Bolsa fecha em alta pelo 2ª dia seguido e dólar cai com melhora da nota de crédito do Brasil

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia seguido puxada pela notícia de melhora da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s, valorização de Vale (VALE3), Petrobras (PETR3 e PETR4) e bancos.

Ontem, após o fechamento do mercado, a Moodys elevou a nota de Ba2 para Ba1, a um passo do grau de investimento.

A Vale (ON, +0,54 %), Petrobras (ON, +1,16% e PN, +1,37%). Bradesco (ON, +3,24% e PN, +3,61%).

Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, disse que os destaques positivos ficaram para os papéis do Grupo Pão de Açúcar (ON, +7,24%) e MRV Engenharia (ON, + 4,22%) e a Cyrela (ON, + 4,51%)

“O Pão de Açúcar se beneficia do aumento da confiança no varejo brasileiro. MRV avança ainda em função da repercussão da venda de empreendimento de sua subsidiária nos EUA, que trouxe lucro superior a R$ 50 milhões, e os ganhos de Cyrela refletem a recomendação de compra de diversas casas de análise e dos bancos sugerindo o papel em suas carteiras para outubro”.

Na contramão, Vamos (ON,- 6,65%) caiu “com o mercado ainda tentando entender a cisão de seu braço de concessionárias, e a Brava Energia (ON, -2,28%) sofreu após revisão para baixo do preço-alvo emitida pelo Citi”, disse Castro.

O principal índice da B3 avançou 0,76%, aos 133.514,94 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro subiu 0,69%, aos 133.950 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, disse que o “mercado reagiu positivamente com a elevação [da nota de crédito do Brasil] pela Moodys. Os bancos-destaque pra Bradesco- e empresas exportadoras de commodities-Petro e Vale- puxam a Bolsa. A mineradora vem ganhando tração por conta dos recentes estímulos da China. O setor de bancos tinha sofrido no último mês e se recupera, o setor de construção civil também sobe”.

William Andrade, co-fundador e CIO da Kaya Asset Management, enxerga ventos favoráveis no  para o Ibovespa.

“As perspectivas são boas com a mudança do rating [do Brasil], pelo menos no curto prazo. Tudo indica uma melhora não só das ações brasileiras como do próprio mercado. O maior gargalo que a gente vê no Brasil é o fiscal e a questão do crédito. O fiscal precisa ser controlado”.

Correia ressaltou que somado à melhora do rating, “as políticas realizadas na China [recentemente o país asiático anunciou estímulos para alavancar a economia] soa positivo porque o Brasil é um dos maiores exportadores para o país, tanto que vemos Vale performando bem. A tensão no Oriente Médio gera preocupação do mundo, mas o mercado emergente da América Latina acaba sendo favorecido”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a Bolsa avança com o anúncio da Moodys e boa performance de Petrobras e Vale.

“Foi uma surpresa pra todo mundo. O Ibovespa é o único mercado que se anima com o upgrade; DIs e dólar estão no mesmo patamar de ontem. Além disso, a alta das commodities ajudam o índice”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,31%, cotado a R$ 5,4455. A moeda refletiu, ao longo do dia, a elevação do grau de investimento concedido ao Brasil agência de risco Moody’s, saltando de Ba2 para Ba1. A tensão entre Israel e Irã, contudo, gera cautela nos investidores.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado não esperava o aumento do grau neste momento. Se o Lula conseguir o grau de investimento, será a primeira vez que um presidente obtém isso em dois mandatos diferentes”, referindo-se à primeira gestão de Lula, entre 2003 e 2006.

Nagem, contudo, chama a atenção para os perigos de um avanço no conflito no Oriente Médio: “Se isso acontecer, vai contagiar investidores que buscarão ativos mais seguros. Não fosse isso, o dólar era para estar abaixo dos R$ 5,40”, avalia.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmamack, “a Moody’s foi marginal, já que ela é uma das três agências de risco (ao lado de Fitch e Stander & Poor’s). Isso não muda a leitura estrutural da nossa economia, com uma projeção de juros próximos aos 13% em 2025. É uma leitura de retrovisor”.

Abdelmamalck diz, ainda, que o cenário é de “deterioração fiscal” e o Produto Interno Bruto (PIB) está crescendo pelo impulso dos incentivos fiscais à economia.

De acordo com a Ajax Asset, “por aqui, a resposta à decisão da Moody’s deve ser moderada. As ações de empresas exportadoras de commodities e o real tendem a se beneficiar do otimismo em relação à economia chinesa”.

“Esta decisão fez com que o Brasil ficasse a uma nota do grau de investimento. Segundo a Moodys, a melhora na classificação de risco refletiu (i) crescimento econômico mais robusto e (ii) histórico crescente de reformas fiscais e econômicas, dentre elas (a) independência do Banco Central, (b) Lei das empresas estatais federais e (c) reforma trabalhista. Embora o Brasil ainda enfrente desafios com o custo elevado da dívida, a continuidade das reformas e a adesão ao arcabouço fiscal podem estabilizar o ônus da dívida no médio prazo. Já a perspectiva positiva indica que o crescimento sustentado e a disciplina fiscal podem fortalecer a credibilidade institucional e reduzir os custos de captação. Se combinada com um crescimento econômico mais forte, essa redução no custo da dívida pode melhorar significativamente a trajetória da dívida”, prosseguiu a Ajax.

“O timing da decisão surpreende, considerando que o CDS do Brasil aumentou para 153 pontos, e o real sofreu uma desvalorização de pouco mais de 10%. As chances de um novo upgrade são baixas nos próximos anos, pois ficará cada vez mais clara a inconsistência das regras relacionadas às despesas do orçamento. Afinal, há uma enorme diferença entre o crescimento real do limite de gastos (de 2,5%) e o crescimento de gastos vinculados à receita (como os pisos de saúde e educação) e ao salário-mínimo. Provavelmente novos furos no teto serão implementados”, opinou a Ajax.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham de lado e mistas – depois de uma rápida operação em terreno positivo – apesar da notícia positiva sobre a elevação da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco, Moodys, os cenários doméstico e externo complexos deixam o mercado cauteloso.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,006% de 11,008% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,220%, de 12,225%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,265%, de 12,255%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,310% de 12,305% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quarta-feira em alta, impulsionados por dados que apontaram um crescimento acima do esperado da folha de pagamento privada em setembro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,09%, 42.196,52 pontos
Nasdaq 100: +0,08%, 17.925,1 pontos
S&P 500: +0,01%, 5.709,54 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes /Agência Safras News