São Paulo- A Bolsa fechou em alta, mas ao longo do dia operou sem direção em meio à preocupação dos investidores com a desaceleração da economia chinesa e com a expectativa de mais indicadores dos Estados Unidos para observar a postura do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) em relação aos juros.
Amanhã (17) será divulgada a ata da última reunião do Fed (26 e 27) e os investidores ficarão atentos para ver se é possível antever os próximos movimentos da autoridade monetária.
O principal índice da B3 subiu 0,42%, aos 113.512,28 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,50%, aos 113.735 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
Os destaques de alta ficaram para as empresas de proteína e as commodities. Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 2,41%; 1,15% e 0,91%. Os bancos subiram em bloco. Na ponta negativa, as maiores perdas foram paraYduqs (YDUQ3) e Meliuz (CASH3) refletindo os balanços.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa caminha para um fechamento de leve alta, mas o mercado ainda está cauteloso à espera de novos dados da economia norte-americana e observar a postura do Fed para se posicionarem.
“Alguns setores têm movimento de realização como de siderurgia, após forte altas de dias anteriores, o que tem a ver com o cenário de desaceleração da economia chinesa e um menor crescimento dos Estados Unidos”.
Moliterno afirmou que o setor de proteína apresenta um bom desempenho por conta “da queda no preço das commodities agrícolas”.
Marcus Labarthe, sócio fundador da GT Capital Investimentos comentou que hoje se deu a largada para a corrida eleitoral e isso “faz com que a Bolsa fique mais volátil e o investidor passe a preferir ativos mais seguros em dólar”.
João Negrão, assessor de investimentos da SVN, disse a Bolsa está sem direção definida em meio à com a atitude da China em cortar os juros ontem e dados dos EUA marginalmente melhores.
“Como não se esperava [o corte nos juros] ficou a dúvida se o estímulo foi desesperado ou programado e não teve impacto positivo; por outro lado os dados mais otimistas de produção industrial e comerciais nos Estados Unidos são um bom sinal porque indica que o medo da recessão diminuiu um pouco, mas são apenas [dados] industriais e temos de esperar os indicadores mais econômicos. O mercado está cauteloso”.
Negrão ressaltou que as commodities e os bancos têm segurado o índice porque “são empresas que negociam de forma mais sólidas e os resultados no 2T22 vieram em linha. Os papéis que estão sofrendo mais são os que reportaram balanço abaixo do esperado como Meliuz e Yduqs”. As ações caíam 9,15% e 12,89%, respectivamente.
O assessor da SVN afirmou que está tendo muita entrada de capital estrangeiro na Bolsa e agosto está ultrapassando o saldo positivo de julho “por isso estamos passando dos 113 mil pontos; quem tem posição em emergente tem olhado Brasil com melhores olhos porque nossos pares já tinham reagido bem o ano passado e negociam a preços mais justos e nós não”.
E acrescentou que a corrida presidencial já está precificada, apesar de “pontualmente ter um movimento mais volátil com eleições, todo mundo já entendeu onde pode impactar e quais setores podem sofrer mais, visto que estamos muito baratos frente aos pares”.
Já Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que nos últimos dias a Bolsa sobe devido ao ingresso de estrangeiros por conta dos juros convidativos. “Eles [os estrangeiros] têm preferência para montar posição em ativos líquidos como Petrobras, Vale, siderurgia e bancos”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,94%, cotado a R$ 5,1400. A moeda refletiu as preocupações com a recuperação econômica da China e a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), amanhã. Este cenário inflou o temor de uma recessão global.
Segundo o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “tem havido uma correção no preço das commodities, além do aumento dos casos de Covid na China”.
Serrano acredita que a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) também aumenta as expectativas para saber quais serão os próximos passos da instituição.
Para o sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “com a política de covid zero na China, os resultados estão começando a vir, já era esperado. É mais um ingrediente para uma recessão mundial”.
De acordo com a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “os dados da economia chinesa, que vieram mais fracos do que o esperado, continuam refletindo na economia hoje, gerando instabilidade e aumentando o pessimismo de forma geral”. As vendas de novas residências, em julho, aumentaram 2,7% ante projeções de 4,9%, enquanto a produção industrial avançou 3,8% no mesmo período, abaixo das expectativas de 4,6%.
Quartaroli também entende que a ata do Fed deve manter o tom de cautela nos mercados, e que o mercado deve ficar atento ao início oficial da campanha eleitoral brasileira.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas nesta terça-feira (16), em movimento de correção pré-ata do FED (o banco central norte-americano).
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,710% de 13,710% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,770%, de 12,875%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,700%, de 11,765% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,415% de 11,555%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo misto, com o Dow Jones subindo 0,71%, – quinto pregão consecutivo de ganhos, após os ganhos corporativos das principais varejistas norte-americanas virem acima das expectativas, o que mostra que os gastos com consumo continuam fortes e podem evitar uma recessão.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,71%, 34.152,01 pontos
Nasdaq Composto: -0,20%, 13.102,5 pontos
S&P 500: +0,18%, 4.305,20 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA