São Paulo – A Bolsa rompeu a sequência de queda e fechou em alta mais tímida que o exterior com Petrobras e petroleiras. A alta não foi mais expressiva por conta de questões internas envolvendo o embate entre o governo e o Banco Central (BC), que deixa o investidor mais cauteloso. Pela segunda semana seguida, o Ibovespa acumula queda de 1,82% .
As commodities metálicas chegaram a subir forte no início do pregão, mas perderam força. O destaque de alta ficou para as ações da Minerva (BEEF3) depois que Ministério da Agricultura informou que o caso de encefalopatia espongiforme bovina, conhecido como mal da vaca louca, identificado no Pará era isolado e que logo promoveria uma reunião entre o governo brasileiro com autoridades chinesas para esclarecer o tema. As ações fecharam em alta de 7,27%.
Depois da queda forte das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) na semana, hoje os papéis se recuperaram e fecharam em alta de 3,64% e 4,30%. 3RPetroleum (RRRP3) avançou 4,88% e Petrorio (PERIO3) aumentou 2,20%.
O principal índice da B3 subiu 0,52%, aos 103.865,99 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,45%, aos 104.970 pontos. O giro financeiro era de R$ 21,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Rodrigo Azevedo, economista e sócio-fundador da GT Capital, disse que a Bolsa “tem influência do bom humor do mercado internacional, e ajuste dos papéis de Petrobras e Vale, contrariando o que era esperado antes da abertura do mercado com as críticas de ontem de Lula ao BC”.
Azevedo comentou que as ações da Hapvida (HAPV3), “mais uma vez, estão entre as maiores quedas da Bolsa e nos últimos dias o papel caiu bastante por conta do resultado ruim; a Minerva (BEEF3) é a maior alta do índice após o Ministério da Agricultura informar que o caso de vaca louca identificado no Brasil é atípico”.
Rafael Schmidt, operador de renda variável da One Investimentos, disse que a Bolsa se recupera de perdas recentes e “é puxada por frigoríficos, com destaque para Minerva, e commodities metálicas que têm segurado o índice nos últimos dias”.
Schmidt disse que os papéis da Minerva (BEEF3) tiveram muita volatilidade nos últimos dias, depois que o Brasil suspendeu a venda de carne bovina para a China. “Hoje vai ter reunião entre os setores responsáveis para retomar as exportações para a China, o que precificou em cima das ações da Minerva”.
O operador de renda variável da One Investimentos comentou que as ações das varejistas Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) caíam na sessão de hoje “precificando dados fracos dos resultados das empresas [as duas divulgam os balanços no dia 9]”.
O dólar fechou em queda de 0,11%, cotado a R$ 5,1990. A moeda refletiu, ao longo do dia, o temor de um ciclo contracionista mais longo, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. O cenário político interno segue ruidoso, com o atrito entre o Governo e o Banco Central (BC). Na semana, a moeda norte-americana teve valorização de 0,02%.
Segundo o especialista da Valor Investimentos Ramon Coser, “um dos principais fatores é a taxa de juros norte-americana, com o (presidente do Fed, Jerome) Powell falando que está disposto a tomar qualquer medida para conter a inflação”.
Coser, contudo, entende que os ruídos políticos internos não permitem que o real deslanche: “O Brasil poderia ser uma oportunidade. O grande investidor olha a interferência no BC e Petrobras com cautela. Enquanto não tiver um arcabouço fiscal definido, passando serenidade e confiança, o dólar pode continuar ganhando força”, opina.
De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “é uma performance tímida do real, com o dólar perdendo globalmente. Estamos com certo atraso em relação aos pares, com o risco político tendo pesado bastante”.
Borsoi acredita que a economia chinesa tem ajudado a impulsionar as moedas emergentes ligadas às commodities, como o real, mas que a inflação na Europa aumenta as expectativas que o Banco Central Europeu (BCE) seja mais duro no ciclo de aperto monetário.
Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “os mercados lá foram iniciaram o dia com um tom mais positivo após os PMI positivos na Europa”. O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de Serviços na Eurozona, que subiu 52,7 pontos em fevereiro ante janeiro e o PMI de Serviços na Alemanha foi a 50,7 pontos no mesmo período
“Este bom humor externo pode aliviar um pouco a aversão ao risco local por conta da pressão do Governo sobre o BC”, aponta Quartaroli, que chama ainda chama a atenção para a chance de aumento dos juros na Europa e Estados Unidos, o que pode afetar o humor do mercado.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve queda, acompanhando exterior positivo.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,375% de 13,345% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,850%, 12,800%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,990%, de 12,960%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,190% de 13,170% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1980 para
venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, refletindo o forte recuo dos juros dos Treasuries ao longo do dia, após a economia norte-americana mostrar força com a divulgação de alguns indicadores econômicos acima das previsões de analistas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,17%, 33.390,97 pontos
Nasdaq 100: +1,97%, 11.689 pontos
S&P 500: +1,61%, 4.045,64 pontos
Confira a variação dos índices na semana:
Dow Jones: +1,75%
Nasdaq 100: +2,57%
S&P 500: +1,90%
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.