Bolsa fecha em alta, na máxima do dia, com alívio no leste europeu e fluxo estrangeiro; dólar cai

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São Paulo- O Ibovespa encerrou os negócios em alta, aos 114.828,18, na máxima do dia, em uma sessão positiva no exterior com o abrandamento da crise entre a Ucrânia e a Rússia, o fluxo estrangeiro forte por aqui e a elevação das ações o setor financeiro, imobiliário e varejista.
O ganho não foi maior devido à queda dos papéis ligados a commodities. O petróleo teve um dia de realização e o minério de ferro em Dalian apresentou forte recuo com o governo chinês tomando medidas para conter a especulação sobre o metal.
O principal índice da B3 aumentou 0,81%, aos 114.828,18 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,90%, aos 114.995 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,8 bilhões. As bolsas em Nova York fecharam em alta.
Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, comentou que o fluxo estrangeiro continua fazendo a diferença para alavancar a Bolsa. “Nos últimos dez anos, os mercados emergentes ficaram à mingua enquanto os mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, performaram super bem. O que chama a atenção dos estrangeiros é o mercado forte em commodities como o nosso”. Em apenas dois meses, já ingressaram R$ 45,5 bilhões, praticamente a metade da entrada de capital externo em 2021, mais de R$ 70 bilhões.
No curto prazo, segundo Brito, as commodities “devem indicar para onde a Bolsa deve ir daqui para frente”.
O sócio da Finacap Investimentos também comentou que o abrandamento da tensão entre Rússia e Ucrânia, otimismo global e a alta do índice financeiro, imobiliário e varejistas favorecem o índice. “Com a queda nos vértices dos juros de médio prazo abre espaço para o setor imobiliário e varejista”. O financeiro foi beneficiado com balanços acima do esperado, como Itaú na semana passada, e do Banco do Brasil, ontem.
Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) e do Itaú (ITUB4) subiram 4,74% e 0,94%, respectivamente. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançaram 1,13% e 0,09%. Santander (SANB11) teve alta durante toda a sessão e encerrou em queda de 0,56%. As ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram respectivamente 2,97%; 2,06% e 1,57%.
As varejistas Magazine Luiza (MGLU3), Americanas S.A. (AMER3) e Lojas Renner (LREN3) aumentaram 5,55%, 6,34% e 4,63%.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Asset Management, afirmou que a retirada das tropas pela Rússia na fronteira com a Ucrânia “soou bem no mercado e tira o risco de uma guerra”.
Gonçalvez comentou que os setores de varejo e bancário seguram o índice que têm como as duas principais empresas de commodities em queda-Petro e Vale. “As commodities pesam e impedem maior avanço do Ibovespa”.
O CEO da Asset também comentou que ainda existe uma cautela no mercado com os juros norte-americanos. “O dado de inflação do produtor reforça a expectativa de uma elevação mais forte e rápida na taxa de juros dos Estados Unidos pelo Fed [banco central norte-americano].”
O dólar comercial fechou em R$ 5,1810, com queda de 0,72%. A moeda norte-americana perdeu durante toda a sessão, refletindo o aumento do diálogo na tensão entre Ucrânia e Rússia, e o forte fluxo estrangeiro no Brasil.
De acordo com o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “existe uma continuidade do movimento iniciado em janeiro. Apesar de interrupções pontuais, como o conflito na Ucrânia, o fluxo acaba voltando. Os emergentes estão em um estado muito mais avançado de alta nos juros, e os investidores se aproveitam disso”.
Rostagno acredita que o ponto de inflexão disso pode ser a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em março: “Devemos ter a reversão deste fluxo em algum momento”. O estrategista, porém, acredita que enquanto o foco não estiver nas eleições, os juros tendem a dar suporte para o real.
Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o fluxo tem se mantido intenso por investidores em busca de maior risco. Isso favorece não apenas o real, mas outras moedas emergentes”.
Por mais que o quadro geopolítico tenha melhorado, Vieira alerta: “Faz com que o cenário seja relativizado, mesmo que a curto prazo. O investidor não põe isso na conta, ele é muito pragmático”, referindo-se aos entraves políticos e fiscais domésticos.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, em meio ao alívio nas tensões entre Rússia e Ucrânia.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,385% de 12,480% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,915%, de 12,055%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,345%, de 11,485% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,220% de 11,365%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo após a Rússia anunciar um recuo de parte de suas tropas militares, o que esfria as tensões geopolíticas que impactaram o mercado de ações nos últimos dias.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +1,22%, 34.988,84 pontos
Nasdaq 100: +2,53%, 14.139,8 pontos
S&P 500: +1,57%, 4.471,07 pontos