Bolsa fecha em alta em meio a possível elevação dos juros nos EUA; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 0,40%, aos 105.967,51 pontos, descolada das bolsas norte-americanas em um dia de mais otimismo no cenário doméstico após a aprovação da PEC dos precatórios na Câmara. Mas, a preocupação com a inflação global e com a possibilidade do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) antecipar o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos fizeram com que o índice desacelerasse o ganho.

O índice chegou a subir mais de 1,6% no melhor momento do pregão e atingir a máxima de 107.407,42 pontos no interdiário.

Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos, comentou que na primeira metade do pregão a Bolsa operou em forte alta por conta da aprovação da PEC dos precatórios, mas acabou desacelerando devido à preocupação com a inflação. “Com a inflação mais alta nos Estados Unidos, claramente existe o risco de antecipação pelo Fed da elevação da taxa de juros. Se ocorrer, existe a fuga de capital internacional porque faz mais sentido investir nos Estados Unidos nesse momento”.

José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, afirmou que o banco central dos Estados Unidos “pode alterar o montante da compra de ativos e reduzir o prazo”. Os juros de 10 anos (T-10) subiram quase 7%, passando de 1,47% para 1,56%.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apontou alta de 1,25% e nos Estados Unidos, a inflação (CPI, sigla em inglês) subiu 0,90% em outubro ante setembro.

Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, comentou que o Brasil está muito atrás dos índices globais tanto pela questão política quanto fiscal e o mercado teve um pouco de alívio com a aprovação da PEC dos precatórios, mas ainda fica com as expectativas para a aprovação no Senado. “É difícil a PEC não passar no Senado, apesar de algumas dificuldades. Essa aprovação acaba dando licença para o Brasil gastar um pouco mais e é preciso ficar de olho nesse gasto”.

Em relação aos balanços do terceiro trimestre, a operadora da B.Side Investimentos comentou que “os resultados das empresas têm sido bons, mas elas ainda estão um pouco descontadas”.

O dólar comercial fechou em R$ 5,5010, com alta de 0,18%. A moeda, que caiu durante grande parte da sessão, embalada pelo avanço dos Precatórios, se fortaleceu com o aumento do Indice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) e do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que avançou 1,25% em outubro ante setembro.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ter superado a etapa da Câmara dos Deputados, junto com os comentários do (presidente do Senado) Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dizendo que a votação será célere, deu um fôlego para o real”.

Abdelmalack, contudo, acredita que o CPI – que subiu 0,9% em outubro ante setembro, acima das expectativas de 0,6% – acende o alerta para o aumento de juros nos Estados Unidos: “O CPI foi acima do previsto, e já existe a leitura que os juros podem subir já em 2022, do primeiro para o segundo semestre”, avalia a economista.

Para a analista da Toro Investimentos, Paloma Brum, “a aprovação já está precificada com o efeito da PEC”. Ela considera, porém, que a alta do IPCA pode ter acendido o alerta para um aperto na política do Comitê de Política Monetária (Copom), que pode acelerar a Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião, em dezembro.

Por hoje, Brum acredita que o dólar continue em queda, sem oscilações: “Ainda teremos, ao longo do mês, outros índices que podem demonstrar uma eventual mudança na política monetária”, projeta.

De acordo com a equipe da Ouro Preto, “por mais que o câmbio tenha dado uma aliviada por causa da PEC, o cenário é negativo. O Banco Central (BC) deve acelerar o ritmo da Selic, talvez chegando a 2 pontos percentuais”.

“Mesmo com esse fator que aumenta a atratividade do Brasil, estimulando fluxo e reduzindo o valor do dólar, a incerteza é tão alta que o mercado prefere ficar na defensiva”, pontua a Ouro Preto.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após um IPCA acima do esperado para outubro.

No fechamento do pregão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,482% de 8,450% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,220%, de 12,135%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,870%, de 11,850% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,710% de 12,720%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo depois de uma leitura preocupante sobre dados de inflação, o que preocupou os investidores.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos:

Dow Jones: -0,66%, 36.079,94 pontos
Nasdaq Composto: -1,66%, 15.622,7 pontos
S&P 500: -0,82%, 4.646,71 pontos