Bolsa fecha em alta, pela segunda vez no mês, com ações de peso e arcabouço fiscal; dólar recua

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São Paulo- A Bolsa teve um dia alívio e fechou em alta de 1,50%, a segunda do mês, recuperou o patamar dos 116 mil pontos, com apoio das ações de peso no índice como Vale, Petrobras, Itaú e B3 e queda dos juros futuros. Somado a isso, a possibilidade de o arcabouço fiscal ser votado ainda hoje na Câmara animou os investidores.

O relator da proposta, deputado Cláudio Cajado (PP-AL), confirmou que a regra fiscal será votada hoje. O Fundeb e o Fundo Constitucional do Distrito Federal devem ser mantidos fora da âncora fiscal.

As ações da Vale (VALE3) subiram 2,25%, Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 1,36% e 1,35%. B3 (B3AS3) fechou em alta de 2,81% e Itaú (ITUB4) aumentou 1,56%. O principal índice da B3 avançou 1,50%, aos 116.156,01 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro subiu 1,70%, aos 118.210 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Um analista de uma corretora de investimentos disse que o avanço da Bolsa é atribuído “às blue chips, só Petrobras e Vale têm negociação de 12% do mercado, mas a liquidez está reduzida os investidores ficam à espera da votação do arcabouço fiscal hoje”.

Arlindo Souza, analista de ações do TC, disse que a Bolsa caminha para fechar no positivo puxada pela Vale. “Nos últimos dias vimos correção dos preços da mineradora, mas o minério permaneceu estável e a ação caiu mais que a commodity, que praticamente não apresentou queda, devido à preocupação com a China. Mas hoje a Vale se recupera; os bancos e os papéis domésticos avançam com recuo nos DIs “.

Bernard Faust, operador de mesa de renda variável da One Investimentos, disse que a alta do minério de ferro beneficiando as commodities, fluxo estrangeiro, fala do Lira de ontem ajudam a puxar a Bolsa, mas ainda existe receio em relação ao arcabouço.

“Após 15 dias de saída de estrangeiros, hoje tem retomada de capital externo na Bolsa, o cenário internacional com a alta do minério de ferro também suporta a nossa Bolsa, além de falas do Lira [presidente da Câmara, Arthur Lira] de ontem em que reforçou a [importância da] redução de gastos públicos e isso foi bem visto; ontem a gente teve a pior performance do mundo e a sensação é que a nossa situação é similar aos EUA, como há 2 meses, quando eles ficavam adiando votação do teto de gastos e agora é a nossa vez; o mercado tem receio ainda sobre o tema da votação do arcabouço fiscal e esperamos muita volatilidade para os próximos dias”.

Em relação à Petrobras, que sobe hoje e o petróleo cai, Faust disse que “tem visto recentemente uma descorrelação com o petróleo, a empresa [Petrobras] tem um valuation atrativo, tem um certo custo por trás por questão de governança, mas quando tira o estresse do noticiário político, as ações avançam”.

Gustavo Cruz, estrategista do RB Investimentos, disse que as commodities metálicas, expectativa com o arcabouço fiscal e o exterior mais favorável ajudam a Bolsa.

“A Vale, que tem o maior peso no índice, Gerdau e CSN avançam em reação ao minério de ferro, dia positivo pra Petrobras, apesar de ser mais discreta, a expectativa de votação do arcabouço tira um estresse da frente e a postura do Lira [Arthur Lira, presidente da Câmara] de cobrar a reforma administrativa, apesar de ser um ponto que o mercado não está contando porque o governo do presidente Lula não tem desejo disso, mas o mercado gostaria que acontecesse; o exterior também está mais positivo-Ásia fechou em alta e Europa também avança-, na sexta os presidente do banco central europeu e do Fed falam e, provavelmente, devem dar pistas de como vão encerrar o aperto monetário e com isso tem mais espaço para locação em renda variável”.

Mais cedo, Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que com o minério de ferro em alta ajuda a Vale, “mas petróleo caindo e Petrobras subindo mostra que tem um movimento interno, tem correção, mas um otimismo macro e a votação do arcabouço fiscal”.

Um gestor de investimentos de um grande banco disse que o impulso da Bolsa “vem da Vale com o mercado apostando em mais incentivos por parte do governo chinês, em Londres as mineradoras sobem bem quase 3%, espero que desenrole o arcabouço fiscal e esquece um corte da Selic de 0,75 ponto porcentual (pp), deve ser 0,50 pp até o fim do ano”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,77%, cotado a R$ 4,939 em um dia de correção, após recentes altas e com os investidores à espera pelo simpósio em Jackson Hole, nos Estados Unidos.

Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, o mercado de câmbio “se beneficiou do apetite por ativos de risco no exterior e por um movimento de realização de lucros, após fortes ganhos acumulados em relação a divisas emergentes e ligadas a commodities em agosto”.

Para o analista Pedro Paulo Silveira, a inflação e os juros dos Estados Unidos têm dado combustível ao ciclo de otimismo ou de pessimismo dos mercados. “Resumo: a inflação está em queda, o Fed e os mercados estão ainda receosos, enquanto os consumidores e empresários estão vendo inflação ainda elevada.”

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em queda, em movimento de correção, como se o mercado ajustasse o pessimismo dos últimos dias.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,420 % de 12,435% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,545% de 10,615%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,170 %, de 10,275 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,380% de 10,400% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o S&P não conseguindo aproveitar o ímpeto visto na sessão anterior, puxado para baixo pelas ações de bancos, compensaram os ganhos em nomes de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,51%, 34.288,83 pontos
Nasdaq Composto: +0,06%, 13.505,9 pontos
S&P 500: -0,27%, 4.387,55 pontos

 

Com Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA