Bolsa fecha em alta em dia de respiro com Itaú, na contramão de Nova York; Dólar cai

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São Paulo – Em dia de apetite ao risco, a Bolsa fechou em alta forte puxada pelas ações do setor financeiro, principalmente Itaú (ITUB4), com o mercado recebendo bem o resultado do maior banco privado do país e o impacto da provisão da exposição à Americanas.

Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4), que subiram 2,02% e 1,67%, também ajudaram a impulsionar o Ibovespa, que subiram com a alta do petróleo no mercado internacional e com a expectativa de que a empresa pague bons dividendos. Hoje, após o fechamento do mercado, a estatal divulgará o relatório de produção.

As ações do Itaú (ITUB4) e da holding Itausa (ITSA4) subiram 8,26% e 8,45%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançou 3,60% e 4,88%. BTG Pactual (BPAC11) aumentou 5,17% e Santander (SANB11) registrou alta de 4,85%.

O principal índice da B3 subiu 1,96%, aos 109.951,49 pontos. O Ibovespa futuro avançou de 1,89%, aos 110.125 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas caíram.

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed disse que o grande destaque da Bolsa hoje é para as ações do Itaú (ITUB4) e da holding Itaúsa (ITSA4), “por conta dos resultados de 2022 em que a empresa registrou lucro gerencial de R$ 30,8 bilhões, maior balanço anual da história, aumento de 14,5% ante 2021. Apesar de ter vindo abaixo das expectativas do mercado que esperava lucro de R$ 8,3 bilhões no 4T22 e veio R$ 7,6 bilhões, mas o que pesou mesmo foi a provisão para cobrir 100% da exposição de crédito junto à Americanas. O Itaú limpa o efeito Americanas no seu balanço. O mercado gostou e entende que os resultados permanecem positivos para o case”.

Na esteira do Itaú, o Bradesco subia e do BTG Pactual. “O mercado passa a dar novo voto de confiança ao setor financeiro, principalmente para esses três nomes Itaú, Bradesco e BTG, que tem exposição às Americanas”. Já os papéis da Americanas caíam forte diante do imbróglio.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, disse que a Bolsa está se recuperando após muito estresse por fatores macroeconômicos, políticos e sistêmicos e em meio à temporada de resultados. “Os bancos pesam e acabam sendo um vetor positivo que joga a Bolsa para cima, com destaque especial para o Itaú, com excelentes números para o último trimestre; as small caps descolam do Ibovespa no pregão de hoje e Petrobras e Vale têm um certo otimismo; a mineradora de uma forma mais tímida e a estatal apresenta diluição dos ruídos políticos”.

O dólar cai. A moeda oscila, mas tem viés de queda. O mercado enxerga de modo positivo o arrefecimento da tensão entre Lula e o Banco Central (BC) e, apesar das últimas declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), entende que o pior já passou na economia norte-americana.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, “a sessão de hoje é muito volátil, mas estamos alinhados ao mercado global. Começamos a entrar em uma dinâmica mais próxima ao exterior”.

Borsoi vê o crescimento da confiança no mercado global, que vê o pico inflacionário dos Estados Unidos como uma página virada, e que a política do Fed não deve ser um fator limitador como em outros anos, além da reabertura chinesa, o que também é favorável à moeda brasileira.

Quanto desgaste entre Lula e BC, Borsoi acredita que as críticas do chefe do executivo estão mudando de conteúdo, e que o pico do stress tenha passado.

O economista da BlueLine Flávio Serrano acredita que a dinâmica da moeda deve acalmar, já que o mercado entende que os atritos com o Banco Central (BC) partem de uma ala mais política do Governo, e não da equipe econômica.

Serrano também entende que as falas do presidente do Fed, Jerome Powell, ontem, foram mais tranquilizadoras, e ajudaram a segurar o preço do dólar e das taxas de juros.

“Mesmo que (o ministro da Fazenda, Fernando) Haddad tenha buscado um tom mais conciliador após a bandeira branca contida na ata divulgada ontem pela manhã, a postura combativa do presidente Lula tem perseverado e se sobressaído, levando o mercado local a perder mais uma oportunidade de aproveitar ventos favoráveis vindos do exterior”, disse a Guide Investimentos.

Por volta das 16h02 (horário de Brasília), o dólar comercial caía 0,01%, cotado a R$ 5,1980 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2022 recuava 0,35%, cotado a R$ 5.215,00.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, em meio às tensões entre o presidente Lula e Roberto Campos Neto. Para além do cenário interno, a oscilação mais comedida dos rendimentos dos títulos públicos globais contribui para o viés de baixa interna.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,540% de 13,665% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,830%, de 13,105%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,810%, de 13,055%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,915% de 13,110% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava de lado, cotado a R$ 5,1940 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda, com participantes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) dizendo que posição rígida não deve ser desfeita logo, além da avaliação dos últimos resultados corporativos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,61%, 33.949,01 pontos
Nasdaq Composto: -1,68%, 11.910,5 pontos
S&P 500: -1,10%, 4.117,86 pontos

Paulo Holland, Julio Viana, Pedro, Pedro do Val de Carvalho Gil