCA acima do esperado] era para piorar o cenário do Brasil”.

Em relação ao IPCA de maio, divulgado mais cedo, Lourenço disse que “praticamente a gente vinha com cenário doméstico de inflação bom, mas os dados mais recentes já começam colocar um alerta pra Brasil”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a expectativa fica para amanhã (11) com o dado de inflação nos Estados Unidos.

“O CPI acaba sendo determinante para uma chancela maior dos dados emprego. Amanhã vai ter clareza maior como a gente deve tender para o restante do mês”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a alta da Bolsa pode ser um movimento técnico, após o mau humor da semana passada.

“O estrago feito na semana passada foi muito grande e impressão que tenho é que o mercado ainda está se acomodando semana passada sofremos muito no relativo com as bolsas mundiais. O mercado está muito under/short Brasil, se o mercado lá fora piorar e o investidor tiver que zerar as posições long deles, ele tem q vender bolsa americana e comprar Brasil. As empresas que mais caíram nos últimos dias”.

Silva ainda comentou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no esforço para salvar o arcabouço, “ai propor ao Lula que se estabeleça o mesmo teto do arcabouço (2,5% acima da inflação) para despesas hoje vinculadas ao salário-mínimo, saúde e educação”.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que o IPCA veio acima adas expectativas frente a mediana do mercado (+0,42%) e (+0,41% da Corretora).

“A composição do índice também surpreendeu para cima, com os núcleos exibindo uma variação média de 0,39% ante nossa perspectiva de +0,33%. Notadamente, os serviços subjacentes também foram mais quentes do que o esperado, praticamente chancelando a perspectiva de que não teremos novos cortes de juros, dado que essa é a última informação relevante observada antes da reunião do Copom; os maiores desvios foram observados em energia elétrica e alimentação no domicílio, subestimados em 3 bps cada”.

Sanchez enfatizou que “a pior dinâmica encomenda um viés altista para nossa perspectiva de inflação, que deverá se manter, preliminarmente, em 4,0% para 2024”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,08%, cotado a R$ 5,3605. A moeda refletiu, durante a sessão, a espera pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) referente a maio, nos Estados Unidos, e a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Ambos ocorrem amanhã.

O sócio da Top Gain Leonardo Santana reforça este caráter volátil: “Existe risk-off neste momento, estamos sem lado, com o mercado apreensivo para amanhã”, opina.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, existe preocupação com a viabilidade do corte dos juros nos Estados Unidos, além do temor com o fiscal doméstico: “Mercado está em compasso de espera por amanhã”, opina.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) abrem em alta refletindo IPCA acima do esperado, mas fecham em queda, em movimento de correção, por conta do estresse dos últimos dias. Além disso, os investidores estão mais aliviados após falas moderadas do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o diálogo entre Congresso e Executivo que parece ter mais fluidez.

Por volta das 15h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,625%, de 10,635% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,195% de 11,275%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,505%, de 11,600%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,750% de 11,835 na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, depois que a Apple disparou para novas máximas e os investidores aguardavam a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em busca de sinais sobre a política de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,35%, 38.733,74 pontos
Nasdaq 100: +0,88%, 17.343,55 pontos
S&P 500: +0,27%, 5.375,37 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News