Bolsa fecha em alta pelo 2º dia impulsionada por commodities, dólar cai

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A Bolsa fechou em forte alta pelo segundo dia consecutivo e perto da máxima do dia-113.087,75-sustentada pelas ações das empresas ligadas ao petróleo e minério de ferro.
O petróleo subiu mais de 8% após a Agência Internacional de Energia (AIE) afirmar que o mercado pode perder mais de 3 milhões de barris por dia (bpd), anteriormente ao conflito na Ucrânia a estimativa era de queda de 1 milhão. Essa elevação impactou as ações ligadas à commodity, à exceção da Petrobras por rumores de troca de comando e falas recentes do presidente Jair Bolsonaro sobre o aumento dos combustíveis.
Na primeira metade do pregão, a Bolsa apresentou muita volatilidade com os investidores digerindo as decisões dos bancos centrais do Brasil e Estados Unidos sobre taxa de juros e a falta de acordo entre Rússia e Ucrânia.
O principal índice da B3 subiu 1,76%, aos 113.076,33 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 1,38%, aos 113.860 pontos. O giro financeiro foi de R$ 35,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam no positivo.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora disse que as commodities ligadas ao minério de ferro e petróleo, à exceção de Petrobras, estão impulsionando a Bolsa na sessão de hoje por causa dos “incentivos do governo chinês à economia local e a alta expressiva da commodity energética. A queda forte de Petrobras é atribuída às falas de Bolsonaro sobre alta dos preços dos combustíveis deixando o mercado apreensivo com uma ingerência na estatal”.
As ações da Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) subiram respectivamente 3,47% e 4,61%. Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) avançavam 4,86% e 7,94%, nessa ordem. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 2,63% e 2,65%, em contrapartida a Petrorio (PRIO3) subiu 8,16% e 3R Petrolium (RRRP3) avançou 4,56%.
Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side, disse a Vale, Gerdau e CSN estão “sustentando a alta do Ibovespa”. Mas investidores seguem digerindo o Fed, Copom mais hawish e expectativa da guerra. “Cada hora sai uma notícia sobre o conflito e isso deixa o investidor cético sobre qual medida tomar”.
Mastromonico afirmou que a queda Petrobras está relacionada à interferência política. “A briga entre Bolsonaro e o presidente da Petrobras é se vai aumentar ou segurar os preços [combustíveis] e está pesando um pouco no papel.
E acrescentou que o risco político à medida que vai chegando mais perto das eleições com os juros aumentando, inflação altíssima, “o governo não vê outra medida para tentar se reeleger se não fizer um governo populista. Ele tenta ajudar a população para ser reeleito, mas não está preocupado com o rombo que isso vai trazer lá na frente e para Petrobras”. O dólar comercial fechou em R$ 5,0370, com queda de 1,08%. A moeda norte-americana foi impactada pela alta das commodities, estímulos do governo chinês para a retomada econômica e a alta na Selic (taxa básica de juros), que foi de 10,75% para 11,75%, favorecendo o fluxo estrangeiro na B3.
Segundo o head de renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, “mesmo duro, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não conseguiu segurar o dólar. O mercado já precifica que o confronto não irá acabar tão cedo, e isso é positivo para o real”.
No curtíssimo prazo, pontua Lang, o espaço ainda tem espaço para cair, inclusive abaixo dos R$ 5,00: “Principalmente se a guerra continuar, além do passo importante que a China deu para o crescimento econômico, eles são o nosso principal parceiro econômico”, contextualiza.
Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o que faz o preço do real, hoje, é o Copom, que foi mais dovish (menos propenso ao aumento dos juros) do que o mercado esperava. A nota deu a entender que o Banco Central (BC) pode encerrar o ciclo já em maio, mas não fechou as portas para aumentos posteriores”.
Rostagno acredita que o mercado não viu com bons olhos a decisão do BC, e isso faz com que o real perca para os seus pares emergentes: “Ele (o BC) deu a entender que, a não ser que o cenário atual se altere, não irá mudar o plano de voo e terminar o ciclo em 12,75%”, analisa
De acordo com a equipe da Ouro Preto Investimentos, Comitê de Política Monetária (Copom) e Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) devem dominar o mercado hoje. O (presidente do Fed, Jerome) Powell adotou um tom mais dovish, dizendo esperar para ver o que está acontecendo no mundo. Isso acalmou os mercados, mas de qualquer modo acaba sendo ruim para os emergentes”.
Já no ambiente doméstico, a Ouro Preto acredita que o aumento da Selic com sinalização de uma alta da mesma magnitude na próxima reunião – trouxe um respiro momentâneo para o real, mas alerta: “No curto prazo, isso atrai dólar para o Brasil, mas à medida que o real fica caro, a situação deve mudar”.
Os sete aumentos de juros previstos nos Estados Unidos também tendem a tornar os emergentes menos atrativos, explica a Ouro Preto.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abriram mistas, mas fecharam em queda com o mercado digerindo cada vez mais a decisão do Copom em elevar a taxa de juros em 1%, que saltou de 10,75% para 11,75%.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 12,925% de 13,110% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,755%, de 13,005%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,285%, de 12,445% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,145% de 12,250%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, ensaiando uma semana de recuperação, à medida que os investidores já digeriram o resultado da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), uma decisão que já havia sido amplamente sinalizada antes do anúncio.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,23%, 34.480,76 pontos
Nasdaq 100: +1,33%, 13.614,8 pontos
S&P 500: +1,23%, 4.411,67 pontos