Bolsa fecha em alta mais tímida que NY com Vale e Petrobras impede avanço maior ; dólar encerra a R$ 4,97

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Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo- Após três dias de queda, a Bolsa volta a fechar em alta bem mais tímida que em Nova York com o apoio da Vale (VALE3), ação de maior peso no Ibovespa, e do setor financeiro. O forte recuo dos papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) impediu que o principal índice da B3 avançasse mais.

A Vale (VALE3) fechou em alta de 2,12%, mas não foi todo o pregão nesse otimismo. Na abertura dos negócios, a ação caiu forte refletindo o balanço divulgado na véspera, mas os investidores foram digerindo o resultado ao longo do dia e o papel melhorou o desempenho.

A Petrobras (PETR3 e PETr4) fechou em queda de 2,66% e 2,42%. Alguns analistas do mercado dizem que, amanhã, muitos investidores devem vender Petrobras para comprar Vale devido à queda este mês de mais de 11% do papel. Amanhã Petrobras fica ex-dividendos.

O principal índice da B3 subiu 0,59%, aos 102.923,31 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,23%, aos 104.450 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, disse que a Bolsa está lateral e com pouca variação final. “Mesmo com o IGP-M vindo melhor que o esperado-caiu 0,95% em abril-, o Ibovespa está sem força para subir”.

O destaque de queda ficou entre Petz (PETZ3) e Pão de Açúcar (PCAR3). Petz caiu 4,87% após o JP Morgan corte o preço-alvo das ações, dando recomendação neutra. “Tivemos redução de mais de 40% do preço alvo das ações, após indicar preocupação com as concorrentes da Petz o mercado precificou mal e jogou o papel para baixo”, disse o estrategista de investimentos da Matriz Capital.

Em relação ao Pão de Açúcar, o papel caiu 3,70% e vem em queda desde a véspera, após o Bank of America ter rebaixado a nota da empresa.

Segundo Vinícius Steniski, analista de ações do TC, as ações da Vale (VALE3) caíram na abertura do pregão refletindo o balanço divulgado na véspera, mas reagiram e passaram a subir. “As vendas vieram abaixo do esperado e custo caixa pior que o previsto, isso acabou prejudicando o resultado, mas foi algo pontual, nos próximos trimestres isso deve voltar à normalidade conforme a empresa comentou no call de resultados hoje”.

O sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Bolsa avança com a Vale e os bancos.

“A Vale reportou balanço abaixo do esperado e imaginava-se que o dia fosse mais negativo, as ADRS estavam caindo no pré-mercado americano e o mercado está dando o benefício da dúvida; a Vale segue como um papel importante no índice e gera bastante caixa e nesse sentido tem gente interessada em comprar o papel no nível de preço mais barato; nos contratos de termo tinham interesse grande; os índices americanos também ajudam; os bancos estão performando bem, após terem caído ontem, e pesam bastante no índice; 3R Petroleum chama atenção”.

O grande destaque de alta ficou para as ações da 3RPetrolium (RRPP3) subiram 11,91%. O sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, explicou que o resultado da companhia veio um pouco melhor que o esperado, guidance foi positivo e a queda do Ebitda foi basicamente por compra de ativos que tende a gerar resultados nos próximos trimestre. “Como já é uma junior oil mais descontada, após a polêmica do aumento do capital, parece que o balanço serviu como um gatilho de compra para quem estava de fora ou queria aumentar a posição”.

3RPetrolium registrou lucro líquido de R$ 16,1 milhões no 1T23 e reverteu o prejuízo de R$ 335,2 milhões referente ao ano passado.

Em relação ao debate no Senado, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (RCN), Farto disse que já é uma discussão conhecida. “As falas devem trazer movimentações de preços. Fernando Haddad é mais otimista, Tebet se coloca como uma figura mais política e Campos Neto mais técnico. RCN está mais amarrado no que falar porque está em período de silêncio {por conta da semana que vem que é reunião do Copom], mas deixa claro que o arcabouço fiscal é amparado na parte de arrecadação, menos focado no corte de gastos”.

O dólar comercial fechou em queda 1,56%, cotado a R$ 4,9790. A sessão foi marcada pela sensação de arrefecimento dos ânimos no embate entre Governo e Banco Central (BC), além um novo dado que mostra a desaceleração da inflação.

De acordo com a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “parece que o câmbio responde ao aperto de mão entre Governo e BC, que estão mais alinhados”, referindo-se às falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do presidente do BC, Roberto Campos Neto, na manhã desta quinta.

Além disso, Quartaroli acredita que o movimento também é de correção, já que o real estava muito descontado.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, entende que apesar de ter ficado abaixo das projeções, o PIB norte-americano não foi ruim, mas que a alta da inflação Estados Unidos reforça as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) prossiga o aumento dos juros.

Por outro lado, a queda de 0,95% no IGP-M de abril, abaixo das expectativas de -0,69%, reforça o promissor cenário local: “O menor risco inflacionário e a perspectiva na Selic (taxa básica de juros) favorecem os ativos locais. O real está muito atrasado em relação aos pares, e tem espaço para cair neste mês”, avalia Borsoi.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “isso acabou estressando o mercado e cria-se um movimento de aversão ao risco. Provavelmente irá pressionar o dólar para cima, aumentando o receio de recessão”, referindo-se ao Produto Interno Bruto (PIB) e índice de preços para os gastos pessoais (PCE) nos Estados Unidos.

O PIB do primeiro trimestre, divulgado nesta manhã, apontou alta de 1,1% ante projeções de 2%. Já o PCE subiu 4,2% no mesmo período.

Komura entende que isso faz com que parte do mercado precifique a manutenção dos juros na reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que ocorre na próxima semana, mas que as apostas predominantes ainda são um aumento residual de 0,25 ponto percentual (pp).

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve alta, refletindo movimento de correção e diminuição do otimismo em relação ao Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) que veio abaixo do esperado, e ao arcabouço fiscal, que tramita na Câmara dos Deputados.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,250% de 13,210% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,850 % de 11,850%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,585 %, de 11,580%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,700% de 11,760 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em forte alta, com o Nasdaq avançando 2,4% impulsionado pelo forte relatório de lucros da Meta, controladora do Facebook O bom desempenho da empresa de Mark Zuckerberg também puxou para cima as principais ações de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,57%, a 33.826,16 pontos
Nasdaq 100: +2,43%, a 12.142,2 pontos
S&P 500: +1,95%, a 4.135,35 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA